Emissoras insistem na escolha do Iboc como padrão digital

A escolha do padrão digital a ser adotado pelas rádios brasileiras pode estar próxima. As emissoras de rádio do país pretendem concluir até o dia 15 de outubro o relatório final sobre a bateria de testes feitos com os sistemas digitais disponíveis no mercado. E, como já era previsto, a conclusão das empresas é que o padrão Iboc é o mais adequado para o mercado brasileiro.

"Vamos defender a adoção do único sistema capaz de atender AM e FM. Não tem outro", informou o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), Daniel Slaviero. A preferência pelo Iboc era flagrante desde o início dos testes. A maioria das empresas ganhou autorização da Anatel para testar este sistema, sendo que a alternativa européia, o DRM, foi testada na maior parte das vezes por universidades.

Slaviero negou que o Iboc tenha apresentado interferência na convivência com as transmissões analógicas. O alto índice de interferência encontrado em testes analisados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) teria levado a agência reguladora, no passado, a contestar os resultados apresentados por parte das rádios. Segundo Slaviero, o problema ocorreu em um caso específico, o da Rádio Cultura em São Paulo, mas não teria nenhuma relação com o uso do Iboc.

O presidente da Abert explicou que, por uma decisão da Justiça, uma outra rádio opera hoje muito próxima da faixa de freqüência designada para a Rádio Cultura. Essa seria a origem da interferência e não o sistema digital usado pela emissora. A Abert teria insistido em colocar a Cultura entre as emissoras de teste, mesmo com as interferências, por ela operar em AM e estar no centro de São Paulo, o que faz dela um bom termômetro de como o sistema se comporta em regiões de grande concentração.

Após a entrega do documento, ficará a cargo do governo decidir se adota ou não o Iboc. A escolha do padrão digital para rádios tem se arrastado nos últimos anos, o que coloca em risco o setor, na opinião de Daniel Slaviero. Para o presidente da Abert, a digitalização é uma "questão de sobrevivência" para as rádios AM e não pode ser mais protelada.

A associação também aguarda a decisão governamental para poder tratar de outro percalço na adoção do modelo: de onde sairá o dinheiro para a troca dos equipamentos. A estimativa é que a migração custará a cada emissora de rádio de US$ 80 mil a US$ 120 mil, valor muito alto para as pequenas emissoras. A esperança das rádios é que, após a escolha do padrão, o governo negocie a criação de linhas de financiamento e planos de desoneração tributária, aos moldes do que foi feito na digitalização das televisões.

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