Um estudo realizado pela empresa americana de pesquisas comScore para o jornal The New York Times mostra que as grandes empresas de internet nunca souberam tanto sobre os hábitos de navegação de dezenas de milhões de internautas, graças à montanha de dados que recolhem sobre eles por meio das buscas que realizam na web. Pela primeira vez, observa o diário, o documento apresenta uma estimativa do volume de dados digitais transmitidos para as empresas.
A primeira conclusão do estudo é que, com base nesses dados, as empresas agora são capazes de prever o tipo de conteúdo que possivelmente os internautas querem ver ou o formato de anúncio que pode gerar alta taxa de resposta e levá-los a comprar um produto ou serviço. Com isso, as companhias pontocom podem cobrar preços mais altos para os anúncios devido ao grande volume de retorno.
As empresas dizem que os internautas não têm se queixado da obtenção de dados online. Mas os especialistas dizem que isso é porque a captura da informação é invisível para eles. Eles dizem que, com certeza elas não adotariam um programa como o Beacon do Facebook, que suscitou muitas controvérsias no ano passado, o qual envia um aviso de alerta quando algum amigo online envia um broadcast com propaganda.
A comScore entrevistou as quinze maiores companhias pontocom para estimar o número de vezes que os dados de um internauta foi transmitido para os servidores da empresa, sem o conhecimento do mesmo. Esse procedimento, denominado 'transmissão de dados de eventos', permite que seja enviado para o endereço de e-mail de um visitante o lançamento de um livro, tendo como base os dados recolhidos sobre as suas preferências de leitura.
Durante um mês, Yahoo!, Google, Microsoft/MSN, AOL e MySpace, capturaram ao menos 336 bilhões de transmissões de dados, segundo a empresa de pesquisa. Somente o Yahoo! tem armazenado 110 bilhões de transmissões, o que dá uma média de 811 transmissões para cada usuário que visitou um de seus sites.
Essas empresas afirmam ter enorme preocupação com a privacidade dos internautas, e que mantêm políticas destinadas a proteger os nomes e outras informações pessoais dos anunciantes. Além disso, dizem que o banco de dados é um 'conforto' para os consumidores, porque faz com que vejam apenas os anúncios mais relevantes para eles.
'Apesar de todos os dados à sua disposição, as gigantes da internet ainda buscam maneiras de obter mais informações, por meio da compra de empresas especializadas na gestão e controle de banners publicitários', acrescentou The New York Times. O Google, por exemplo, adquiriu a DoubleClick – nesta terça-feira (11/3) o site de buscas obteve aprovação da União Européia para o negócio –, que usa cookies para acompanhar os hábitos de navegação dos internautas.
O diário americano prevê que um das conseqüências que isso terá sobre o mercado publicitário será a redução do tamanho da audiência. Isso porque, segundo ele, os anunciantes estão cada vez mais abandonando os sites de jornais e revistas para aqueles que são capazes de informar quem são os seus usuários e quais são seus hábitos de navegação na web.
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