Pesquisa mostra que mais de 70% dos brasileiros são a favor do diploma de jornalismo

Uma pesquisa de opinião nacional realizada pela FENAJ/Sensus divulgou um dado alentador para a maioria dos jornalistas que defendem o diploma e a regulamentação da profissão: dos dois mil entrevistados, 74,3% se disseram a favor do certificado.

Divulgada na última segunda-feira (22), a pesquisa foi realizada entre 15 e 19 de setembro, em 24 estados das cinco regiões brasileiras, com sorteio aleatório de 136 municípios pelo método da Probabilidade Proporcional ao Tamanho – PPT. A margem de erro é de cerca de 3%.

Apenas 13,9% dos entrevistados se mostraram contra o título profissional e 11,7% não souberam ou não responderam. Para Sergio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), "esses números da pesquisa mostram que a população brasileira tem a real dimensão da importância do jornalismo para o país e que quer receber informações de qualidade, apuradas por jornalistas formados".

Ele espera que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que votarão a exigência do diploma, reconheçam os desejos da população e entendam que "o  jornalismo precisa ser feito por profissionais com formação teórica, técnica e ética e que o jornalismo independente e plural é condição indispensável para a verdadeira democracia".

"Notícia precisa de jornalista", diz professor

José Coelho Sobrinho, professor de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), afirmou ao Portal Imprensa que é um defensor do diploma. "É evidente que hoje, com a possibilidade das pessoas se comunicarem a um custo baixo, transformando qualquer informação em formato de notícia, é importante que haja um valor agregado, que é o do jornalismo. Quanto mais as pessoas têm facilidade de conseguir a informação, mais a notícia precisa de um jornalista".

Além disso, Coelho disse que "o jornalista tem o sagrado dever de ajudar" quem não tem acesso aos meios de comunicação democratizados, como a Internet. "É um compromisso ético com a sociedade. Defendo que o jornalista esteja nas escolas, sempre defendo nossa áera. Acredito em uma leitura correta do jornalismo", declarou o professor.

"Diploma é mercado garantido para universidades", afirma Marcelo Soares

Marcelo Soares, jornalista que já trabalhou como redator do caderno Brasil do jornal Folha de S.Paulo e atualmente faz freelancers para as revistas CartaCapital e Expressão, além de atuar em projetos paralelos – como a produção de livros e tradução de histórias em quadrinhos, declarou ao Portal IMPRENSA que a única coisa que assegura a obrigatoriedade do diploma é que haja mercado para as faculdades.

"Por princípio, melhores jornalistas são os que conhecem melhor o jornalismo, e a faculdade seria um lugar privilegiado para supostamente obter conhecimento", afirmou Soares. Entretanto, ele diz não saber se as faculdades brasileiras oferecem "o grau de profundidade e o conhecimento necessário em um momento em que o jornalismo está passando por tantas mudanças, no Brasil e no mundo".

Para ele, as faculdades em geral não estão preparadas para isso, mas o diploma continua sendo um mercado crescente e garantido. "Não existe receita para formar o jornalista, e é bom que não exista. As faculdades são necessárias para a profissão, mas precisam se fazer necessárias pelo que acrescentam aos seus alunos", declarou Soares.

Credibilidade estremecida

A Pesquisa FENAJ/Sensus também questionou o que a população acha da criação do Conselho Federal dos Jornalistas. 74,8 % acham que o Conselho deveria ser criado, 8,3% que não deveria ser criado, para 6,5% depende e 10,4% não sabem ou não responderam.

A última pergunta relacionada ao tema foi sobre a credibilidade das notícias. 42,7% dos entrevistados disseram que acreditam nas notícias que lêem, ouvem ou assistem, 12,2% que não acreditam, 41,6% que acreditam parcialmente e 3,5% não sabem ou não responderam.

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