Conselho Curador ouve diretora sobre pretensa interferência em telejornal

Brasília – O Conselho Curador da TV Pública concluiu nesta terça-feira a tomada de depoimentos para apurar a denúncia feita pelo ex-funcionário da TV Brasil Luiz Lobo de que estaria havendo interferência do Palácio do Planalto na programação jornalística da emissora. Três conselheiros da comissão corregedora ouviram a diretora de jornalismo da TV Pública, Helena Chagas. Segundo o relator do caso, José Paulo Cavancanti Junior, o relatório sobre o caso deverá ser apresentado em um mês.

O ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), que participou da reunião do conselho, afirmou que os conselheiros terão tranqüilidade para decidir, mas que ele pessoalmente não viu nenhum tipo de interferência do Planalto no que foi veiculado.

– Eu assisti os noticiários. Acho absolutamente isentos, equilibrados. Quero ver alguém achar ali algo chapa branca – afirmou Franklin.

O depoimento foi colhido pelos três conselheiros destacados pelo presidente do Conselho Curador da TV Pública, Luiz Gonzaga Beluzzo. Além do relator, também participaram Ima Vieira e o ex-governador Cláudio Lembo. Lobo era âncora da TV e foi demitido no início de abril. Ele disse que saiu por resistir às interferência do Planalto.

Além disso, Lobo deu como exemplo a proibição do uso da palavra "dossiê" para se referir ao vazamento de dados sigilosos de gastos do governo Fernando Henrique Cardoso. A TV Brasil negou que tenha havido qualquer motivo político-ideológico na demissão de Lobo.

Belluzzo disse que os três conselheiros terão o tempo necessário para analisar o caso. Ele não aceitou tratar do mérito, mas disse que, se constatado qualquer tipo de ingerência do governo no noticiário, o resultado prático será o conselho dizer que houve procedimento inadequado e pedir que a empresa corrija o problema. O relator disse que tentará apresentar um texto consensual.

– Em favor da TV temos a própria formação do conselho que não permite a ninguém supor que foi constituído para apoiar a TV Brasil. Somos independentes e temos apenas que prestar contas à nossa consciência – disse José Paulo.

O relator contou que os conselheiros já analisaram degravações escritas dos telejornais das quatro principais redes de TV privada do país, exibidos nos 10 dias que antecederam a crise envolvendo a programação da TV Pública.

Eles já receberam um longo relato de Luiz Lobo, de 11 páginas, além de ouvi-lo pessoalmente. Antes do depoimento, Helena Chagas já havia enviado um relatório de cerca de oito páginas, e entregou documentos internos e memorandos da TV.

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