Financiamento “coletivo” pode ser solução para emissoras pequenas

A apresentação de propostas coletivas para financiamento de projetos de TV digital pode ser a solução para emissoras que tenham dificuldade de ter seu crédito aprovado junto ao BNDES. A idéia foi levantada pelo diretor da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) Flávio Cavalcanti Jr, durante evento promovido pelo banco para discutir seu programa de fomento à TV digital, o ProTVD. Cavalcanti sugeriu que as cabeças de rede se juntem a algumas afiliadas e apresentem pedidos em conjunto, em vez de cada emissora procurar o banco separadamente. O chefe do departamento de indústria eletrônica do BNDES, Maurício Neves, disse que não há problema nenhum, desde que a cabeça de rede assuma o risco pelas suas afiliadas.

No ProTVD, os projetos apresentados diretamente ao BDNES por radiodifusores para a aquisição de equipamentos precisam ter um valor mínimo de R$ 5 milhões. Técnicos do banco fazem uma análise de crédito da empresa solicitante a partir de seus três últimos balanços. Se a empresa não atingir um rating mínimo exigido, o BNDES não pode financiar o projeto diretamente. Segundo Jakson Sosa, diretor executivo do Grupo RF e um dos conselheiros do Fórum Brasileiro de TV Digital, algumas emissoras estariam vivendo esse problema de não ter atingido o rating mínimo para o empréstimo. “As empresas não estão capitalizadas para investir em tão curto espaço de tempo. Temos que investir nos próximos dez anos o que investimos nos últimos 50”, criticou. Sosa sugeriu durante o encontro que o BNDES flexibilizasse a exigência do rating em troca de novas garantias, como recebíveis. O banco, entretanto, deixou claro que, quanto ao rating, não há como flexibilizar. Neves, do BNDES, aconselhou essas empresas a trocarem a beneficiária em seus projetos: “Às vezes uma empresa de leasing de equipamentos, por exemplo, tem o rating melhor que a emissora”.

Transmissores

Alguns representantes de emissoras presentes no evento questionaram a decisão do BNDES de não financiar a compra de equipamentos de transmissão de TV digital de alta potência apesar de não haver similares nacionais. O executivo de uma emissora de médio porte do sudeste que preferiu não se identificar reclamou ao TELA VIVA NEWS que o programa do BNDES não contempla empresas como a sua. “As pequenas emissoras podem comprar antenas de baixa potência fabricadas no Brasil com financiamento do banco. As grandes emissoras têm dinheiro para importar. Mas e as de porte médio?”, questionou o executivo.

Neves, do BNDES, explicou que a opção de não financiar transmissores importados foi tomada na esperança de incentivar o surgimento dessa indústria no Brasil. Um representante do fabricante nacional Linear aproveitou a discussão para informar que sua empresa já produz equipamentos de transmissão de TV digital com potência de 7,5 kW.

Juros

O BNDES anunciou a redução de 6% para 4,5% ao ano o spread básico que será cobrado no financiamento a projetos de pesquisa e desenvolvimento em TV digital. Há ainda a cobrança de um spread de risco que varia de 0,8% a 1,8%, como em qualquer outro empréstimo feito pelo banco. “Isso está abaixo do nosso custo de captação, mas entendemos que vale a pena para fomentar a indústria nacional”, explicou a gerente do departamento de indústria eletrônica do BNDES, Regina Gutierrez. O banco financia diretamente projetos de pesquisa e desenvolvimento em TV digital a partir de R$ 400 mil. Garantias reais são dispensadas para tais projetos, desde que seu valor seja de até R$ 10 milhões.

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