O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lançou na tarde de quarta-feira (22), em Belém (PA), o projeto Territórios Digitais, que vai levar computadores e conexão à internet a comunidades e assentamentos rurais. A iniciativa foi lançada pelo ministro Guilherme Cassel e pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. No Estado, estão as duas primeiras comunidades a serem contempladas pelo projeto: o assentamento 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás, e a Comunidade das Pedras, em São Sebastião da Boa Vista. Representantes das duas comunidades participaram à distância, via chat, do lançamento do projeto.
Na prática, os Territórios Digitais são um subprojeto dos Territórios da Cidadania, iniciativa do governo federal que integra e executa políticas públicas específicas direcionadas ao meio rural, em uma estratégia de desenvolvimento sustentável regional e garantia de direitos sociais. Cada Território da Cidadania engloba mais de um município (todas as cidades envolvidas têm menos de 50 mil habitantes, cada) e é caracterizado por uma identidade rural comum. São atualmente 120 Territórios da Cidadania em todo o Brasil.
Os Territórios Digitais levarão telecentros — chamados de Casas Digitais no âmbito do projeto — a comunidades e assentamentos inseridos nos Territórios da Cidadania. Cada Casa Digital é um espaço público e gratuito dotado de dez computadores, acesso à internet, mobiliário, impressora, webcam e servidor. Em alguns casos, haverá também tecnologia de transmissão de voz pela internet (VoIP). A conexão das Casas Digitais será feita, na maioria das vezes, por satélite, em função da pouca oferta de serviços de conectividadade no meio rural. O programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimeto ao Cidadão (Gesac), do Ministério das Comunicações (Minicom), cederá o link de satélite. As Casas Digitais estão sendo instaladas em assentamentos, escolas agrícolas, comunidades tradicionais, sindicatos e Casas Familiares Rurais.
"O que estamos fazendo é levar condições de vida melhores para quem vive no campo", disse o ministro, durante o lançamento. Segundo ele, o acesso à informação permitirá que as pessoas possam construir redes de troca de conhecimento, que melhorem a produção de alimentos e qualidade de vida. "No nosso país, viver no campo sempre significou viver longe da tecnologia. Vamos aproximar o campo da cidade e garantir, para quem vive no campo, condições mais democráticas de vida e de acesso à informação", garantiu o ministro durante o lançamento do projeto.
Navegapará
A escolha do Pará para receber as duas primeiras Casas Digitais deu-se por causa de um "ambiente favorável", como definiu o ministro: a existência do Navegapará, iniciativa de estado digital paraense que está montando uma infovia em todo o Pará (utilizando a rede elétrica) e instalando telecentros, entre outras atividades [Veja matéria do Guia sobre o projeto aqui. Segundo a governadora Ana Julia, a estrutura do Navegapará vem dando a possibilidade de acesso a informações para comunidades mais distantes dos centros urbanos e da capital.
Serão oferecidas capacitações presenciais e à distância para "ambientar" os participantes com as ferramentas e as possibilidades da internet. A implantação será feita em quatro módulos: gestão do laboratório (hardware, espaço e manutenção); inclusão digital (apropriação da cultura digital: navegação, e-mail); informática educativa (trazendo a escola, os professores e estudantes da comunidade para a Casa Digital); e educação à distância.
As próximas Casas Digitais a serem inauguradas também serão do Pará: no Território Baixo Amazonas, município de Juruti, e no Território Transamazônica, município de Anapu. A previsão é de que, até o final deste ano, outras 15 unidades dos Territórios da Cidadania recebam as Casas Digitais. A meta é instalar pelo menos uma Casa Digital em cada um dos 120 Territórios da Cidadania até 2010.