Entidades criticam administração da Record no Rio Grande do Sul

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SJPRS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram, nesta quinta-feira (14/02), nota oficial repudiando o afastamento de jornalistas que atuavam como correspondentes do jornal Correio do Povo e da Rádio Guaíba, ambos pertencentes à rede Record, no interior do estado. Com a demissão, comunicada no fim do mês de janeiro, os cerca de 20 profissionais passam a trabalhar apenas para o veículo impresso.

Conforme o texto das entidades, os comunicadores foram informados do fim do contrato de trabalho via carta, “sem maiores explicações”. As entidades condenam ainda a definição do Sindicato dos Radialistas como local para encerramento dos contratos. “(…) O propósito de um plano de expansão do grupo ligado à Igreja Universal está se restringindo, no momento em que demite seus profissionais e, ainda pior, não está reconhecendo os profissionais como jornalistas, na medida em que contraria a lei e determina como local de rescisão dos contratos o Sindicato dos Radialistas, quando estes devem ser feitos no sindicato da categoria”, diz o documento.

Conforme José Maria Nunes, presidente do SJPRS, um acordo com o Sindicato dos Radialistas definiu que este último não aceitaria a tentativa da Record a fim de assegurar os direitos dos profissionais afastados. “O sindicato dos radialistas não homologará nenhuma rescisão de jornalistas. Nossa entidade se solidariza com estes trabalhadores demitidos e espera que a Record reveja sua atitude que em muito contraria os propósitos iniciais da rede quando chegou ao sul com o discurso de expansão do mercado de trabalho”, diz nota publicada no site da entidade.

O Comunique-se tentou conversar com um representante da Rádio Guaíba, mas não foi atendido. De acordo com Alexandre Calderon, diretor-geral da emissora, todos estavam envolvidos em uma série de reuniões. “Estamos tentando botar a casa em ordem. Não que não esteja, mas queremos proporcionar que os funcionários trabalhem com mais tranqüilidade”, afirmou por telefone.

Promessa ou dívida?

Nunes conta que o SJPRS tentou reverter a decisão de demitir os jornalistas em reunião com a direção da Guaíba. “Argumentamos que a existência de correspondentes no interior era um diferencial, mas infelizmente não fomos atendidos”, lamenta. De acordo com ele, apesar de os mesmos profissionais permanecerem no Correio do Povo, trata-se do encerramento de postos de trabalho. “Além de limitar a qualidade das informações prestadas pela redução de pessoal, estão sendo enxugadas as oportunidades de atuação.”

A Record chegou ao mercado gaúcho em março do ano passado, ao adquirir a Empresa Jornalística Caldas Junior, que engloba o jornal Correio do Povo e as rádios Guaíba AM e FM. Ao iniciar as transmissões na região, a emissora movimentou a concorrência ao absorver nomes conhecidos do jornalismo local e anunciou que haveria significativa ampliação do grupo de trabalho, situação que foi transformada em bandeira durante os primeiros meses de atuação. “Desde a chegada da Record havia uma expectativa de crescimento do mercado. Portanto, esperamos não haver mais demissões por parte da emissora”, afirma Nunes.

Dúvidas sobre registro

Se depender do Sindicato dos Radialistas, a rede só poderá descansar se tiver toda a documentação em dia. Com dúvidas a respeito do registro de Alexandre Mota, transferido de São Paulo para apresentar o programa Balanço Geral na TV Record na primeira quinzena de fevereiro, a entidade tentou obter da emissora provas de que o comunicador está registrado, mas não foi atendida e cogita acionar a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) em caso de descumprimento. “Fizemos a solicitação junto ao sindicato de São Paulo, que ficou de enviar a documentação via fax, mas ainda não entrou em contato”, diz Nerilson Tozzi, diretor do sindicato.

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