IBOC põe em risco indústria nacional, afirmam fabricantes

Segundo Roberto Corrêa, da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), a  adoção do padrão HD Radio/IBOC, da empresa estadunidense iBiquity, levará a indústria nacional de produção de transmissores a fechar suas portas. A afirmação foi feita durante audiência pública realizada nessa terça-feira, 11, na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.

Segundo Corrêa, a iBiquity não teria interesse em repassar os códigos de codificação/decodificação (CODEC) de áudio usados em seu sistema. “Eu acho que não há interesse dos americanos em transferir essa tecnologia para os brasileiros, porque se nós fôssemos produzir os equipamentos aqui faríamos de acordo com a realidade do radiodifusor brasileiro, inclusive das pequenas emissoras comerciais e das comunitárias”. Sem esses códigos, a indústria de transmissores não pode sequer começar os testes de equipamentos nacionais.

Padrão nacional

Diante desse dado, os deputados presentes questionaram porque o Brasil então não desenvolve o seu próprio padrão. “Por que o Brasil sempre tem que optar pela adoção de tecnologia estrangeira ao invés de investir na criação de nossa própria tecnologia?”, perguntou o Dep. Bilac Pinto (PR-MG). Segundo Joaquim Castro, representante da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO), diferentemente da TV digital, onde havia três padrões internacionais consolidados, no caso do Rádio Digital, nenhum país no mundo definiu por esse ou aquele padrão. “Mesmo nos Estados Unidos, o padrão da iBiquity ainda está dando os primeiros passos. Lá, o rádio digital por satélite é o dominante”. Para Castro, o cenário mundial é propício ao desenvolvimento de novos padrões.

Todavia, para o representa da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Ronald Barbosa, há pressa na definição do padrão, caso contrário o rádio não vai sobreviver à competição com as novas mídias digitais, como o IPOD. Também segundo Barbosa, um padrão nacional levaria de 10 a 15 anos para ficar pronto. Porém, para o outro representante dos radiodifusores presente à audiência, Flávio Resende, da Rede Bandeirantes de Rádio e também da Abra (Associação Brasileira de Radiodifusão), esse argumento não se sustenta. “Se nos perguntarem se queremos ir para o digital, vamos responder que sim, mas não é algo premente. Se pudermos adiar nós queremos adiar”.

0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *