Conselho de Comunicação Social: não existe “buraco negro”, está tudo muito claro

Depois da última edição televisiva do Observatório da Imprensa (25/3) [ver "A quem interessa o Conselho de Comunicação Social"], o imortal Arnaldo Niskier tornou-se candidato a concorrer ao título de cara-de-pau do ano. 

Niskier foi indicado pelo senador José Sarney para presidir o Conselho de Comunicação Social no mandato 2005-2006. O senador José Sarney é proprietário de um grupo de comunicação no Maranhão e obedece, estrita e devotadamente, aos interesses do empresariado da mídia eletrônica.

A incrível desculpa apresentada por Niskier para o esvaziamento do CCS (que não se reúne há mais de 16 meses e até agora não foi reconstituído) é que se tratou de manobra dos grandes grupos de mídia eletrônica para evitar uma discussão pública sobre a questão da convergência tecnológica. "É um buraco negro" explicou o acadêmico didaticamente.

Niskier era o representante dos grandes grupos de mídia eletrônica e aceitou a incumbência de presidir o Conselho para esvaziá-lo no mandato seguinte – essa é a verdade. Não existe buraco negro, está tudo muito claro.

Acerto prévio

O ex-presidente do CCS, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho, participou ao vivo do programa e não deixou nenhuma dúvida quando afirmou que "faltou um pouco de fibra ao Conselho". Quando se encerra o mandato dos conselheiros, ele é prorrogado automaticamente até a posse os próximos. O mandato de 2002 terminou em junho de 2004, e a posse dos novos titulares só ocorreu em fevereiro do ano seguinte. "Do ponto de vista técnico, o conselho não está funcionando porque não quer. Porque, tecnicamente, enquanto não houver a indicação dos novos membros, continua sem nenhum problema, como é a regra no Brasil para os conselhos", completou Cavalcanti.

Arnaldo Niskier dissolveu o CCS antes de empossar os novos conselheiros seguindo um script previamente acertado. O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros, não indicou os substitutos porque obedecia inicialmente ao mesmo script e depois, quando estourou o escândalo que o obrigou a renunciar, sentiu-se de desobrigado de fazer as indicações.

Inatividade encomendada

O atual presidente da Câmara Alta, senador Garibaldi Alves, prometeu um depoimento gravado para ser apresentado no programa – mas fugiu da raia e nem deu satisfações.

Com os inevitáveis desdobramentos da crise dos cartões corporativos e, em seguida, o início da campanha eleitoral, o Conselho de Comunicação Social corre o risco de ficar mais um ano no estaleiro. O tal buraco negro que Niskier mencionou no seu depoimento foi feito sob medida e ele o executou com maestria.

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