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‘Um Laptop por Criança’ adota sistema operacional da Microsoft

O objetivo era fornecer a milhões dos mais pobres estudantes do mundo um laptop de US$ 100 que rodasse com software livre, de código aberto. Mas vendas decepcionantes e problemas de custos fizeram o projeto sem fins lucrativos "Um Laptop por Criança" (OLPC, na sigla em inglês) recorrer à Microsoft e a seu sistema operacional Windows, numa tentativa de recuperação.

Num acordo anunciado ontem, a OLPC começará a testar seu laptop com Windows e outros softwares da Microsoft em vários países em desenvolvimento no mês que vem. As máquinas de teste serão apenas Windows – a Microsoft vai vender o sistema operacional à OLPC como parte de um pacote de software por apenas US$ 3. O fundador da OLPC, Nicholas Negroponte, diz que, depois do teste, o laptop verde e branco será oferecido em outubro como uma máquina "dual boot", que pode rodar tanto o Windows quanto seu sistema operacional atual, o Linux, de código aberto.

O uso exclusivo de software livre poderia prejudicar a capacidade da Microsoft de no longo prazo dominar a informática de uso pessoal nas economias emergentes, da mesma maneira que faz no mundo desenvolvido. Se milhões de jovens estudantes aprendessem a usar um computador que só roda software livre, acreditava-se, eles poderiam ficar menos propensos a comprar programas da Microsoft quando entrassem na força de trabalho.

O casamento entre a OLPC e a Microsoft já provocou acusações de proponentes do software de código aberto de que Negroponte abandonou a missão básica de sua entidade de promover o aprendizado colaborativo – uma acusação que ele refuta. Nos últimos dois meses, a OLPC perdeu dois empregados importantes, inclusive seu ex-diretor-geral, Walter Bender, por causa dos laços cada vez mais estreitos da entidade com a gigante do software. Bender diz que havia trabalhado com Negroponte por cerca de 30 anos.

"Sim, isso irritou algumas das pessoas que acham que temos de permanecer fundamentalistas", diz Negroponte, um professor licenciado do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT. Mas, afirma, "nossa missão não é o código aberto. Nossa missão são as crianças e o aprendizado".

Até agora, o pacote do laptop OLPC vinha com o Linux, uma plataforma de aprendizado de código aberto chamada Sugar e um software educacional que podia ser modificado livremente. Ele foi desenvolvido pela entidade e por milhares de voluntários. Negroponte diz que as vendas de software livre prejudicaram as vendas, com alguns países relutantes em se comprometer com um computador não-padronizado, que não rodasse Windows.

Até o momento, a OLPC vendeu apenas cerca de 600.000 unidades – a maioria para o Peru, o Uruguai e consumidores americanos que participaram no ano passado de um programa de doações "Dê um. Compre um". Negroponte, que apresentou o plano do laptop de US$ 100 com grande fanfarra três anos atrás, havia originalmente previsto que o projeto venderia de 100 milhões a 150 milhões de micros em 2008.

"Este acordo vai certamente aumentar os números", diz Negroponte, que o comparou com o salto nas vendas de computadores da Apple depois que ela trocou os microprocessadores para os da Intel, que os permitiam rodar também o Windows.

Como micro Linux, o laptop da OLPC apresentava problemas potenciais de concorrência para a Microsoft no mundo em desenvolvimento, onde a penetração dos computadores continua baixa, e alguns países pobres expressaram interesse em software livre, de código aberto.

O presidente do conselho da Microsoft, Bill Gates, criticou publicamente um protótipo do laptop da OLPC – que originalmente incluía uma manivela para alimentar a bateria – numa conferência em 2006, dizendo: "Pôxa, pegue um computador decente no qual você possa de fato ler o texto e não ficar sentado lá girando a coisa enquanto tenta teclar."

Mas o relacionamento ficou mais próximo no ano passado, quando a OLPC ficou mais perto da produção real. "Esta é uma boa jogada defensiva da Microsoft, para assegurar que este mercado, se se desenvolver, não lhe escape", disse Roger L. Kay, um analista de mercado de informática da Endpoint Technologies Associates, de Wayland, Massachusetts. "Não é que eles esperem ganhar muito dinheiro vendendo software de US$ 3 às pessoas. Mas eles querem se assegurar de que não perderão esse mercado para alguma outra plataforma." Ele acrescentou que "não seria impossível" para a OLPC dobrar suas vendas no próximo ano.

* fonte: Steve Stecklow, The Wall Street Journal

Microsoft recorre de multa de ação antitruste na Europa

A Microsoft recorreu na sexta-feira (9) contra a multa de 899 milhões de euros (cerca de R$ 2,3 bilhões) imposta pela Comissão Européia (braço executivo da União Européia) depois que a empresa deixou de cumprir determinações antitruste anteriores. "A Microsoft entrou hoje com um pedido na Corte de Primeira Instância para a anulação da decisão de fevereiro", disse a empresa de softwares, em comunicado.

A multa foi imposta em fevereiro por causa da lentidão da Microsoft em tornar os sistemas operacionais mais acessíveis aos concorrentes. Embora este seja o maior valor já imposto pela Comissão Européia em um caso antitruste, representa apenas 60% do valor máximo que poderia ser aplicado.

A Microsoft tem uma longa história de problemas com a Comissão Européia. O caso data de 2004, quando a comissão concluiu, após uma investigação de cinco anos, que a participação do sistema operacional Windows no mercado de computadores pessoais (PCs) era abusiva.

Em particular, a Comissão Européia acusou a Microsoft de usar sua influência sobre os sistemas operacionais dos PCs para afastar a concorrência nos mercados mais competitivos de "media players", que tocam músicas e exibem vídeos, e de sistemas operacionais que funcionam em servidores de apoio. A comissão da UE impôs sobre a gigante do software uma multa de 497 milhões de euros, recorde na época, com a ameaça de multas adicionais pelo não cumprimento das determinações.

Em julho do ano passado, a Microsoft recebeu mais uma multa de 280 milhões de euros, após a Comissão Européia concluir que a empresa não estava respeitando suas decisões. As informações são da Dow Jones.

OLPC pode abandonar Linux e usar só Windows no laptop de US$ 100

Um dia após a saída do presidente de software da One Laptop per Child, Walter Bender, o fundador e presidente do conselho do projeto educacional afirmou que o laptop XO pode usar apenas o sistema Windows XP, com as aplicações educacionais criadas para o sistema Sugar rodando sobre o software da Microsoft.

Nicholas Negroponte também afirmou à Associated Press nesta terça-feira (23/04) que a insistência da OLPC em usar apenas software gratuito e de código aberto impediu a melhora da usabilidade do XO e vem afastando potenciais novos usuários.

A interface gráfica para usuário do Sugar, por exemplo, "cresceu sem critério" e "não tinha arquitetura de software que contemplava seu crescimento ordenado", afirmou. Também, os laptops não suportam a versão mais recente do Flash, amplamente usado por sites educacionais para crianças.

"Existem alguns exemplos como estes, que temos que resolver sem se preocupar sobre o fundamentalismo da comunidade de código aberto", continua. "É possível ser um defensor do código aberto sem ser um fundamentalista do código aberto".

Negroponte também afirmou que a versão dual-boot, em que XO poderia rodar tanto o Windows como o Linux, estará logo pronta. Ele já revelou em janeiro que o grupo está trabalhando com a Microsoft na versão com ambos os sistemas.

A admissão que o XO pode eventualmente rodar apenas Windows, no entanto, deverá desagradar muito os que mais suportaram o projeto, que vêem o OLPC e sua preferência por softwares abertos como uma maneira de desafiar a dominação da Microsoft.

Mas a estratégia da OLPC pode também ser mais atrativa para novos usuários, tanto educadores como consumidores convencionais comprando XOs para seus filhos.

A mudança para Windows também poderia remover barreiras impostas tanto pela Microsoft como pela Intel, que oferece um laptop rival com Windows, chamado Classmate PC.

Uma fonte próxima à OLPC afirmou que o grupo ainda está mostrando laptops usando a distribuição própria de Linux Sugar ainda para possíveis clientes, mas indicou sua vontade de oferecer o XP a clientes educacionais para tentar minimizar problemas de compatibilidade.

Bender afirmou ao blog OLPC News que não sabia de nenhum plano sobre uma suposta versão apenas com Windows do XO. O ex-presidente, no entanto, afirmou à AP que planejava o lançamento de um esforço independente para fazer com que o Sugar rodasse em outros PCs além do XO.

Negroponte pretende "apenas ver laptops de baixo custo nas mãos de crianças", afirmou Michael Evans, do conselho da OLPC, após a Microsoft anunciar que ofereceria Windows e Office para estudantes por 3 dólares em países em desenvolvimento. "Se isto significa que as companhias preencham esta requisição, ele estaria feliz. Nossa missão não é vencer Apple, Dell ou Microsoft".

Ironicamente, Evans é vice-presidente de desenvolvimento corporativo da Red Hat, desenvolvedora de Linux cuja distribuição Fedora foi usada de base para o Sugar.

ISO aprova padrão Open XML da Microsoft; Brasil foi contra

Com 86% dos votos favoráveis de todos os países que participaram do processo de análise de estudos técnicos, o padrão Ecma Office Open XML, desenvolvido pela Microsoft, obteve certificação internacional da Organização Internacional de Padronização (ISO) e da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC).

De acordo com informações divulgadas pela Microsoft Brasil, nesta terça-feira, 1/4, baseada em documentos disponíveis na internet, após mais de 14 meses de intensa discussão, a proposta do padrão Open XMNL recebeu apoio da maioria dos países que fazem parte da ISO.

No Brasil, no entanto, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) votou contra a adoção do Open XML como padrão para formato de documentos, além do já aprovado ODF (Open Document Format), segundo informação divulgada na quinta-feira, 27/3.

Segundo as regras da entidade internacional de padronização, para se obter uma certificação internacional é necessário ter 75% dos votos. Adicionalmente, os participantes dos organismos internacionais, conhecidos como membros-P, também apoiaram o Padrão Open XML.

Nesse caso houve uma votação superior com 75% dos votos, sendo que bastavam 66,7% para garantir a aprovação. Agora, o Open XML passa a fazer parte dos padrões de formato de documentos abertos reconhecidos pela ISO e IEC, como o HTML, PDF e ODF.

ABNT rejeita formato de documentos OpenXML da Microsoft

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) decidiu manter a resolução de votar, definitivamente, contra o processo de aprovação do formato de documentos abertos Open XML, desenvolvido pela Microsoft, e encaminhada pela ECMA (European Computer Manufacturers Association) à ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission).

No momento, o único formato aberto de documentos aprovado pela ISO é o Open Document Software (ODF), desenvolvido pela Oásis, comunidade de software livre, que deverá ser adotado como norma brasileira pela ABTN até maio próximo.

Reconhecida pelo governo brasileiro como único foro nacional de normalização, representante do País na ISO e na IEC, a ABNT iniciou suas avaliações do Open XML, em dezembro de 2006, pouco depois que a ECMA apresentou sua proposta à ISO/IEC para que o documento da Microsoft viesse a se tornar uma norma internacional.

Para a Microsoft, no entanto, nem tudo está perdido. “A Microsoft respeita a determinação e ressalta que esta iniciativa de certificação internacional continua em aberto no Comitê Integrado de Tecnologia (JTC-1) da ISO”, diz nota da assessoria de imprensa, divulgada na noite de sexta-feira, 28/3.

Segundo a Microsoft, desde meados de 2007 mais de 150 países, entre eles o Brasil, realizaram estudos técnicos sobre as características do padrão. Os resultados dessas análises servirão de base para que o Comitê Integrado de Tecnologia decida neste início de abril sobre a certificação do Open XML como um padrão internacional ISO, a partir da confirmação ou alteração dos votos desses países, levando em consideração as melhorias surgidas na reunião de Genebra, ocorrida no final de fevereiro.

“A Microsoft Brasil continuará a interagir com representantes da sociedade civil, empresas privadas, associações empresariais, universidades e governo federal no desenvolvimento do padrão OpenXML, que é uma opção ao padrão ODF. O OpenXML reconhece versões anteriores de formatos de documentos, permite a conversão dos documentos em ODF e vice-versa, sem que haja uma dependência a um único fornecedor para ambos os padrões”, diz a nota.

De acordo, com Cezar Taurion, consultor de negócios da IBM Brasil, que apóia o formato de documentos ODF, a tendência de não aprovação do Open XML é praticamente certa. “Globalmente já foram identificados mais de 3,5 mil problemas – foram em torno de 60 no Brasil – de inconsistências e incompatibilidades, e com tantos erros nas especificações muitos países devem manter o voto não”, afirma Taurion. “Além disso, foram encontrados nos documentos vários problemas de propriedade intelectual”, conta ele.

Segundo Taurion, é difícil dizer quais serão os próximos passos dessa batalha. Até ontem, 31/3, as entidades de padrão tinham prazo para manter ou mudar seus votos. “Provavelmente até fins de abril sai o veredito final. Na minha opinião, o que seria melhor para todos, era a Microsoft acatar a sugestão das várias entidades de padrões e integrar o OpenXML ao padrão ODF, já aceito pela ISO. Teríamos um único padrão (como os HTML e TCP/IP), e aí todos ganharíamos com esta garantia de interoperabilidade”, diz o consultor da IBM.