Internet na TV esbarra em resistência

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[Tradução: Link Estadão]

Você passaria por maus bocados se quisesse encontrar hoje uma tela que não acessasse a internet. O conteúdo online não está apenas no computador e no telefone – também aparece em elevadores, nos táxis e nos assentos de avião. Apesar de malsucedidas, algumas empresas até já tentaram colocar a web na porta do refrigerador. Então por que a rede continua a passar ao largo da tela mais presente em nossas vidas – a da TV?

Um debate crescente, e talvez surpreendente, tem surgido em torno dessa questão. Deveriam as TVs acessar a web? E não só pequenas amostras dela, como alguns dispositivos já permitem, mas todo o seu conteúdo cacofônico, sem regulamentação e bagunçado?

Nesse momento, grandes e pequenos fabricantes de processadores encabeçam o desenvolvimento de uma nova geração de televisões com ampla capacidade de navegação, exatamente como nos computadores. No segundo semestre de 2008, a Intel apresentou sua própria TV-com-chip, e muitos outras empresas de semicondutores estão fazendo o mesmo.

Navegação limitada

Talvez o mais surpreendente não seja quanto tempo está demorando para a internet chegar de fato à TV, mas sim como a caminhada tem sido deliberadamente lenta. Fabricantes de televisão parecem não querer que isso aconteça. “O entendimento da Sony é que os consumidores não querem uma experiência similar à que têm com a internet em seus aparelhos de TV, e nós realmente não temos nos focado em nada além de levar vídeos ou incluir widgets (aplicativos) aos nossos produtos nesse momento”, disse o porta-voz Greg Belloni.

O mesmo pensa a Sharp Electronics. “Não acredito que os consumidores já estejam prontos para ter internet na TV”, disse Bob Scaglione, vice-presidente sênior de marketing da marca. “É mais importante entregar o conteúdo que os consumidores querem à sua TV e deixar que naveguem em um PC.”

Alguns analistas da indústria ponderam que o argumento desses fabricantes é válido, já que muitos consumidores associam suas TVs a uma via única de comunicação que eles preferem ingerir quando estão recostados em seus sofás. Já navegar na internet seria uma experiência mais imersiva, que exigiria uma postura mais ativa.

Dizem ainda que os fabricantes de TVs têm outras razões para defender a tese de que consumidores não querem acessar a internet de seus sofás. As margens de lucro nessa indústria são muito estreitas: acrescentar o custo da tecnologia necessária para surfar na web– que custaria em torno de US$ 100 – é um impeditivo potencial.

Também há o risco real de que, ao abrir a TV para a internet, esteja-se potencialmente abrindo-a para os vírus e gargalos da web. Consumidores se acostumaram “à tela azul da morte” nos PCs, mas imagine o que sentiriam se a pane acontecesse no meio de um filme ou da final do campeonato de futebol?

“As pessoas têm baixa tolerância para vírus e travamentos nas TVs”, afirmou Eric Kim, vice-presidente sênior da divisão de casa digital da Intel. “Se a TV de qualquer um alguma vez falhar, ele a colocará de volta na caixa e devolverá à loja.”

O chip da Intel, batizado como Intel Media Processor CE 3100, permite a navegação completa. Mas, por enquanto, foi adotado por um pequeno grupo de fabricantes de TV e de maneira limitada.

A Samsung planeja vender no segundo semestre televisões com acesso a notícias, previsão do tempo e informações financeiras disponibilizadas pelo Yahoo. Os aparelhos da linha Aquos, da Sharp, já trazem widgets com dados de trânsito, tempo e finanças, além de tiras de quadrinhos e programas de entretenimento e esportes da NBC. A Sony tem oferta semelhante em suas televisões.

Para alguns fabricantes de TV, a própria Intel é parte do problema, disse Richard Doherty, analista da consultoria Envisioneering. Eles estariam alertas ao eventual domínio da produção de chips pela Intel. “Mesmo empresas que estão trabalhando com a Intel me contaram que, caso possam impedir, não querem um único fornecedor de soluções para navegação”, contou Doherty. A entrada da Intel no mercado teria acelerado o desenvolvimento de chips competidores como os da Broadcom, Texas Instruments, ST Micro, Free-scale e NXP.

Doherty afirmou que os fabricantes de televisão correm o risco de perder o controle da cadeia produtiva caso não encontrem logo uma resposta. O acesso à internet poderia passar pelos servidores das empresas de TV a cabo, permitindo que elas vasculhassem os dados à caça de vírus, colocassem filtros de conteúdo e prevenissem alguns dos aspectos menos desejados de uma navegação ampla.

Um novo player?

Outra possibilidade é a emergência de um competidor completamente novo – alguém como Gordon Campbell, de 64 anos, que foi o primeiro chefe da divisão de marketing corporativo da Intel. Posteriormente ele desenvolveu semicondutores e passou a fazer pesquisa pioneira sobre chips para iPod e consoles de videogame.

Sua empresa atual, Personal Web Systems, está pronta para lançar um adaptador de US$ 150 para ser plugado na TV, dotando-a de capacidade de conexão à rede. “Essa geração não quer ter mãos atadas. Quer a mesma experiência do PC (na TV), e os widgets não oferecem isso. “O teste final será quando a tecnologia chegar ao mercado e os consumidores puderem decidir. Quando isso acontecer, eu não gostaria de estar do lado dos widgets”, afirmou.

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