Distribuidoras de energia entram no jogo da oferta de Banda Larga

Curiosamente é pelas mãos da agência reguladora do serviço de energia elétrica que se prevê uma sacudida no mercado brasileiro de telecomunicações. As empresas que participaram da audiência pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sobre a regulamentação da banda larga pela rede de energia (PLC), realizada nessa quarta-feira (13), deixaram um recado eloquente sobre o potencial do negócio: mais do que "alugar" a rede de energia, querem levar, elas mesmas, o provimento de acesso aos seus consumidores – ou, basicamente, virarem provedores de serviços de acesso à Internet.

Na audiência sobre o PLC, alcunha do serviço que é a sigla, em inglês, para comunicação por linha de energia (Power Line Communication), as concessionárias de energia deixaram, ainda, duas mensagens para a Aneel. Primeiro: Deve haver apenas um gestor de acesso – as próprias distribuidoras – para evitar interferências. Elas também gostariam de ver modificada, ainda que temporariamente, a obrigação de repassar o resultado do negócio à modicidade tarifária.

A sugestão da Abradee, a Associação das Distribuidoras de Energia, foi de que a receita inicial fique integralmente com a empresa, como estímulo e, gradativamente, passe a ser dividida com a tarifa. Mas a julgar pelo ânimo do coordenador do PLC da Copel, do Paraná, Orlando Cesar de Oliveira, o sucesso do negócio já poderá ser medido em 2010, quando a distribuidora pretende ampliar o projeto piloto com 300 usuários, que toca em Santo Antônio da Platina, para 10 mil consumidores. "A partir daí, montamos um plano de negócios para os 3,5 milhões de consumidores da Copel", diz Oliveira.

Ainda que fique longe da "universalização", o coordenador de PLC da Copel adianta que com a infra-estrutura instalada já poderia alcançar um terço dos consumidores. "Toda a rede da Copel já tem cabo ótico pára-raio", conta. Para quem não conhece, se trata do cabo mais alto nos linhões de energia, que serve de pára-raio. No caso da Copel, todos esses envolvem linhas de fibra ótica. Para o passo seguinte, a construção da rede secundária, a Copel precisa de US$ 1 bilhão.

No cenário ideal, o acesso da Copel alcança uma taxa de transferência de 20 Mb. A concessionária, no entanto, provoca as teles. E promete vender o acesso não por pacote de velocidade, mas cobrando apenas pelo que foi efetivamente atingido. Oliveira também promete não existir controle de tráfego (traffic shaping) e afirma que "o setor de telecom está num modelo equivocado". Parece que disposição não falta para as distribuidoras de energia entrarem para valer no mundo da banda larga e, por consequencia, em telecomunicações.

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