Para Emir Sader, ainda falta quebrar a ditadura privada da mídia

Dentre os avanços políticos e sociais ocorridos no Brasil desde a entrada de Luis Inácio Lula da Silva na Presidência da República, em 2003, há duas áreas nas quais a hegemonia neoliberal conservadora ainda não foi abalada: "a força do capital financeiro sobre a economia e a ditadura da mídia privada". A avaliação é do sociólogo Emir Sader, que lançou recentemente o livro "A Nova Toupeira: os Caminhos da Esquerda Latino-Americana" (Editora Boitempo), em entrevista publicada pela Agência Brasil nesta segunda-feira (16) [veja aqui ].

Para o sociólogo, a influência dos empresários da mídia "bloqueia o desenvolvimento" do Brasil. Os donos dos meios de comunicação comerciais, acrescenta, apropriam-se dos canais de formação da opinião pública nacional, afirmando-se os guardiães da liberdade de opinião, quando na verdade apenas difundem a ideologia de grupos familiares conservadores e nada democráticos internamente. "Cada vez que vêm as eleições eles perdem, mas no cotidiano são eles que estão dando a pauta do que que é importante no Brasil, dos temas essenciais, do que deve ser discutido, das óticas. Falseiam uma formação democrática da opinião pública brasileira", analisa.

Apesar da força destes grupos, Sader considera que o governo tem capital político para realizar ações para democratizar os meios de comunicação no país. "O apoio que o governo tem (mesmo com oposição frontal e esmagadora da mídia) demonstra que há condições políticas para se avançar nessa direção. Existem condições para preparar uma transição que rompa com essas características, esses dois elementos que são graves na construção de uma democracia social e política", afirma.

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