Fenaj critica proposta de criação de rede de repórteres espontâneos

A TV Brasil pretende distribuir cerca de 15 mil telefones celulares, com recursos de gravação de vídeo e som. A finalidade é criar uma rede de "repórteres espontâneos" para abastecer a emissora com informações de todo o país. "Jornalismo é responsabilidade de jornalistas. Essa proposta só serve pra tumultuar e colocar água no moinho dos que torcem e se mobilizam para inviabilizar a TV pública", critica o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade.

Em matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, no dia 09/12, as declarações do diretor geral da TV Brasil, Orlando Senna, são reveladoras. "Ele diz que a iniciativa reproduz experiências de outras TVs, em geral públicas, no exterior, especialmente Itália e América Latina, e visa a 'dar outra dimensão à informação'. Senna lembra que já são usadas, esporadicamente, imagens do gênero nas TVs comerciais, mas diz que a TVB pretende induzir as matérias dos não-profissionais", diz o texto.

O diretor diz, também, que a emissora pretende ouvir o público para a definição de sua programação e que a idéia é construir um conceito de rede horizontal, onde outras TVs públicas que a integrem possam assumir a produção e transmissão de programação.

Para o presidente da FENAJ, a proposta de distribuir celulares e criar uma rede de "repórteres espontâneos" é uma iniciativa equivocada.
"Isso leva ao descrédito a reportagem e o próprio jornalismo", condena Murillo. Segundo ele, há uma grande diferença entre um projeto onde a população possa interferir na definição da programação, ou participar interativamente, e estimular contribuições de pessoas que não têm formação profissional e compromisso com os princípios éticos do jornalismo.

"A FENAJ continua apoiando o projeto de criação da TV pública e rechaça qualquer tentativa de sua inviabilização", diz Murillo. "Mas essa diretoria tem que parar de querer inventar a roda e o governo deve se abrir ao diálogo e apoiar iniciativas de aperfeiçoamento deste projeto, especialmente no seu modelo de gestão e financiamento", defende.

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