RSF convoca boicote à cerimônia inaugural das Olimpíadas na China

A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou um comunicado nesta terça-feira (18) convocando os chefes de Estado, chefes de governo e membros de famílias reais para boicotar a cerimônia inaugural das Olimpíadas de Pequim 2008, no próximo dia 8 de agosto. A justificativa são "as crescentes violações dos direitos humanos na China, e a gritante falta de liberdade no país".

"A China não tem respeitado nenhuma das promessas que fez em 2001 quando foi eleita para organizar as próximas Olimpíadas. Pelo contrário, o governo reprime brutalmente as manifestações tibetanas e impõe um black-out informativo", declarou a RSF.

Para a organização, "os responsáveis políticos do mundo inteiro não podem continuar calados ante uma situação como essa". E, com o comunicado, os chama para manifestarem desaprovação sobre a política chinesa, anunciando a intenção de não assistir à cerimônia inaugural dos Jogos Olímpicos. Como exeplo, a RSF diz que "na Grã Bretanha, o príncipe Charles já disse que não irá a Pequim no próximo dia 8 de agosto".

Na nota, a Repórteres Sem Fronteiras afirmou que "pedir o boicote total dos Jogos Olímpicos não é uma boa solução. O objetivo não é privar os atletas da maior competição desportiva mundial, nem ao público de um espetáculo como esse. Entretanto, seria escandaloso não manifestar firmemente o desacordo com a política governamental chinesa, e não dar apoio às milhares de vítimas desse regime autoritário".

Sobre as políticas adotadas pelo governo chinês, a RSF disse que "a única melhora constatada no terreno da liberdade informativa foi a flexibilização, em janeiro de 2007, das regras de trabalho impostas aos jornalistas estrangeiros. O black-out do Tibet, e a expulsão de alguns enviados especiais estrangeiros presentes no local, representam uma mudança de atitude na única medida positiva adotada até agora".

"Chamamos também a todos que pensam que os Jogos Olímpicos respeitam os direitos humanos, para que exijam que o Comitê Olímpico Internacional (COI) também se mobilize. É certo que a garantia do espírito olímpico não é um instrumento político, mas o COI não pode seguir dando mostras de passividade ante as violações contra os direitos fundamentais de um povo. Continuar por essa via acabará por representar uma certa cumplicidade com o governo chinês", concluiu a organização de defesa da liberdade de expressão.

A RSF recorda que uma centena de jornalistas, internautas e cyberdissidentes estão encarcerados na China, por expressarem-se pacificamente. Desde o dia 12 de março de 2008, os jornalistas não podem entrar no Tibet e foram expulsos das províncias vizinhas. A repressão das manifestações tibetanas estão ocorrendo a portas fechadas.

No comunicado, a organização diz que os jornalistas chineses seguem trabalhando sob o Departamento de Publicidade (antigo Departamento de Propaganda), que impõe a censura sobre muitos temas. "O Estado mantêm um controle geral da informação e dispõe de leis autoritárias para castigar os contraventores. As acusações de "subversão", "difusão de segredos de Estado" o "espionagem", são contra os jornalistas e cyberdissidentes. Nas redações impera a censura. Os meios independentes na China, com sede em outros países, estão bloqueadas, ou sofrendo interferências, impedindo que haja um pluralismo informativo".

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