Pontos de cultura defendem profissionalização para ter vida longa

Brasília – No início do mês, ao lançar o Programa Mais Cultura, o governo assumiu o compromisso de implantar 20 mil pontos de cultura até 2010, final do mandato do presidente Lula. Hoje, existem 630 unidades desenvolvendo as mais variadas atividades culturais em comunidades carentes. Para quem trabalha nelas, a falta de gerenciamento coloca em risco a continuidade de muitos projetos.

Na opinião de Ariane Porto, coordenadora de comunicação dos pontos A Era da Cultura do Tao, em Campinas (SP), e Educação dos Povos do Mar, em São Sebastião (SP), é preciso se profissionalizar para conseguir recursos próprios.

“As pessoas precisam saber gerenciar. A gente não pode achar que o governo vai querer apoiar a diversidade cultural a vida inteira. Se a gente não transformar [o produto] em valor econômico, vender nossas coisas, a gente não vai ter como se sustentar”, afirma.

O ponto de Campinas capacita técnicos para artes, como maquiador, iluminador e produtor. Já o de São Sebastião promove a cultura caiçara por meio do artesanato, pesca e produção audiovisual.

Para o diretor do ponto Música e Artesanato Marajoara, Paulo de Carvalho, o gerenciamento é importante para os projetos terem vida longa, continuidade. O ponto promove oficinas de cerâmica, bordado, serigrafia e resgate da tradição de folias na Ilha de Marajó, no Pará.

Já Gavin Andrews, do Navegar Amazônia, no Amapá, acredita que o tipo de prestação de contas exigido não condiz com a realidade dos pontos de cultura. “A burocracia não contempla o dinamismo e a diversificação dos pontos”, afirma o cineasta, lembrando que muitos não têm contador ou um conselho fiscal. Instalada em um barco, a Navegar Amazônia leva internet, informática, fotografia e vídeo para comunidades ribeirinhas do Amapá, Pará e Amazonas.

Os coordenadores participaram de um debate sobre a inserção de vídeos produzidos pelos pontos de cultura na programação da nova TV pública, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A coordenadora Ariane Porto defende a criação de um formato com alto padrão de qualidade. Já os representantes do Pará e Amapá acreditam que a inclusão permitirá mostrar o cotidiano do povo da região Norte ao resto do país de maneira mais abrangente, sem estereótipos.

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