Jornalista é libertado com suspensão de parte da Lei de Imprensa

O jornalista José Diniz Júnior, editor do tablóide Matéria-Prima, de Taubaté, interior de São Paulo, está livre desde a última sexta (22/02), quando a Vara das Execuções Criminais de Taubaté determinou sua saída, da pena que cumpria em regime semi-aberto, devido à suspensão de artigos da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Diniz, como é conhecido na cidade interiorana de Monteiro Lobato, recebeu uma pena de um ano e um mês de prisão – em regime semi-aberto e aberto – por ofender um advogado ao dizer que atendia as duas partes de um mesmo processo. Desde que saiu de seus 80 dias de cadeia, o jornalista vem recebendo inúmeras ligações: “Estou nos meus 15 minutos de fama”, comemora Diniz.

Vida na prisão

Em vez de se abalar com o regime semi-aberto, com a obrigatoriedade de dormir na cadeia com outros 1.630 reeducandos, o jornalista de 62 anos usou a força a favor: decidiu escrever sobre a prisão. A tiragem do jornal aumentou. “Estava preso de corpo, mas não de cabeça”, afirma. O jornal não deixou de circular uma semana sequer e Diniz já tem planos de escrever um livro: “Diário da Tranca”.

Fim da Lei de Imprensa: liberdade demais?

O editor do Matéria-Prima já fora preso duas vezes antes pelo mesmo crime de danos morais, fundamentado na Lei de Imprensa. Diniz não acredita que o fim da lei deixará impunes os atos de crimes contra a honra, por parte dos jornalistas. “Nós teremos agora os Código Civil e Criminal, como qualquer pessoa. Por que jornalista tem que ser diferente?”, questiona.

O jornalista afirma que manterá a postura editorial de “cobrança” e “indignação” contra as injustiças, mas que agora terá mais cuidado ao fazer as acusações. “Os advogados já me disseram para eu denunciar sem ofender. É o que vou fazer.”

Carreira

Diniz conseguiu o MTB, registro de jornalistas, pela assiduidade com a qual colaborava para os jornais. Há dez anos, edita o Matéria-Prima. A publicação está toda sexta-feira nas bancas. Diniz não vê a necessidade de se fazer uma faculdade de jornalismo. “Jornalismo é vocação”, justificou.

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