Arquivo da categoria: Notícias

Ley de Medios argentina é modelo, diz relator da ONU

“A Argentina tem uma lei avançada. É um modelo para todo o continente e para outras regiões do mundo”, afirmou Frank La Rue, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Liberdade de Opinião e de Expressão, ao se referir à Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual. "Eu a considero um modelo e a mencionei no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. E ela é importante porque para a liberdade de expressão os princípios da diversidade de meios de comunicação e de pluralismo de ideias é fundamental”, defendeu.

“A Argentina tem uma lei avançada. É um modelo para todo o continente e para outras regiões do mundo”, afirmou Frank La Rue, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Liberdade de Opinião e de Expressão, ao se referir à Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, logo após reunir-se com Martín Sabbatella, titular da Afsca (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual). “Falamos da importância da aplicação plena desta lei”, assinalou Sabbatella após o encontro que manteve com o funcionário guatemalteco da ONU na sede portenha da Afsca.

Durante a reunião com Sabbatella, La Rue voltou a expressar seu especial interesse na implementação da chamada “Ley de Medios” da Argentina. “Essa é uma lei muito importante. Eu a considero um modelo e a mencionei no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. E ela é importante porque para a liberdade de expressão os princípios da diversidade de meios de comunicação e de pluralismo de ideias é fundamental”, defendeu o relator da ONU após o encontro na Afsca.

“Eu venho de um país multicultural, muito pequeno, mas com 22 idiomas indígenas, onde essa diversidade de meios e esse pluralismo de expressão, assim como o manejo dos serviços de comunicação audiovisual, desempenham um papel muito importante para garantir essa riqueza cultural”, disse o guatemalteco, para quem “neste sentido a lei argentina é realmente muito importante”.

Por sua parte, Sabbatella destacou ao término da reunião que “para os argentinos e as argentinas é um orgulho ter uma lei modelo e é extremamente importante o acompanhamento de Frank La Rue, uma pessoa que tem um forte compromisso com a liberdade, a pluralidade, a diversidade e a democratização da palavra”.

“La Rue tem uma profunda valoração da lei e expressou em várias oportunidades a importância de sua aplicação. Contar com sua atenção sobre o andamento desse processo é fundamental”, acrescentou o titular da Afsca, destacando que foi discutida com o relator da ONU “a importância da aplicação da lei”.

O funcionário da ONU se mostrou interessado pelas medidas que a Afsca deve tomar no dia 7 de dezembro, quando vence o prazo fixado pela Corte Suprema para a medida cautelar com a qual o Grupo Clarín paralisou a implementação da lei, durante três anos, após sua aprovação no Congresso. Assim como o cabo de guerra no Conselho da Magistratura, onde a oposição impede a nomeação de um juiz titular no tribunal que deve resolver a questão da inconstitucionalidade defendida pelo grupo quanto ao artigo 161 da lei, que obriga as empresas a abrir mão das licenças que superam o limite estabelecido pela nova legislação para evitar práticas monopólicas.

La Rue, que foi a Argentina para participar de um congresso mundial sobre direitos da infância em San Juan, também assinalou que logo após sua passagem pela Argentina visitará o Uruguai onde, destacou, “vem ocorrendo uma discussão parecida com a que ocorreu aqui (sobre a ‘ley de medios’ audivovisuais), mas ainda não foi aprovada a lei, o que eu gostaria muito que acontecesse”. O relator da ONU também se mostrou disposto a promover fóruns em toda a América Latina para debater a lei implementada pela Argentina.

Tradução: Katarina Peixoto (Carta Maior)

Brasil precisa se posicionar sobre publicidade infantil, diz ministro do STJ

O Brasil precisa enfrentar o tema da publicidade infantil e ter uma posição clara a respeito do assunto. Essa é a opinião do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin, que presidiu a comissão de juristas responsável pela elaboração do anteprojeto de reforma do Código de Defesa do consumidor (CDC – Lei 8.078/ 1990).

Herman Benjamin manifestou sua opinião, nesta terça-feira (16), durante a primeira audiência pública promovida pela comissão temporária que examina a reforma do Código de Defesa do Consumidor, ao responder a questionamento do relator da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Para o ministro, a publicidade infantil deve ser tratada em projeto de lei específico e receber tratamento sério do Congresso Nacional.

Ricardo Ferraço, por sua vez, enfatizou que o Brasil precisa legislar sobre o assunto. O relator informou que Suécia, Noruega, Inglaterra, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Irlanda, Dinamarca, Holanda, Áustria, Portugal, Luxemburgo, Itália, e Grécia já enfrentaram o tema e adotaram medidas para o controle da publicidade infantil.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que também participou do debate sobre o Código de Defesa do Consumidor, sugeriu estudos para constatar o resultado das medidas adotadas nesses países, em seus aspectos positivo e negativo. Cardozo informou que a Secretaria de Direito do Consumidor do Ministério da Justiça assinou convênio com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para aprofundar estudo da questão. Ele defende a normatização do tema, porém considera importante obter embasamento científico sobre o assunto, para dar segurança jurídica às decisões que forem tomadas.

– Temos de tratar com cuidado, sem dogmatismo, mas com a clareza de que ele [o tema] tem de ser o objeto de reflexão para a realidade que está posta hoje. Em casos como esse, em que nossas impressões podem se chocar com interesses e, naturalmente, os conflitos se colocam, nada melhor do que um bom estudo científico para colocar parâmetros objetivos, seja na correção ou na falsidade de nossas impressões, seja na contenção em relação aos interesses que possam querer suplantar os interesses públicos, ressaltou o ministro.

Endividamento

Em resposta ao senador Ricardo Ferraço, o ministro José Eduardo Cardozo afirmou que o legislador precisa adotar instrumentos para evitar que o consumidor fique superendividado. Para ele, o Estado deve implementar programas com o objetivo de conscientizar o cidadão sobre as consequências do consumo.

O endividamento da sociedade também preocupou o senador Cyro Miranda (PSDB-GO). Ele defendeu que o novo código recomende a adoção pelo governo de medidas de educação financeira aos consumidores.

O presidente da Comissão de Reforma do CDC, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), sugeriu que o consumidor seja obrigado a informar o seu grau de endividamento, antes de assumir novos compromissos financeiros.

Comércio eletrônico

Outro ponto discutido na audiência, definido pelo Ministro da Justiça como polêmico, foi a legislação do comércio eletrônico. Há dúvidas sobre as responsabilidades nesse tipo de transação quanto à proteção do consumidor, especialmente no que se refere à aquisição de passagens aéreas.

Por considerar um tema difícil no que se refere à definição de regras, o ministro Herman Benjamin disse que os juristas da comissão do Código de Defesa do Consumidor preferiram tratar a questão na forma de princípios gerais e deixar o assunto para “a criatividade dos senadores”.

– Temos que agregar aos princípios gerais um mínimo de concretude, exatamente para reduzir a discricionariedade do juiz, que acaba funcionando contra o próprio consumidor – disse o ministro Herman.

O senador Cyro Miranda observou que o CDC trouxe avanços à proteção aos consumidores, mas "é necessário incluir temas novos, como o comércio eletrônico, e prever novas formas de relação de consumo".

O presidente da Telebras, Caio Bonilha, disse que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que oferec

O presidente da Telebras, Caio Bonilha, disse que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que oferece internet a baixo custo, respondeu por 31,5% das adições líquidas entre julho do ano passado e agosto deste ano. Segundo ele, esse é um cálculo melhor do que comparar apenas o resultado de ativações totais na internet, que somou 32 milhões nos 12 meses encerrados em junho, contra pouco menos de 1 milhão de usuários do PNBL.

– As análises de dados sobre o PNBL foram precipitadas. Se for considerado o número de ativações líquidas do primeiro ano do programa, tivemos 31,5% do total – afirmou na manhã desta quarta-feira, em palestra no Futurecom.

Bonilha também afirmou que o efeito do PNBL no mercado brasileiro de banda larga foi além da entrada de novos clientes. Segundo ele, desde de o anúncio de que a Telebras ofereceria o megabit full a partir de R$ 230 para os provedores de acesso a internet, o preço do megabit full chegou a cair 80% no mercado brasileiro.

– Essa oferta também permitiu que os pequenos provedores de acesso a internet crescessem. Hoje eles já representam 20% do mercado, que está passando por um processo de descentralização.

Cabos submarinos e satélite

A Telebras está prestes a firmar os contratos para a colocação de cinco cabos submarinos (um deles nacional e os demais ligando o Brasil a Uruguai, Angola, Estados Unidos e Portugal), para permitir a expansão da velocidade e do acesso à internet a baixos custos. Ao todo, o projeto deve custar R$ 1,8 bilhão e levar 18 meses para ser concluído.

A estatal também deve assinar em breve o contrato para a construção de um satélite geoestacionário, voltado a atender as regiões onde a conexão terrestre é inviável.

Além dos investimentos próprios, a Telebras também está expandindo o compartilhamento de infraestrutura com as operadoras de telecomunicações. Na tarde desta quarta-feira, a estatal anuncia o compartilhamento da rede de fibra com a TIM, para acessar o linhão de Tucuruí na região Norte do país.

EUA subsidiam US$ 4,5 bilhoes por ano em banda larga

O diretor geral da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC, na sigla em inglês, órgão regulador norte-americano) Julius Genachowski, afirmou nesta quarta-feira (10) que o governo dos EUA investe US$ 4,5 bilhões por ano em universalização do acesso à internet banda larga, sem contar programas específicos para escolas e bibliotecas. Genachowski confirmou os valores apresentados pelo presidente da Oi, Francisco Valim, que também participou de debate sobre banda larga durante o segundo dia da Futurecom, feira de negócios do setor de telecomunicações realizada no Rio, e destacou a magnitude dos investimentos.

No evento, Valim citou o modelo de universalização da banda larga nos EUA como exemplo para o Brasil. "O país mais capitalista do mundo subsidia US$ 4,5 bilhões por ano para acesso a internet. Quer dizer que acredita que a banda larga é importante", disse após o painel em uma crítica indireta ao governo brasileiro.

Outro participante do debate, no entanto, chamou a atenção para as diferenças entre os dois países. Segundo o presidente da Ericsson para a América Latina e Caribe, Sergio Quiroga, o fato de a população brasileira estar concentrada no litoral é uma diferença fundamental e o acesso em áreas remotas da Amazônia é um grande desafio.

"A necessidade (do acesso) tem que ser melhor avaliada. Realmente há necessidade de banda larga nas regiões profundas do Amazonas? Em alguns lugares, uma torre base (para acesso a celular e internet móvel) triplica o PIB de uma cidade. Mas a operadora não pode ser obrigada a ir onde não há ninguém", disse Quiroga.

Cristina: ‘Na Argentina, a mídia terá de cumprir a lei’

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou durante o ato pelo terceiro aniversário da sanção da nova Lei de Serviços e Comunicação Audiovisual, realizado quinta-feira (11), que a “Lei de Meios” entrará em plena vigência por decisão da Corte Suprema de Justiça no próximo dia 7 de dezembro, independentemente das pressões contrárias movidas pelo grupo Clarín para adiar sua implementação.

“A lei deve ser igual para todos, não podemos viver numa sociedade em que uns a cumpram e outros possam violentá-la”, declarou a presidenta, ao comandar a manifestação no Museu do Bicentenário da Casa de Governo ao lado de autoridades e lideranças do movimento sindical e social.

Segundo Cristina, o 7 de dezembro “é uma data muito especial pela aprovação desta lei autêntica, criação do povo argentino e uma construção coletiva, que por isso tem tanta força".
Até agora, ressaltou a presidenta, “o Estado argentino já outorgou cinco mil licenças de rádio e televisão, das quais 45 mil pertencem" a diferentes setores, porém há outras "500 divididas, 250 em 25 grupos e outras 250 em um grupo somente" – o Clarín.

Pela Lei de Meios, nenhum conglomerado de comunicação pode ter mais do que 24 outorgas de TV a cabo e 10 de rádio e televisão aberta. Mas o Grupo Clarín possui dez vezes mais licenças de cabo do que o número autorizado pela Lei, além de quatro canais de televisão, uma rádio FM, 10 rádios AM, e o jornal de maior tiragem do país.

Em seu discurso, transmitido em cadeia nacional, a presidenta condenou as diferentes tentativas dos setores monopólicos de recorrerem à Justiça para atrasar indefinidamente a aplicação da lei. "Hoje podemos nos alegrar por ter conseguido nestes três anos, com novos postos de trabalho, novos conteúdos e novas vozes, que vamos potencializar”, acrescentou.
Com sua postura anti-democrática, apontou Cristina, os conglomerados privados de comunicação encontram-se, “como dizia hoje Atilio Borón, no oitavo círculo de Dante, que é dos mentirosos contumazes".

Ao encerrar seu pronunciamento, a presidenta argentina sublinhou que é preciso seguir em frente, sem ódio, “porque na realidade este projeto que levamos a cabo desde 2003 teve a virtude de não retirar direitos de outros”. “Aspiro a um país com muito amor, com discussão e debate, sem visões catastróficas e apocalípticas”, frisou.

O vice-governador de Buenos Aires, Gabriel Mariotto, ex-presidente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA) e titular do Comitê Federal de Rádiodifusão (Comfer) no momento da elaboração e sistematização da Lei de Meios, reiterou que ela trará uma situação totalmente nova. “Estamos acostumados a viver num sistema monopólico que acaba parecendo que é natural. Porém, quando se ampliam os direitos, nos damos conta de que estávamos vivendo de forma equivocada”. Por isso, acrescentou, "depois de tanta distorção na aplicação da lei, o 7 de dezembro será um dia chave. Jamais tivemos a possibilidade de ter múltiplas vozes, estando acostumados que alguém desenhe culturalmente as expressões que temos de consumir".

O senador da Frente para a Vitória, Marcelo Fuentes alertou para a "informação distorcida" difundida pelos conglomerados midiáticos e frisou que “não existe conflito entre o governo e o monopólio Clarín, mas entre o monopólio Clarín e a lei". "Em nenhum lugar do mundo se pensa que impor restrições aos monopólios afeta os princípios constitucionais da propriedade, porém o multimídia Clarín não quer se submeter à lei", declarou Fuentes.

Diante do vento democratizante que o exemplo argentino sopra para o continente, a 68ª Assembléia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), realizada em São Paulo, decidiu condenar o governo de Cristina por sua “hostilidade contra a imprensa". Em seu ridículo “relatório”, o representante da SIP no país, Daniel Dessein, alega que "várias resoluções do governo, manobras judiciais, declarações ofensivas e ameaçadoras de funcionários públicos, medidas contra a mídia e ameaças e agressões físicas a jornalistas delineiam um cenário sombrio para o exercício do jornalismo e o direito de todos os cidadãos se expressarem livremente".

Na sequência da leitura do relatório, em ritmo de suspense, um vídeo elaborado pelo Clarín denunciou o "crescimento da censura" na Argentina, condenando o governo de Cristina por "consagrar o medo, a autocensura e o silêncio". Em solidariedade, outros monopólios de mídia propuseram que a SIP faça uma missão internacional à Argentina no 7 de dezembro. Será uma excelente oportunidade para presenciarem o funeral da ditadura midiática no país de Perón, Evita e San Martín.