Cinema do interior sofre com pirataria e “má vontade” de distribuidoras, diz gerente

Brasília – A extensão do benefício fiscal da Lei Rouanet às doações e patrocínios destinados à construção, manutenção de salas de cinema e teatro em municípios com menos de 100 mil habitantes não deverá ter uma influência “significativa” no aumento do número de salas de cinema e teatro no interior do Brasil.

A opinião é do gerente de cinema do Valparaíso Shopping, Edson Silva. A cidade goiana de Valparaíso fica a cerca de 50 quilômetros do Distrito Federal e é a única opção para os moradores de outras cidades pequenas do entorno do DF quando querem ir ao cinema.

Mas, para Edson Silva, as cidades do interior que têm salas de cinema, ainda que poucas, sofrem com o problema da pirataria e com a má vontade das distribuidoras de filmes em repassar as cópias para os cinemas menores.

"O grande problema enfrentado pelos exibidores é a pirataria. Muitas vezes, são vendidos DVDs piratas de filmes que nem chegaram ao Brasil para exibição. Então, não adianta incentivo para novas salas, primeiro tem que se combater a pirataria”, defendeu.

O gerente de cinema informou também que os exibidores de filmes enfrentam problemas com as distribuidoras, que chegam a exigir uma garantia mínima de R$ 8 mil para repassar uma cópia do filme para ser exibido.

Segundo ele, as distribuidoras ficam com 50% da bilheteria. Como o que se arrecada em salas de cinema no interior não chega a ser um valor expressivo, disse o gerente, as distribuidoras não têm interesse em ceder filmes novos para exibição. “Quando a cópia chega para exibição, a maioria da população já comprou o DVD pirata ou assistiu o filme em outra cidade maior”, observou.

No Valparaíso Shopping existem duas salas de cinema, com capacidade para 220 pessoas em cada uma delas. Edson Silva informou que a média mensal de presença é de menos de 100 pessoas por dia nas duas salas, em quatro sessões diárias. “Às vezes, fazemos sessões com duas pessoas”, disse.

"A pirataria e as exigências, e a discriminação dos distribuidores com os exibidores acabaram com o cinema no interior. Muitas salas tradicionais estão fechadas ou se transformaram em igrejas, lojas de móveis e outros pontos comerciais”, relatou Edson Silva, que trabalha há 20 anos em salas de cinema no interior do Brasil.

A estudante Gabriela Correia, de 16 anos, moradora da cidade, conta que o cinema é um dos seus programas preferidos, mas ela sente falta de não ter muitas opções. “Um dos programas preferidos pela juventude nos finais de semana é ir ao cinema. Falta cinema, teatro e museus na nossa cidade”, reclamou.

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