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Participação e compartilhamento na rede em foco no II Conexões Globais

Liberdades ameaçadas por grandes corporações, ampliação da democracia, colaboração, compartilhamento, transparência, anonimato, ética, direito à internet e outros tantos temas que circulam ao redor da chamada “cultura digital” são objeto de debate da segunda edição do “Conexões Globais”, um dos principais eventos sobre o assunto, realizado nos dias 23, 24 e 25 de maio na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre.

O primeiro dia foi marcado por três mesas de debate que trataram de “ética hacker”, “democracia 2.0” e o “conhecimento livre na internet”. Os debates contam com ativistas, gestores público e acadêmicos presentes no evento ou conectados por meio da web.

Durante a mesa de abertura foi a presentada a lista de pontos de uma “ética hacker” baseada no livro de Steven Levy: compartilhamento;  abertura (transparência);  descentralização; acesso livre a computadores;  meritocracia;  primum non nocere ( ”em primeiro lugar, não fazer mal”) e melhoramento mundial. Foi abordado também o problema para se implementar o Marco Civil da Internet no Brasil garantindo a neutralidade de rede e destacou-se o desafio de lidar com o direito autoral garantindo que “o artista possa viver do que faz e o cidadão tenha garantido o acesso aos bens culturais”. O debate contou com a participação por webconferência de um dos “pais” da internet no Brasil, Demi Getschko.

O debate sobre fronteiras entre uma “democracia digital” e uma “democracia analógica” foi o foco da segunda mesa. Para Ricardo Poppi, coordenador de Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação da Secretaria Geral da Presidência, a cultura digital coloca os marcos do debate sobre democracia e internet em outro patamar, não se tratando “apenas de tecnologia, mas de metodologias de colaboração que dependem de conhecimento aberto, liberdade e construção coletiva”.

O último debate do primeiro dia tratou do conhecimento livre na rede e contou com a participação do fundador do Pirate Bay, o sueco Peter Sunde. Segundo ele, há procedimentos parecidos em relação ao compartilhamento entre aqueles que defendem a liberdade na internet e grandes empresas interessadas em lucros, mas enquanto estas querem aumentar o controle sobre os indivíduos por meio da infraestrutura que dominam algumas pessoas lutam para disponibilizar conhecimento para todos.

Além dos debates, o evento oferece uma intensa programação cultural e educativa, totalmente gratuita.  Shows musicais, cineclube, games e uma série de oficinas voltadas para a troca de saberes e a capacitação para o uso de novas mídias, produção e edição multimídia, utilização das ferramentas digitais e estratégias para mídias sociais acontecem simultaneamente. Para acompanhar as atividades ao vivo basta se conectar através do site www.conexoesglobais.com.br.

Movimento lança processo de construção da Carta Mundial de Mídia Livre

Foi lançado este semana, em âmbito internacional, o processo de construção da Carta Mundial de Mídia Livre. A iniciativa, aprovada durante a terceira edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) – realizado na Tunísia em março, como parte das atividades do Fórum Social Mundial 2013 –, pretende reunir os mais diferentes atores do setor em torno de princípios e direitos fundamentais para o exercício da comunicação livre nos diferentes países. O objetivo é construir um documento referencial para o conjunto dos veículos e ativistas deste campo, que permita avaliar, ao longo do tempo e em comparação à realidade de outras nações, o cenário dos meios de comunicação. A Carta será assim uma plataforma estratégica para a atuação conjunta dos movimentos e organizações que lutam pela democratização da mídia em todo o mundo.

«Desde de 2009, quando aconteceu o primeiro Fórum Mundial de Mídia Livre, em Belém, o movimento de comunicação cresceu internacionalmente. A construção desta Carta será um momento de reunir e articular o conjunto dos atores e militantes da mídia livre nos mais diferentes países e debater os desafios para garantir a liberdade de expressão», avalia Marion Bachelet, do E-joussour, portal da sociedade civil do Maghreb-Machrek (norte da África e Oriente Médio). Para Mohamed Leghtas, também do E-joussour, a Carta deve ser um instrumento de mobilização do movimento, e o Fórum Mundial de Mídia Livre pode passar a ser o espaço de reunião daqueles que aderirem a esta Carta.

O desafio não é pequeno. A própria definição de «mídia livre» engloba uma enorme multiplicidade de meios, de rádios e TVs comunitárias e associativas a blogs, sites e jornais alternativos, podendo passar inclusive pela mídia pública. A mídia livre inclui ainda os jornalistas, comunicadores,  educomunicadores, blogueiros, produtores de vídeo e desenvolvedores de tecnologias livres comprometidos com a construção de alternativas aos modelos de comunicação monopolizados ou controlados pelo poder econômico.

«O que todos tem em comum é o trabalho pela transformação e pela justiça social», explica a senegalesa Diana Senghor, do Instituto Panos da África Ocidental. «Mas como há um grande número de iniciativas que não se conhecem, a Carta Mundial da Mídia Livre pode ser um instrumento para articular geograficamente diferentes tipos de mídia em diferentes estratégias de ação», acredita.

Por fim, o documento também pode contribuir para que os movimentos sociais e populares que participam do processo do Fórum Social Mundial compreendam que a luta por uma mídia livre também é um desafio central na luta por outra globalização, não apenas como um instrumento de comunicação mas como um direito em si.

Toró de princípios

Para dar um pontapé na construção da Carta Mundial de Mídia Livre, o III FMML promoveu uma atividade em Tunes, na qual os participantes levantaram as primeiras ideias dos princípios fundamentais e direitos a reivindicar que devem constar do documento. Um deles é o reconhecimento da comunicação como um direito e da informação plural como base para a formação de sociedades efetivamente democráticas e de uma opinião pública crítica e independente. Neste sentido, outro direito a se reivindicar na Carta é a afirmação dos movimentos sociais como produtores de informação essenciais para ampliar diversidade das mensagens que circulam no seio da sociedade civil.

A importância de uma regulação democrática para coibir a concentração da propriedade dos meios e do desenvolvimento de políticas públicas de comunicação com participação popular também foi lembrada no debate. Assim como o aspecto estratégico do acesso universal às novas tecnologias de comunicação e informação como a internet, que, num cenário de convergência tecnológica, deve permanecer livre de interesses exclusivamente econômicos. Da mesma forma, reafirmaram a necessidade de construção de um modelo econômico para a mídia livre independente das forças do mercado, que não seja dominado pela ditadura da audiência e da publicidade.

Diante da ameaça de autoridades políticas e econômicas e da repressão por parte de governos autoritários, os participantes do FMML destacaram ainda a necessidade de garantia de proteção aos jornalistas, blogueiros e comunicadores populares no exercício de suas atividades. E reforçaram a importância da educação para a mídia e da descolonização da produção do conhecimento.

«Será um documento amplo e ao mesmo tempo objetivo, no qual trabalharemos ao longo deste ano e que será validado na próxima edição do Fórum Mundial de Mídia Livre, em 2014», conta  Danielle Moreau, presidente da ONG francesa Ritimo. Para elaborar a primeira versão da Carta, será formado um grupo de trabalho internacional, que contará com a participação das organizações brasileiras Intervozes e Ciranda. Em agosto, a primeira versão do documento será colocada, em cinco idiomas, em consulta pública na internet, para receber contribuições de adendos, modificações e exclusões no texto.

No final do ano, uma nova versão será disponibilizada para coleta de adesões iniciais, visando seu lançamento no primeiro semestre de 2014. A próxima edição do FMML deve, além de lançar a Carta, discutir estratégias para a apropriação do documento pelos movimentos sociais e atores da mídia livre e sua utilização em prol da defesa do direito à comunicação nos diferentes países, junto à sociedade civil e aos órgãos governamentais e multilaterais, como a relatoria especial das Nações Unidas para a liberdade de expressão.

Leia também: III Fórum Mundial de Mídia Livre divulga Declaração final de Tunes

Fórum Mundial de Mídia Livre divulga Declaração final de Tunes

Junto com o lançamento do processo de construção da Carta Mundial de Mídia Livre , a comissão organizadora do III FMML divulgou esta semana a Declaração final de Tunes, aprovada pela Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação do Fórum Social Mundial 2013. O documento, entre outros pontos, destaca a importância da mídia livre nas lutas pela transformação social na Tunísia e das rádios comunitárias para o exercício da liberdade de expressão nos países africanos.

Leia abaixo a íntegra do documento:

Declaração de Tunes
Documento aprovado pela Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação do Fórum Social Mundial 2013.

Tunes, 29 de março de 2013.
Nós, participantes, protagonistas e ativistas (s) da informação alternativa, que utilizamos a comunicação como ferramenta para a mudança social e defendemos o direito à comunicação e a liberdade de expressão, reunidos(as) em Tunes de 24 a 29 março de 2013, no III Fórum Mundial de Mídia Livre (III FMML), consideramos essa reunião altamente simbólica, pois foi realizada no país onde as mídias livres têm desempenhado um papel importante na mudança social.

Durante esse Fórum, que deu atenção especial às rádios comunitárias e associativas, ferramentas indiscutíveis para a democratização, mas não são reconhecidas legalmente em países da região,  diferentes temas foram discutidos: o processo do FMML, o direito à comunicação e informação como bens comuns, a apropriação tecnológica, as condições para uma internet livre, a regulação e principalmente as condições para promoção deste o setor de interesse público como elemento essencial do desenvolvimento e da democracia.

Considerando:

– Que a informação e o conhecimento são bens comuns o direito à comunicação é um direito fundamental e inalienável;
– Que todo campo midiático, que é parte estruturante da democratização do Estado e da sociedade, deve ser regido em observância ao Artigo 19 da Declaração dos Direitos Humanos, assim como referenciado na ética e na deontologia da comunicação, tal como consignado pelas cartas adotadas mundialmente e promovidas regional e internacionalmente pelos profissionais da área.

Constatando:
– O estrangulamento da comunicação pelos poderes político, econômico e industrial
– A instrumentalização e a mercantilização da informação pelos Estados e os grandes grupos de mídia;
– O aumento da concentração de poder e dos grupos de mídia;
– A incompatibilidade entre os velhos marcos  legais e os sistemas de mídia que evoluem  junto com os avanços tecnológicos;
– Uma ausência quase total de leis em favor do acesso da cidadania à informação pública;
– A falta de apoio à cidadania para a produção e disseminação de informação plural, diversificada e crítica;
– Liberdades de expressão e de imprensa minadas por leis repressivas;
– Uma repressão violenta contra a cidadania interessada na informação;
– A importância da inclusão digital para destravar o exercício do direito à comunicação;
– As ameaças à proteção de dados pessoais na internet;
– A falta de acesso aos meios de comunicação pela maioria das populações economicamente desfavorecidas;
– A criminalização, pela grande imprensa, da maioria das vozes sociais que desafiam a concentração de poder político, militar ou econômico;
– A invisibilização, pela grande imprensa, das ideias e os debates voltados à transformação da sociedade, em particular os que ocorrem no processo do Fórum Social Mundial; 
– A emergência de mídias livres e cidadãs que contribuem às mudanças sociais e políticas, como demonstrado pela Primavera Árabe.

Observando mais particularmente no Maghreb-Machrek e na África:
– A necessidade de um campo midiático diversificado e democrático, alimentado por uma participação efetiva e pelo exercício legítimo e protegido da liberdade de expressão pela cidadania;
– A luta pelo reconhecimento legal das rádios comunitárias e associativas, como uma alavanca decisiva para o futuro das sociedades e seus modos de governança em a todos os níveis e em todas as áreas da vida comunitária.

Lançamos um chamado pelo/a:
– Acesso livre e democrático à informação, de acordo com os princípios universais dos direitos humanos;
– Implementação do direito à comunicação de acordo com as normas e convenções internacionais;
A defesa de marcos regulatórios que garantam o acesso à informação e  liberdade de expressão para todos;
– Criação de autoridades reguladoras para a radiodifusão, que sejam verdadeiramente independentes de autoridades políticas e poder financeiro;
– Acesso ao espectro de rádio pelas mídias associativas e comunitárias, especialmente na região do Maghreb-Machrek, com o reconhecimento legal das rádios comunitárias que formam o terceiro setor de radiodifusão, ao lado dos setores público e privado, e a atribuição de frequências estas rádios, de forma justa;
– Implementação de políticas públicas de apoio à diversidade e pluralidade dos meios de comunicação;
– Acesso gratuito e universal à conectividade com a Internet ;
– Defesa de uma Internet livre e  governada democraticamente;
– Descentralização e apropriação de infraestrutura e software livre (Mesh P2P);
– Promoção de criptografia para proteger o anonimato nas comunicações;
– Promoção da cultura livre, da banda larga livre, do acesso gratuito à Internet, do conceito de bens comuns e a defesa da filosofia do software livre, para garantir a soberania tecnológica.

Nos comprometemos a:
– Aprofundar o diálogo entre a mídia livre e movimentos sociais em torno dos direitos à comunicação e ao conhecimento e da violação desses direitos;
– Apoiar iniciativas ativistas voltadas à efetivação do direito à comunicação;
– Estabelecer uma rede para coordenar campanhas voltadas a proteger e reforçar o direito à comunicação;
– Refletir sobre um modelo que garanta a viabilidade, sustentabilidade e independência dos meios de comunicação livres;
– Criar um grupo de redes de compartilhamento entre países do Norte e do Sul para promover a utilização de hardware e software livres para democratização e difusão massiva dos saberes tecnológicos;
– Construir e desenvolver alternativas livres para reforçar o universo das redes sociais livres;
– Refletir sobre o impacto ambiental da utilização de novas tecnologias;
– Defender que os eventos do Fórum Social Mundial sejam precedidos de um diagnóstico dos direitos, liberdades e garantias de comunicação no país sede, e do grau de acesso dos(as) habitantes aos meios de comunicação;
– Desenvolver a Carta Mundial de Mídia Livre, que elenque valores,  princípios e um código de ética comuns aos ativistas das mídias livres;
– Continuar a construção do processo do Fórum Mundial de Mídia Livre.

Governo regulamenta sanções às rádios e TVs conforme lei arcaica

Enquanto a sociedade reivindica que o Governo Federal coloque em consulta pública um novo marco regulatório das comunicações, o Ministério das Comunicações publicou em abril uma nova portaria com o objetivo de definir de forma mais clara e criteriosa as punições a serem aplicadas a emissoras de rádio e TV. Com a entrada em vigor do  Regulamento de Sanções Administrativas (Portaria nº 112), pela primeira vez o governo brasileiro dispõe de uma metodologia com critérios, parâmetros e classificação de infrações para aplicação de sanções a veículos de radiodifusão.

O novo quadro de classificação de infrações define-as como leves, médias, graves ou gravíssimas, de acordo com o tipo de desobediência às normas apresentado na lista anexa ao documento. “Dificultar o trabalho do agente de fiscalização” ou “descumprir as finalidades constitucionais e legais do serviço de radiodifusão” são consideradas faltas graves, por exemplo. Constitui, por outro lado, infração gravíssima “admitir, como diretor ou gerente pessoa que esteja no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial”.

As sanções previstas pela portaria são de diferentes tipos. As emissoras infratoras podem receber advertência, multa, suspensão, cassação ou revogação de autorização. No ano de 2012, antes da definição da metodologia, foram aplicadas 741 sanções, sendo 612 multas, 126 suspensões, duas cassações e uma suspensão com multa (em alguns casos ainda se pode recorrer). Desde 2011, o Ministério das Comunicações disponibiliza periodicamente um quadro com a lista das emissoras penalizadas.

As multas aplicadas têm como referência um valor máximo definido pelo Ministério das Comunicações a cada três anos. Esse valor atualmente é de R$76.155,21, atualizado em dezembro de 2011. São considerados para o cálculo o tipo de serviço, a sua abrangência e a gravidade da infração.

Em uma hipotética cidade brasileira, por exemplo, com menos de 5 mil habitantes, com um IDH considerado baixo (menor que 0,5), em que uma rádio FM com alta potência (40 km de área de serviço) cometesse pela primeira vez uma infração leve, pagaria uma multa de R$ 2,1 mil (2,8% do valor máximo da multa). No caso de uma emissora de TV de alta potência (66km de área de serviço), em uma cidade com mais de um milhão de habitantes, com alto IDH (maior que 0,8), que cometesse pela primeira vez uma infração gravíssima, o valor a pagar já seria de R$ 16 mil (21% do valor máximo).

Ainda que esses valores sejam baixos quando consideradas as grandes empresas de comunicação, para Otávio Pieranti, Diretor de Acompanhamento e Avaliação em Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, as multas não podem ser consideradas “simbólicas”. Com a utilização de um fator de reinidência a entra no cálculo, a opção do Minicom teria sido por “punir com mais rigor a entidade que comete infrações de forma sistemática”, defende.

As entidades infratoras podem fazer acordo com o Secretário de Serviços de Comunicação Eltrônica de celebrar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o consequente arquivamento do processo administrativo de apuração da infração. Segundo Pieranti, “o TAC não é um benefício para a entidade em detrimento da sociedade: ao contrário, tal como ocorre em diversos outros segmentos e atividades econômicas onde existe TAC, seu objetivo é a adequação da entidade para que o serviço seja praticado conforme as regras e atenda o interesse público”

Participação da sociedade

O Regulamento de Sanções Administrativas passou por um processo de consulta pública em julho e agosto do ano passado, período em que recebeu propostas da sociedade para a aplicação das penalidades. De acordo com o Ministério das Comunicações “foram avaliadas as sugestões em seus aspectos legais, técnicos e quanto à viabilidade de sua execução”.

Para Paulo Victor Melo, da coordenação do Intervozes, “um dos grandes problemas do regulamento é não garantir um forma real da população se defender das programações das emissoras como previsto no artigo 220 da Constituição”. Segundo ele, “ao contrário do anseio da sociedade, o Ministério vem soltando portarias e decretos de forma fatiada, que buscam pequenas adequações legais e que tem pouco sentido frente à proposta dos setores que lutam pela democratização da comunicação de se implementar uma nova lei que substitua a antiga, já vigente há mais de 50 anos”.

De acordo com informações do Minicom, as denúncias sobre infrações podem ser encaminhadas pela sociedade por carta ou e-mail para o endereço denuncia@mc.gov.br O ministério disponibiliza ainda um serviço de atendimento presencial, por telefone (61 3311-6464) e por e-mail (atendimento@mc.gov.br).

Confira a Portaria nº 112: http://www.mc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26765&catid=273
http://www.mc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26765&catid=273

Alagoas se mobiliza para reinstalação de Conselho de Comunicação

Entidades da sociedade civil têm se mobilizado para a retomada do funcionamento do Conselho Estadual de Comunicação Social de Alagoas (Consecom). Em uma reunião realizada no dia 30 de abril, dez instituições integrantes da última gestão do órgão indicaram nomes para os cargos. O processo aguarda a nomeação dos conselheiros pelo governador Teotônio Vilela (PSDB) e a publicação no diário oficial.

O Consecom se encontra fora de operação há cerca de três anos. Em 2010 houveram três tentativas de se realizar reuniões, que vieram a fracassar por falta de quorum. O presidente do conselho e representante do Sindicato dos Jornalistas, Marco Guimarães, afirma ter se instalado “uma letargia no Conselho por falta de interesse do governo”.

Segundo Guimarães, a sessão estadual do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), responsável por parte da atual mobilização, pretende após a nomeação reestruturar o conselho. “Queremos torná-lo deliberativo e ampliar seu espaço para que mais atores possam participar”, afirma. A publicação é aguardada para o fim do mês.

De acordo com Élida Miranda, associada do Intervozes que participa das atividades de reinstalação do Consecom em Alagoas, o interesse dos governo estadual em fazer funcionar e criar conselhos em outros setores para garantir o aporte de verbas federais previstas serviu de “munição” para que a sociedade civil questionasse a inoperância do conselho de comunicação. “Por que esse conselho que já existe e possui demandas não poderia voltar a funcionar?”, questiona.

Em funcionamento desde 2001, o Conselho de Comunicação de Alagoas é composto por 17 conselheiros, indicados por entidades de classe, instituições de ensino e secretarias estaduais . Possui caráter consultivo e tem por atribuição acompanhar políticas públicas de comunicação.

Um fato de destaque de sua atuação, segundo o presidente do conselho, foi a defesa da manutenção da Secretaria de Comunicação (Secom), quando foi proposta a sua extinção. Outro momento de importância teria sido durante a realização da primeira Confecom em 2009, quando o órgão teria desempenhado um “papel  preponderante” na fase estadual do processo. Além disso, teria editado alguns exemplares de um “Cadernos de Debates”.

Assim como em alguns outros casos, o conselho de comunicação está previsto na constituição do estado de Alagoas (artigo 212), mas é um dos pouco dentre esses que chegou a funcionar. Teria sido criado no contexto da disputa entre elites locais, sem que houvesse uma real demanda da sociedade civil.

Para saber mais sobre conselhos estaduais clique aqui: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_onde_estamos_e_para_onde_vamos