Uma capital digital sem fio

 

O certificado que a estudante Natascha Costa mostra é um dos primeiros resultados do projeto que vai cobrir Porto Alegre com redes sem fio de acesso à Internet. Até o final do ano, a prefeitura vai interligar todas as escolas municipais por redes wireless (sem fio), capazes de fornecer acesso em alta velocidade à Internet, realizar chamadas telefônicas e teleconferências.

Com o projeto Porto Alegre Digital, a Capital será a primeira grande cidade brasileira a ter redes sem fio alcançando todo o território, para conectar a administração do município. Na Restinga, bairro de Natascha, a tecnologia está sendo implantada desde o final do ano passado – a Internet sem fio chega a 23 pontos, dando acesso rápido a escolas, postos de saúde, órgãos administrativos e pontos de uso público como o espaço Cibernarium, onde a menina fez um curso de informática básica. – Aprendi a salvar arquivos nas pastas, usar o editor de texto, o Excel – conta Natascha, de 15 anos.

A razão pela qual ela não cita a Internet – é um dos conteúdos previstos no curso gratuito oferecido no espaço – é que a web está na rotina de Natascha. No colégio, os professores pedem pesquisas, e nas lan houses a adolescência exige uma olhadinha diária na sua página do Orkut. – É bom para fazer amigos, já tenho 95 no meu perfil – conta ela. É por isso que, apesar da Internet sem fio no Cibernarium ser rápida, o instrutor Luciano Rodrigues tem de desligá-la durante as etapas do curso que ensinam a mexer no Windows, no editor de textos e nas planilhas eletrônicas.

Com acesso livre à web, os alunos só pensam em navegar. Concentrado na tarefa durante a aula de Word, Makaliston Freitag, 14 anos, diz ter feito várias pesquisas para as aulas de História e Geografia no ano passado, usando inclusive o Google Earth – programa que mostra imagens de satélite do mundo. – Esses cursos servem para a gente se aprimorar – conta. Além do Cibernarium e das escolas, postos de saúde da Restinga também tiveram instalada Internet sem fio. A idéia é permitir algumas aplicações de telemedicina – um médico do posto pode acessar pelo computador um exame feito na Santa Casa, a cerca de 25 quilômetros dali, eliminando a necessidade de o paciente ir novamente ao centro da cidade buscar o resultado.

Para a comunidade, o acesso à tecnologia é cada vez mais fundamental, conta Evandro Guimarães, monitor do telecentro instalado na associação do bairro. Durante o ano letivo, os computadores com acesso grátis à Internet ficam cheios, principalmente com jovens. A estrutura, porém, precisa melhorar: na semana passada, havia duas máquinas estragadas, e as outras têm vários anos de uso, segundo Guimarães. – Os jovens usam para ocolégio e para conversar pelo MSN, olhar o e-mail. Os adultos agora estão aproveitando o sistema para serviços como matrículas de supletivo e cadastro no INSS – conta o monitor.

0

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *