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Ex-presidente da Funai acusa Veja de inventar declaração

O ex-presidente da Funai Mércio Gomes acusa a Veja de inventar uma declaração sua na reportagem “A farra da antropologia oportunista”, publicada na edição desta semana. É a segunda acusação desse tipo contra a matéria. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro também diz não ter sido entrevistado pelos jornalistas.

“Eles pediram os meus telefones, eu passei, mas não me retornaram”, diz Gomes.

Na matéria, os repórteres afirmam que há quatro anos Gomes teria dito: “Diante desse quadro, é preciso dar um basta imediato nos processos de demarcação”, sobre a criação de reservas indígenas e quilombolas.

“Denego-lhe o falso direito jornalístico de atribuir a mim uma frase impronunciada e um sentido desvirtuante daquilo que penso sobre a questão indígena brasileira”, diz o ex-presidente da Funai, em seu blog.

Gomes, que também é professor da Universidade Federal Fluminense, critica duramente a reportagem. Em sua opinião, ela está “cheia de injúrias aos povos indígenas brasileiros”.

“Os autores da matéria, ao que tudo indica jornalistas jejunos no trato de tais assuntos, parecem perseguir uma linha editorial ou um estilo jornalístico em que a busca de objetividade possível é relegada ao interesse ideológico de denegrir as conquistas dos segmentos mais oprimidos do povo brasileiro e demonstrar o seu favorecimento aos poderosos da nação”, critica.

A Veja foi procurada, mas ainda não se posicionou sobre o fato.

Antropólogo da UFRJ diz que Veja “fabricou” declaração em reportagem

Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo e professor do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enviou carta à revista Veja, contestando declaração atribuída a ele pela publicação. Castro diz que matéria publicada na edição desta semana do semanário, intitulada "A farra dos antropólogos oportunistas", inventou declaração sua sobre os índios.

A reportagem de Veja diz que antropólogos e especialistas em cultura indígena "inventaram o conceito de 'índios ressurgidos" para se beneficiar da delimitação de terras destinadas pelo governo. O texto afirma que a "leniência" com que a Fundação Nacional do Índio (Funai) analisa e classifica  indígenas "permitiu que comunidades espalhadas pelo país se apresentassem como tribos desaparecidas", mantendo vínculo com a cultura e ficando sujeitas a direitos destinados pela União.

Para embasar a tese de que grupos se intitulam erradamente como índios, Veja publica suposta declaração de Castro, explicando a origem da cultura. "Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente de cultura indígena original". A reportagem diz ainda que o antropólogo é defensor da teoria dos "índios ressurgidos".

Em carta enviada à Veja, Castro diz que não teve contato com a reportagem da revista e que não concedeu entrevista aos autores da reportagem. "(…) Não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma. Na verdade, a frase a mim mentirosamente atribuída contradiz o espírito de todas declarações que já tive ocasião de fazer sobre o tema. Assim sendo, cabe perguntar o que mais existiria de "montado" ou de simplesmente inventado na matéria. A qual, se me permitem a opinião, achei repugnante", escreveu o antropólogo.

A revista, por sua vez, divulgou nota, contestando as críticas de Castro. Segundo a Veja, o antropólogo teria sido procurado por meio da assessoria de imprensa do Museu Nacional. Na ocasião, de acordo com a publicação, o antropólogo recomendou o uso de um artigo de sua autoria, chamado "No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é". O texto expressaria a opinião do especialista sobre o tema.

"A frase publicada por VEJA espelha opinião escrita mais de uma vez em seu texto ("Não é qualquer um; e não basta achar ou dizer; só é índio, como eu disse, quem se garante" e "pode-se dizer que ser índio é como aquilo que Lacan dizia sobre ser louco: não o é quem quer. Nem quem simplesmente o diz. Pois só é índio quem se garante", reforça a revista, acrescentando que o antropólogo "pode não corroborar" com a íntegra da reportagem, mas "concorda, como está demonstrada em sua produção intelectual", que a autodeclaração não é suficiente para que alguém seja considerado índio.

Após a resposta, o antropólogo publicou nova carta à revista, reiterando que o semanário "fabricou descaradamente" a declaração publicada. "Em meu texto sustento, ao contrário e positivamente, que é perfeitamente possível especificar diversas condições suficientes para se assumir uma identidade indígena", diz Castro. "Talvez os responsáveis pela matéria não conheçam a diferença entre condições necessárias e condições suficientes. Que voltem aos bancos da escola".

Paulo Henrique Amorim perde ação contra Diogo Mainardi

Em 06/09 do ano passado, a revista Veja publicou coluna deDiogo Mainardi, intitulada 'A voz do PT'. Nela, Mainardi fazia referência à Brasil Telecom, ao iG (pertencente à empresa) e aos jornalistas Paulo Henrique Amorim, Franklin Martins e Mino Carta, dizendo que todos faziam propaganda do governo e 'todos eles estavam na fase descendente de suas carreiras'. Ainda segundo Mainardi, tanto Amorim quanto Mino Carta se engajaram na batalha comercial do lulismo contra Daniel Dantas, sendo que Paulo Henrique receberia R$ 80 mil por isso.

Em razão deste texto, alegando ofensa a sua honra pessoal e profissional, além de violação à sua intimidade, Paulo Henrique Amorim entrou com ação na Justiça contra Diogo Mainardi e a Editora Abril – que publica a revista Veja – pedindo indenização por danos morais, em um valor 'não inferior a 1,5 mil salários mínimos', acrescido de R$ 0,50 por cada exemplar da revista posto em circulação.

No entanto, a ação foi considerada improcedente. Ojuiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível de Pinheiros, na capital paulista, disse que o artigo de Mainardi revelando a conduta de Amorim era matéria de interesse público. 'Não é possível esquecer que o autor das ação é um homem público, um jornalista renomado, uma personalidade notória, que, dessa forma, tem a sua imagem e vida íntima ou privada sujeita a uma maior exposição pública', disse a sentença.

O juiz disse, ainda, que quando se trata de mencionar a 'fase descendente' da carreira de Amorim, o intuito não foi de menosprezá-lo, mas de enfatizar que o jornalista está em um veículo de menor expressão do que esteve outrora. 'Sem dúvida o autor já foi jornalista da Rede Globo de Televisão, apresentando programas de elevadíssima audiência, de forma que a expressão 'carreira descendente' visa apenas identificá-lo como estando hoje em um veículo de menor expressão', fazendo referência ao IG.

A decisão é passível de recurso. A Editora Abril e Diogo Mainardi foram defendidos pelos advogados Alexandre Fidalgo e Thais Matos do escritório Lourival J. Santos.

Leia, a seguir, a íntegra da coluna de Mainardi, queoriginou a ação.

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'A Voz do PT José Dirceu tem um blog. Quer saber quanto o iG gasta com ele? Eu também quero. Quer saber de quem é o dinheiro do iG? É seu, tonto! De quem mais poderia ser? O iG pertence à Brasil Telecom. E a Brasil Telecom está na esfera dos fundos de pensão estatais. Eu já contei aqui na coluna como o lulismo tomou a Brasil Telecom de Daniel Dantas. Houve de tudo: financiamento ilegal de campanha, espionagem, chantagem, achaque e propina. Eu já contei também qual foi o papel de Lula na trama. Chega de me repetir. Quem quiser saber mais sobre o assunto,consulte o arquivo de VEJA. O que importa agora é como o iG está gastando seu dinheiro. E para onde ele está indo.

Luiz Gushiken é o ideólogo da propaganda lulista. Quando os fundos de pensão passaram a influir no iG, o portal se transformou na voz do PT. Caio Túlio Costa, aquele que Paulo Francis apelidou de 'lagartixa pré-histórica', foi nomeado presidente do grupo em maio deste ano. De lá para cá, além de José Dirceu, foram contratados como comentaristas Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta. Todos eles na fase descendente de suas carreiras. Todos eles afinados com o DIP de Luiz Gushiken. Mais do que isso: Paulo Henrique Amorim e Mino Carta se engajaram pessoalmente na batalha comercial do lulismo contra Daniel Dantas. Quer saber quanto o iG paga a Franklin Martins? Entre 40 000 e 60.000 reais. Quer saber quanto ele paga pelo programa de PauloHenrique Amorim? 80.000 reais.

O iG pode parecer pouca coisa. Mas é o terceiro maior portal do Brasil. Agora está pronto para difundir a propaganda do governo. O PT acaba de elaborar um documento em que pede uma 'mudança nas leis para assegurar mais equilíbrio na cobertura da mídiaeletrônica'. Muita gente está alarmada com o documento. O temor é que, num segundo mandato, os lulistas atropelem as leis para tentar aumentar seu controle sobre a imprensa. O fato é que isso já aconteceu pelo menos uma vez neste mandato, quando a turma de Luiz Gushiken tomou de assalto o iG.

O documento do PT fala em oferecer 'incentivos econômicos para jornais e revistas independentes'. Independente, para o PT, é José Dirceu. É Franklin Martins. É Paulo Henrique Amorim. É Mino Carta. É o assessor de imprensa de Delcídio Amaral, que tem um blog político no iG. Sófalta o Luis Nassif. Essa é a turma que, segundo o PT, precisa de incentivos econômicos do Estado. Carta Capital sempre atacou Daniel Dantas. Acaba de ser recompensada por um acordo com o iG. De quanto? Eu quero saber.

Lula cantarolou a seguinte marchinha, como relatam os repórteres Eduardo Scolese e Leonencio Nossa no livro Viagens com o Presidente: 'Ei, José Dirceu,

devolve o dinheiro aí,

o dinheiro não é seu'

Lula conhece muito bem José Dirceu. Se diz que o dinheiro não é dele, é porque não é mesmo. Devolve o dinheiro aí, José Dirceu.'