Polêmica marca discussão sobre a proibição de propaganda infantil

Grandes divergências marcaram a reunião da última quinta-feira (18) da Comissão de Desenvolvimento Econômico, que discutiu a proibição da propaganda de produtos infantis – medida prevista no Projeto de Lei 5921/01. Foram 13 palestrantes e uma variedade de opiniões: aqueles que são contra qualquer tipo de controle da publicidade dirigida às crianças, os que acreditam em mais regulamentação e os que querem a proibição total dessas propagandas.

Um exemplo é a representante do Instituto Alana, Isabella Henriques. Ela afirma que proibir essas propagandas não é censura. "Essa discussão sobre censura, sobre liberdade de expressão, não cabe nessa discussão da publicidade", sustenta. "A publicidade é venal, existe única e exclusivamente para vender produtos e serviços, ela não se confunde com a expressão artística, com a liberdade do pensamento, com a atividade jornalística", argumenta Isabella

Proteção à família

Autor do projeto, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), argumenta que os valores da sociedade hoje estão "invertidos" e o projeto é uma tentativa de "proteger a família".

Já o deputado Guilherme Campos (DEM-SP), no entanto, é contra o projeto. Ele disse que o texto mais recente sobre o assunto – o substitutivo aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor – "conseguiu piorar o que já era ruim", ao aumentar as restrições previstas. Segundo Campos, o cidadão tem o "livre arbítrio" para mudar de canal e evitar que seu filho assista a propaganda.

O relator do projeto na Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado Osório Adriano (DEM-DF), que analisa a matéria no momento, elogiou o substitutivo aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor, mas disse que poderá propor ajustes ao texto.

Frustração

A psicóloga Roseli Goffman, representante do Conselho Federal de Psicologia na audiência, disse que a publicidade gera frustração nessas 21 milhões de crianças que não têm brinquedo. Para ela, essa frustração e os conflitos familiares dela resultantes são formas de violência contra a criança.

O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, é contra a proposta. Segundo ele, a indústria de brinquedos não abusa da inocência das crianças e obedece às leis brasileiras.

Costa disse que cabe à indústria de brinquedos "miniaturizar" o mundo adulto para a criança, o que vai ajudar a preparar o seu futuro. Ele ressaltou, no entanto, que há 50,4 milhões de crianças no Brasil e, desse total, 21 milhões não têm brinquedo.

O projeto que proíbe a propaganda de produtos infantis está na Comissão de Desenvolvimento Econômico. Se for aprovado lá, ainda será analisado de forma conclusiva pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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