Encontro Paulista marca criação de rede para atuação local

Em meio ao debate sobre as concessões públicas, a digitalização do rádio e da televisão e a criação de uma emissora pública brasileira, nasce o I Encontro Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura. As atividades acontecem entre os dias 19 e 21, em São Paulo, quando entidades e pessoas envolvidas no movimento pela democratização da comunicação e da cultura se reunirão para analisar a atual conjuntura e discutir perspectivas de mudança para o setor. Ao todo, 37 organizações assinam a convocatório do encontro.

“O encontro deve ser um espaço de formação e, principalmente, de construção de uma articulação permanente em São Paulo, que se articule em nível nacional com outras redes para reverter o quadro atual, que é de violações permanentes ao direito à comunicação”, observa Fátima Nassif, do Conselho Regional de Psicologia – uma das entidades que atua na construção do encontro.

Durante as atividades, que acontecerão nas Fapcom – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, será criada oficialmente a Rede Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura, além de definidas prioridades para o movimento no Estado nos próximos meses. Segundo os organizadores, a intenção não é criar uma nova entidade, mas um ambiente colaborativo e de solidariedade permanente entre as organizações envolvidas.

Esforço pela convergência

A organização do encontro começou um ano atrás, durante a IV Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, quando diversas organizações que não têm a comunicação como pauta principal se aproximaram das entidades que atuam diretamente como tema. “Nos últimos anos, os movimentos sociais entenderam que se trata de uma pauta que tem a ver com todos”, avalia Fábio Nassif de Sousa, do Centro Acadêmico Benevides Paixão, da PUC-SP, uma das organizações de estudantes de Comunicação Social que participam da organização do encontro.

O percurso que aproximou o movimento de mulheres do movimento pela democratização da comunicação é paradigmático. Ainda que a questão da mercantilização da mulher pela mídia estivesse presente há tempos na pauta do movimento de mulheres, apenas este ano foi criada a Articulação Mulher e Mídia, buscando uma atuação mais sistemática na área.

“Nós abríamos processos contra um anunciante ou outro. Agora, estamos nos juntando ao movimento pela democratização da comunicação, engrossando a batalha”, afirma Rachel Moreno, do Observatório da Mulher, entidade que integra a Articulação. Rachel enfatiza a necessidade de articular a luta por democratização e o controle social do conteúdo. No encontro, a relação entre a estrutura dos meios de comunicação e o conteúdo veiculado será tema central.

Comunicação e cultura também serão abordadas como par indissociável. “São áreas complementares. Não podemos tratá-las de forma fragmentada, sob pena de incorrer em um corte incompleto para as políticas públicas, tanto nacional quanto regionalmente”, afirma Guilherme Varella, do Instituto Pensarte.

De acordo com ele, pouco adianta defender uma distribuição mais equânime dos recursos que subsidiam a cultura, para as diferentes regiões do país, se os meios de comunicação seguem concentrados no eixo Rio-São Paulo. Ou tratar de manifestações culturais marginalizadas sem abordar formas de comunicação comunitária. Segundo a mesma lógica, discutir plataformas digitais passa, necessariamente, por um debate sobre cultura livre.

A opção se reflete na estrutura do encontro: os debates foram divididos por temas, de modo que a discussão de cultura perpasse todos os pontos da discussão sobre mídia. “É preciso lutar por políticas públicas comuns, que visem o desenvolvimento social do povo. Não só a distribuição material da riqueza, mas a distribuição da informação e da cultura”, conclui Varella.

Comunicação e Educação

Ao reconhecer a influência da mídia sobre a sociedade, as entidades envolvidas no encontro atentam também para suas possibilidades emancipatórias. “É possível construir um ambiente que una educação e comunicação, ajudando a tornar as pessoas autônomas e independentes”, observa Douglas Lima, da revista Viração. “A educomunicação possibilita uma leitura crítica dos meios de comunicação e o desenvolvimento do poder de comunicabilidade como forma de engajamento cotidiano”.

Fátima, do Conselho Regional de Psicologia, concorda: “Há uma autoridade que emana da mídia, e as pessoas aceitam de forma muito passiva o que vem dela. Um dos nossos objetivos é mostrar que a mídia tem que atender aos interesses da sociedade, que a sociedade é dona da mídia”.

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Para acessar o site oficial do encontro, com a programação e a ficha de inscrição, clique aqui.

I Encontro Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura
Local: Fapcom – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação
Rua Major Maragliano, 191 – Cep. 04017-030
(próxima à Rua Domingos de Morais) – Vila Mariana, entre as Estações do Metro Vila Mariana e Ana Rosa

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