Novo uso da faixa de 700 MHz ainda está em análise

A segunda faixa de radiofrequência necessária para a quarta geração da telefonia móvel ainda não tem destinação certa, segundo a Anatel. Trata-se da faixa de 700 MHz, usada hoje pela radiodifusão, e considerada o complemento ideal do 2,5 GHz para a oferta de serviços de banda larga móvel com a tecnologia LTE, a evolução das redes 3G atuais.

O gerente de engenharia de espectro da Anatel, Marcos de Souza Oliveira, evitou criar expectativas sobre a destinação dessa freqüência para as móveis em sua participação, nesta quinta-feira, 25, do evento "LTE: Tecnologia e Mercado". E disse que essa faixa ainda é alvo de estudos pela agência.

"Não há uma conclusão a respeito", afirmou, referindo-se à nova destinação do 700 MHz. "Está sendo feita uma análise. Há estudos inclusive de viabilidade de uso do sistema white space", complementou.

O white space é uma ferramenta que permite uma varredura dos espaços não utilizados nas operações de radiodifusão, como as faixas de salvaguarda de interferências, e viabilizá-los para a exploração sem perturbar os serviços em funcionamento. Segundo Oliveira, esta faixa é um "espectro nobre" por ter uma propagação excelente e, por isso, deve ser analisado com cuidado.

Mas mesmo o uso de sistemas como o white space ainda é apenas uma hipótese. De qualquer forma, a Anatel inicialmente terá que esperar até 2016 para executar uma nova destinação para esta faixa. É esse o ano em que está prevista a devolução da freqüência pelas radiodifusoras, quando será completado o período de transição para a TV digital.

Como o modelo adotado no Brasil prevê a transmissão conjunta dos sinais digitais e analógicos durante a transição, a Anatel, em princípio, está de mãos atadas para recuperar a faixa antes do prazo estabelecido pelo governo.

Provocação

A cobiça das móveis pelo 700 MHz foi objeto, inclusive, de uma provocação do consultor e ex-presidente da Anatel, Renato Guerreiro. No debate com as empresas de telefonia móvel, realizado no mesmo evento, Guerreiro questionou: "Nós vamos tirar os radiodifusores da faixa de 700 MHz em 2011? É isso que vocês estão dizendo?".

A pergunta, em tom de ironia, arrancou risos da platéia e comentários evasivos dos debatedores que arremataram o diálogo com um "nada a declarar". A pergunta de Guerreiro veio depois da apresentação de Janilson Bezerra, gerente de Infraestrutura e Inovação Tecnológica da TIM, que insistiu na argumentação de que, sem mais espectro, a operação móvel em São Paulo pode entrar em colapso já em 2011.

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