Governo avalia adiar fim de transmissão analógica, diz ministro das Comunicações

Tão simbólico quanto a estréia da TV digital, acompanhada por quase ninguém, deverá ser o fim das transmissões analógicas, marcado para 2016. Em tese, até lá todos os brasileiros estarão munidos de receptores ou TVs com conversores embutidos e todas emissoras estarão transmitindo programação digital.

O governo admite ter um plano B para adiar o chamado "switch off" da TV analógica caso as adesões continuem baixas e as transmissões, limitadas.

"O plano existe. Se amanhã chegarmos à conclusão de que a grande maioria da população brasileira ainda não recebe a TV digital, claro que a gente pode [adiar o desligamento do sinal analógico]. O presidente da República tem autoridade para fazer isso, ele pode estender o projeto", afirma o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Se o Brasil seguir o exemplo de outros países, a chance de um prazo maior é grande. Segundo Juliano Castilho, diretor da área de TV digital do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), "esse cronograma não foi cumprido em lugar nenhum do mundo".

"Olhando exemplos de outros países, acho que há chance de não ser cumprido o cronograma. Mas isso não é o que importa", diz.

De acordo com Castilho, o cronograma funciona como um "direcionador". "Se as pessoas não compraram uma grande quantidade de receptores, você não vai tirar o sinal. Não interessa a ninguém."

"Se sairmos de uma tendência atual, a partir desse preço de lançamento, conseguiríamos em dez anos atingir cerca de 80% da população, em número de residências. Daí vem a questão política: 80% é um bom número para fazer o desligamento?", questiona o especialista.

Sem sinal

Além da compra de conversores, outra dor de cabeça para o governo deve ser a potência da transmissão das emissoras, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos.

Marcada para 17 de fevereiro de 2009, a interrupção na transmissão de televisão analógica nos Estados Unidos deve deixar cerca de 23 mil pessoas sem receber sinal de alguns canais. É o que mostra estudo realizado pelo Government Accountability Office, o braço investigativo do Congresso norte-americano. Isso porque alguns radiodifusores afirmam que seu sinal digital terá uma cobertura geográfica menor do que a analógica.

"Aqui, a Globo entrou com potência de 15 kilowatts nas suas transmissões. Mas tem emissora aí que entrou com 1 kilowatt. Só para dizer "olha, eu sou digital", mas não tem a potência suficiente", diz o ministro Hélio Costa.

Para contornar essa situação, Castilho defende que o consumidor receba no momento da compra um mapa oficial com os problemas da TV digital, feito por radiodifusores, fabricantes e governo.

"Isso já acontece no próprio Japão. Mesmo porque só vou comprar um negócio se souber que vou levar para casa e vai funcionar", afirma.

A companhia Philips mantém em seu site (www. simplificandotvdigital. com.br) um mapa -restrito e contestado por técnicos- sobre a recepção da TV digital na capital paulista.

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