Só 14,7% da população do país têm acesso à internet em casa

Um estudo divulgado nesta terça-feira (7/8) pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), em parceria com o Instituto Sangari e o Ministério da Educação, aponta que a desigualdade digital reproduz e reforça as desigualdades existentes na sociedade.

Nos dois indicadores utilizados – internet domiciliar e uso de internet – o levantamento, que tem como base dados de pesquisa divulgada em março pelo IBGE, mostra uma distribuição territorial desigual: 14,7% da população brasileira de 10 anos de idade ou mais morava, em 2005, em domicílios com acesso à internet. Mas em Alagoas e noMaranhão esses índices foram muito baixos (4,5% e 2,1% respectivamente), enquanto o Distrito Federal ostentava uma taxa de 31,1%.

Situação semelhante acontece com o uso da internet em outras localidades. Se por um lado, a média nacional da população brasileira de 10 anos de idade ou mais que teve acesso à rede nos três meses anteriores à pesquisa do IBGE foi de 21,1%, por outro lado, há situações extremas: Alagoas e Maranhão, com 7,6% e 7,7% respectivamente e, no outro extremo, o DF, com 41,1% da população com acesso à internet.

Também no campo socioeconômico, as desigualdades são marcantes. Em nível nacional, quando se trata de renda familiar per capita, entre os 40% da população mais pobre somente 5,7% conseguiam acessar a rede, enquanto entre os 10% mais ricos esse índice era de 58,7%, isto é, 10,3 vezes superior (ou 930% a mais). Mas há estados que se destacam por estar ainda bem acima dessa média nacional, como Alagoas, onde esse diferencial é de 35,6 vezes (ou 3.460% a mais). Já estados como o Rio de Janeiro apresentam uma conformação mais igualitária: o diferencial é de 5,2 vezes (ou 420%).

No que se refere à desigualdade racial, 28,3% da população branca de 10 anos de idade ou mais utilizou a internet nos últimos três meses anteriores à pesquisa do IBGE, enquanto somente 13,3% dos negros fizeram o mesmo. Isso representa uma diferença de 2,1 vezes (110% de diferença), com uma relativa homogeneidade entre as unidades federadas, onde os extremos vão de Alagoas, com uma relação de três vezes, até o DF, com 1,5 vez.

As iniciativas de democratização do acesso à rede tampouco têm demonstrado êxito, segundo o estudo. Somente 2,1% da população de 10 anos de idade oumais manifestou ter freqüentado um centro gratuito de internet, contra 10,5% que usaram a rede no domicílio, 8,3% no trabalho, 5,4% na escola e 4,6% em centros pagos. Além disso, apenas 0,9% da população do grupo de menor renda utilizou centros gratuitos, contra 4,5% da população mais rica.

São Paulo é o estado que apresenta os melhores índices de acesso popular aos centros gratuitos: 2,4% do grupo de menor renda. Esse índice, embora muito baixo em termos internacionais, é o maior do país. Isso faz também que a relação de desigualdade seja a menor do país: 1,8 vez. No outro extremo, Alagoas registra o menor índice de acesso a centros gratuitos dos setores de baixa renda: somente 0,1%, o que faz do estado o campeão em desigualdade no acesso a centros gratuitos: 29,5%.

Nas escolas, o quadro não é muito diferente. Entre os estudantes que freqüentam o ensino fundamental, apenas 5,4% utilizaram a internet na escola. Essa proporção sobe para 37,7% quando considerado apenas os 10% de estudantes mais ricos. Segundo o estudo, a discriminação no sistema educacional é ainda maior do que a detectada nos centros gratuitos. O grupo dos 10% de alunos mais ricos tem sete vezes mais possibilidades de acesso em suas escolas do que o grupo dos 40% mais pobres.

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