Transição pode acabar com pequenas rádios, diz parlamentar

Porto Alegre (RS) – A digitalização pode acabar com as rádios comunitárias e independentes, caso o governo não propicie as condições mínimas para a adequação ao novo sistema. O alerta foi dado pelo deputado federal Paulo Bornhausen (DEM-SC), coordenador da Frente Parlamentar da Radiodifusão na Câmara dos Deputados. O parlamentar critica o pouco debate com a sociedade e a falta de clareza nas informações dadas pelo Ministério das Comunicações. Bornhausen também denuncia que se o sistema digital não for bem escolhido e implementado no país, as rádios poderão ser marginalizadas, reduzindo a diversidade de informações disponibilizadas hoje ao cidadão.

O motivos dessa marginalização, explica Bornhausen, seria principalmente a questão econômica, já que as rádios comunitárias e as que não integram as grandes cadeias de Comunicação dispõem de poucos recursos. "Primeiro, porque o sistema é caro. Em segundo, precisa-se saber de que forma irá ser feita essa transição. E, depois, que condições serão dadas, principalmente para as pequenas rádios, que são as que estão à margem desse processo. Porque os grandes grupos de comunicação do Brasil têm dinheiro, tem condições de atender às questões bancárias, financiar os seus equipamentos. E as pequenas rádios, até agora, visto que a digitalização pode custar US$ 150 mil, o que acontece é que são poucas as rádios do país que têm condições de dispor desses recursos sem ter que buscar empréstimos", afirma.

O deputado também reclama da falta de prioridade dada pelo governo federal ao tema da digitalização das rádios. Ele relata que o debate sobre o novo sistema de televisão já está bem adiantado, já que as grandes emissoras estão pressionando para que o padrão seja escolhido e rapidamente implementado. Bornhausen teme que a demora e a falta de discussão com a sociedade sobre a digitalização do rádio possam fazer com que seja aprovado um padrão longe da realidade das emissoras no país.

"Mas agora precisamos da definição, da tecnologia, porque várias rádios vão começar a entrar em operação, como já estão hoje em operação experimental, mas já usam essa tecnologia, e vai ser inviável não fazer rapidamente a universalização da digitalização" diz.

A Frente Parlamentar da Radiodifusão da Câmara irá promover debates sobre a digitalização do rádio. O governo federal ainda não definiu o padrão a ser utilizado, mas Bornhausen avalia que o mais cotado para AM e FM é o sistema dos Estados Unidos, que permite à emissora utilizar o mesmo canal em que já trabalha. No caso das ondas curtas, o sistema mais propício é o europeu. Para o deputado, a digitalização deve facilitar o setor de Comunicações.

"Hoje, o sistema de informações é muito bem coberto pela radiodifusão nacional. Só que à medida que você cria um padrão comercial diferente, um padrão de qualidade, se não der condições para que todos possam se digitalizar, vamos assistir aí a uma diminuição no número de rádios no Brasil, na comunicação, e quem irá ficar descoberto será certamente as pessoas que vivem no interior do país", afirma

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