Seminário amplia debate sobre TV Pública no Amazonas

A primeira etapa do “Seminário TV Pública no Amazonas” mostrou que o debate sobre um sistema público de comunicação não anima apenas especialistas: no último sábado (18), 240 participantes participaram durante todo o dia de palestras e mesas redondas sobre o tema. Rompeu-se, assim, um tabu que fadava a TVs públicas do estado à ausência de discussão com a sociedade, instaurando-se a real possibilidade de construção de um modelo de gestão participativo para essas instituições.

O seminário conseguiu reunir, pela primeira vez, diretores da TV Cultura, TV Ufam, TV Assembléia e TV Cidade (canal comunitário de Manaus). Eles tiveram a chance de mostrar publicamente suas ações e de responderem a diversos questionamentos da plenária sobre o conteúdo de programação e sobre a abertura à sociedade. “Nosso grande problema é a falta de recursos, não temos sequer como nos deslocar para cobrir os problemas das comunidades”, explicou a diretora-presidente da TV Cidade, Maria do Socorro Granjeiro. Ela veiculou o vídeo institucional do canal comunitário, no qual aparecem cenas do programa “Vitória Fernandes”. Em seguida, foi obrigada, por mais de uma vez, a explicar por que uma empresa privada ocupava espaço em um veículo público. “A gente abre nosso espaço a qualquer instituição interessada, as empresas também fazem parte da sociedade”, justificou.  

O diretor-presidente da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas (Funtec), Álvaro Melo, também foi pressionado pelo público do seminário. A principal reivindicação a que teve que responder foi sobre a extinção do Conselho Gestor da TV Cultura. “Esse conselho foi criado na época do Amazonino Mendes e era indicado pelo governador. Ao assumir o governo, Braga entendeu que ele não cumpria seu papel”, declarou. Melo comprometeu-se, porém, a acelerar o processo de discussão para a criação de um novo conselho, cujos membros sejam escolhidos de forma democrática.  

A TV Ufam também não escapou a críticas da platéia do seminário, formada em grande parte por estudantes de Comunicação. Um acadêmico da Ufam questionou a dificuldade dos estudantes em participar do canal universitário. “Nosso espaço está totalmente aberto”, reforçou o diretor-presidente da TV-Ufam, Guaracyaba Tubinambá. “Por mais de uma vez, fui ao departamento de Comunicação encorajar os professores a trabalharem com a TV Ufam. Infelizmente, até agora, houve poucas iniciativas. Já pensei, inclusive, em fazer parceiras com faculdades particulares”.

Em sua palestra sobre “Panorama das discussões sobre a Rede Pública de TV”, Berenice Mendes fez um histórico das políticas de comunicação e enfatizou a necessidade de uma Conferência Nacional de Comunicação, a exemplo do que já acontece em outros setores. Diogo Moysés, do coletivo Intervozes, reforçou a importância de um modelo gestor baseado na representatividade da sociedade como caminho para construir uma TV pública independente e apartidária.

O seminário prossegue neste sábado, 25 de agosto. Na sua segunda etapa, contará com de Venício Lima, fundador do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (Nemp) da Universidade de Brasília (UnB); de Tadao Takahashi, presidente do Conselho Deliberativo da TVE-RJ, e João Brant, membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação.

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