Internet pela tomada está liberada no país

Depois de adiar duas vezes a votação, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) finalmente aprovou nesta terça-feira (25) as regras para o uso da internet via rede elétrica no Brasil e também para transmissão de vídeo e voz, viabilizando os serviços de TV por assinatura. Conhecida mundialmente pelo nome de BPL (Broadband over Power Lines) ou PLC (Power Line Communications), o novo sistema também já recebeu o aval da Anatel.

Como mais de 90% da população brasileira tem acesso à eletricidade, a internet via tomada promete democratizar o uso da web,. Comunidades em áreas rurais e de baixa renda, por exemplo, poderão usufruir o sistema. Além disso, a novidade vai estimular a competição em um mercado dominado pelas empresas de telefonia fixa. Hoje, o serviço de banda larga é restrito a 11 milhões de assinantes.

Para se conectar, basta adquirir um modem compatível e plugar na tomada. A velocidade de conexão poderá chegar a 200Mps — o que é considerado um número relativamente alto. As datas para implementação e o preço do novo sistema ainda não foram definidos.

Antônio Rosa, superintendente comercial da Rede TV! e autor do livro Atração Global — A Convergência de Mídia e Tecnologia, acredita que a internet via rede elétrica tem tudo para vingar no Brasil. “Com certeza dará muito certo. A Cemig, de Minas Gerais está a frente das demais operadoras, pois testa o sistema a mais de cinco anos. A Eletropaulo, em São Paulo e a Light no Rio de Janeiro, também já solicitaram para Aneel liberação para comercialização do produto.”

Como funciona

O PLC é uma tecnologia utilizada há muito tempo e em diversos países como explica Rosa. “Tudo começou em 1991 em Manchester, na Inglaterra quando foi testada pela primeira vez.”

A implementação do projeto não deve ser complexa. Toda a transmissão de dados será feita pela estrutura já existente de distribuição de energia elétrica. As companhias telefônicas terão que disponibilizar a utilização de suas redes para os interessados em explorar o serviço de transmissão de dados ou poderão abrir empresas subsidiárias.

Além disso, 90% da receita auferida por ela com o aluguel da rede serão encaminhados para a modicidade da tarifa de energia elétrica, ou seja torná-la acessível, e os outros 10% ficarão para acionistas. O valor do aluguel será negociado entre as partes.

A demora da Aneel para aprovar as regras do PLC pode ser atribuída ao conflito de interesses entre as companhias de telefonia, TV por assinatura e provedores de internet. “As empresas do setor poderiam operar o chamado e desejado Triplo Play, que é o envio de: Dados, Telefonia e Televisão. Então a Aneel teve que consultar a Anatel, que e a agência reguladora do setor de comunicação e isto está gerando um enorme estresse, pois esta modalidade concorreria diretamente com as operadoras de telefonia, TV por assinatura e provedores de internet”, afirma Rosa.

Problemas

Há ainda outros empecilhos que colocam em dúvida a eficácia da internet via tomada. Teme-se que os fios de cobre com que a frequência interferira em alguns equipamentos eletro-eletrônicos, por fazer com que os dados gerem ruído no espectro eletromagnético.

Também existe a possibilidade de que o sinal de rádios e outros interfiram na conexão. Mas, a solução do problema pode ser simples, basta as concessionárias de energia instalarem uma grande quantidade de repetidores e roteadores junto aos transformadores, para amplificar o sinal de dados e evitar as oscilações nos pontos de segmentação da rede elétrica.

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