RFS negocia fábrica para antenas de pequeno porte para TV Digital

A RFS, fabricante de equipamentos de comunicação sem fio, quer produzir ainda neste semestre, na fábrica instalada no Embu, região metropolitana de São Paulo, antenas de pequeno porte para TV digital. Hoje, a única unidade da companhia que produz o equipamento fica na Austrália.

O novo presidente da RFS para a América Latina, Roberto Pinto da Silva, acredita que há uma grande demanda para o produto – principamente junto às emissoras afiliadas das grandes redes, que também terão que investir na digitalização dos seus sinais. Negociação com a matriz acontece em março.

Se existe algum senão ao negócio, observa o executivo, é a crescente desvalorização do dólar frente ao Real. "É questão de política industrial. Abrir uma unidade fabril é uma decisão, hoje, globalizada. E exportar está ficando inviável para quem produz no Brasil. Não há como competir, tanto que já há companhias, inclusive concorrentes nossas, indo para a Argentina", advertiu.

Roberto Pinto da Silva assumiu nesta segunda-feira, 18/02, a presidência da RFS, fabricantes de soluções para comunicação sem fio. Ele substitui Luis Antonio de Oliveira, que deixou a empresa e assumiu uma companhia ligada à área de automação. Silva, no entanto, conhece bem a demanda do mercado latino-americano, já que desde 2005, ocupava a vice-presidência de vendas da RFS na AL.

Expectativa acima da média

"Estou bastante animado com o ano de 2008. Começamos muito bem, em função da demanda determinada pelos investimentos das teles na Terceira Geração. Também fechamos excelentes contratos de antenas de grande porte para as emissoras iniciarem a digitalização e a oferta da TV digital no país. Acreditamos que para o segundo semestre, o setor estará ainda mais aquecido porque cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já terão o serviço", declarou Pinto da Silva, em entrevista ao Convergência Digital.

O executivo, no entanto, foi cauteloso ao falar em investimentos. Ele disse que, em março, fará uma visita a unidade fabril de antenas de pequeno porte, na Austrália, para avaliar os custos e a viabilidade de trazer o processo fabril também para o Brasil.

Os equipamentos, frisou o novo presidente da RFS, são "agnósticos" com relação às tecnologias – ISDB-T (adotada pelo Brasil), o DVB, europeu, ou o padrão norte-americano. "É claro que o ideal seria se a América Latina pudesse ter um padrão único. Haveria uma centralização na produção, mas na prática, para nós, o mais importante é o nosso conhecimento na produção dessas antenas de menor porte, voltadas para as emissoras afiliadas e pequenas TVs", salientou Pinto da Silva.

Exportação: Política de governo

A permanente valorização do Real frente ao Dólar é o grande senão dos planos das indústrias interessadas em produzir localmente. No caso da RFS, por exemplo, a pressão já determinou o fechamento de uma unidade, no final do ano passado, dedicada à fabricação de filros e componentes para equipamentos de infra-estrutura, a única do país.

"A demanda era pequena e com o Real valorizado ficou inviável justificar a manutenção da planta. Ficou mais simples importar", explicou o novo presidente da RFS.

É verdade também que a desvalorização do dólar permite à empresa fazer o que, o executivo, chamou de "estoque estratégico", principalmente de antenas BSA (antenas radiobase) para atender a rapidez das operadoras móveis. "Estamos produzindo localmente, mas a importação nos deu um fôlego e uma agilidade no atendimento aos clientes", disse Pinto Silva. O maior problema é com relação à exportação.

"Por mais que façamos uma gestão de custos, podemos chegar a 10% de ganhos, o Real valorizou 24% em 2007. Como fica essa diferença na contabilidade de uma empresa que vende para o mercado externo, inclusive, para o Mercosul? Como vamos produzir em Real e vender em Dólar?", indaga o presidente da RFS.

"Não à toa, há uma série de empresas inclusive concorrentes nossas, abrindo fábricas na Argentina para atender o mercado do Mercosul. Na verdade, é questão de política industrial. O Brasil supre a demanda interna e justifica investimentos, mas até quando? Ser ou não ser um pólo exportador é uma decisão de Governo", pondera o executivo.

A RFS é uma multinacional com números diferenciados. Enquanto a grande maioria conta com, no máximo, 5% da sua receita global vindo da América Latina, na fabricante de soluções sem fio, a região responde por 12%.

"É uma margem significativa e que explica os investimentos feitos no Brasil e na região (a RFS tem fábrica também no México, onde produz, por exemplo, as antenas para o WiMAX). A nossa meta é crescer 20% este ano. Sei que é uma marca ambiciosa, mas há a demanda de 3G e de TV Digital", finalizou Roberto Pinto da Silva.

A RFS está no Brasil há 30 anos. A companhia pertence ao grupo RFS, que conta com 32 subsidiárias em todo o mundo. Integram a carteira de clientes da fabricante, operadoras de telefonia móvel e fixa, OEMs, instaladores, integradores de sistemas, emissoras de rádio e tv, utilities (energia, governo, minas e outros), distribuidores e revendas.

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