Tecnologia é aposta para ‘democratizar’ a televisão

 

No segundo governo Lula, o PT quer acelerar seus planos para uma ampla reforma da comunicação de massa, exposta na resolução aprovada pelo Diretório Nacional sábado. A idéia é aproveitar a revolução tecnológica, especialmente a TV digital, para introduzir concorrência no que considera monopólio privado, conservador e prejudicial ao País. O debate ganhou força após a crise do mensalão, na qual o partido se considerou alvo de uma campanha injusta da mídia para desmoralizá-lo e derrotar Lula na eleição.

“A TV digital seria uma forma de quebrar o poder do monopólio, sem medidas administrativas”, disse um articulador petista. Segundo ele, o tema une o PT desde o Campo Majoritário, moderado, até a “extrema canhota”. Para o deputado Jilmar Tatto (SP), terceiro vice-presidente do partido e do moderado PT de Lutas e de Massas, “a TV digital permite um debate com outra configuração.”

Nas prioridades, destaca-se a idéia de criar uma rede pública de TV no modelo da BBC britânica, caracterizada pela gestão pública, mas com independência editorial em relação a governos. A comissão política do PT já discutiu o assunto com Lula. A proposta integra o pacote de um “plano nacional de comunicação”, ainda em preparação.

A resolução petista esboça um programa para o setor. “A democratização do País supõe a democratização da comunicação. Estruturas públicas democráticas de comunicação são fundamentais para superar o monopólio privado.” O texto pede uma “conferência nacional de comunicação”, com todos os setores envolvidos, e inclui “a construção de um sistema público de rádio e TV” entre as propostas de curto e médio prazo.

“Uma TV pública precisa ter espaço para movimentos sociais e manifestações culturais. Ninguém quer fazer proselitismo”, disseo deputado estadual gaúcho Raul Pont, da tendência de esquerda Democracia Socialista. “Não queremos que essa TV dê notícia a favor do governo nem faça propaganda do PT, mas achamos que atualmente a cobertura é muito parcial e unilateral. O País precisa ter canais de comunicação de massaque sejam públicos.”

Tatto foi irônico. “Em vez de pôr ‘Paquitas’ na programação, vamos discutir a cultura brasileira. Isso não é debate ideológico.”

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