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Para Franklin Martins, blogosfera pode reviver jornalismo ‘heróico’

O jornalista e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) Franklin Martins defende a necessidade de a blogosfera avançar na produção de reportagens. Ele acredita na retomada do que ele chama de "período heróico do jornalismo" com a ampliação do papel da internet como fonte de informação pela sociedade

Franklin, que ocupou o cargo no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso assumidamente otimista sobre o horizonte da comunicação no país. Ele participou do seminário "Mercado Futuro de Comunicação", organizado pela Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) em São Paulo, nesta segunda-feira (5). O evento é voltado a discutir as oportunidades do setor nos próximos anos, especialmente para pequenas e microempresas.

Falando a um público de editores de publicações alternativas, produzidas fora de conglomerados de mídia, o jornalista defendeu a necessidade de se evitar o estigma da segmentação. "Ser alternativa não é segmento, é fazer jornalismo alternativo, de grande qualidade onde o espaço público prevaleça sobre o privado", definiu.

A blogosfera, avaliou, embora cumpra uma importante função de "grilo falante" da imprensa, como Martins se acostumou a defender, "não conseguiu avançar na reportagem". A maior parte da produção vai no sentido de qualificar ou desqualificar o conteúdo publicado pela velha mídia, o que foi importante para revelar a verdade em episódios como o plágio de um artigo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em maio de 2010, e o que ficou conhecido como o "caso da bolinha de papel" atirada em José Serra (PSDB) durante a campanha eleitoral do ano passado.

O jornalista avalia ainda que a redução de custos para produção de conteúdo permite uma democratização importante, que precisa ser aprofundada com a criação de alguma forma de central de reportagem autônoma. O modelo seria o de uma central de uma rede de veículos que captaria recursos, absorveria e remuneraria a produção. O conjunto de publicações na internet, seja de portais de notícia, seja de blogues, reproduziria as reportagens, permitindo ampliar a visibilidade da produção. "Sozinho, ninguém tem 'bala na agulha' para isso", avalia.

O ministro citou reportagens importantes já produzidas por blogueiros autônomos como sinal de que é possível avançar nesse sentido. O primeiro exemplo foram matérias escritas por Conceição Lemes do VioMundo, sobre as enchentes em São Paulo no início de 2011. O segundo, mais recente, foram informações apuradas pelo deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) e pelo jornalista Fernando Brito sobre o acidente da Chevron na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

"Isso mostra que a blogosfera pode fazer isso, pode ir atrás de assuntos que a velha mídia não dá, seja porque não tem interesse em apurar, seja porque está cansada", sugere. "A blogosfera vai ter bala na agulha para isso? Será que pode ter uma central de reportagem, que capte recursos para isso, bancada politicamente por todo mundo?"

Ele avalia que o desafio é superar a opinião e entrar na seara da informação. "Mas o jornalismo heróico (do século 19) começou igualzinho, com muita opinião e pouca informação", disse. A necessidade de mudar deveu-se a demandas do público e da necessidade de se preservar a relevância.

O papel que cabe aos conglomerados de comunicação no Brasil depende da forma como essas empresas se comportarem. "Se a imprensa ficar de mal com o país, não vai a lugar nenhum, não manda em nada. Se pensar que Bolsa Família é 'bolsa-esmola', se for contra o Plano Nacional de Banda Larga, não chega a lugar nenhum", disse.

Mas ele descarta a possibilidade de a internet eliminar os jornais e revistas – embora possa eliminar a necessidade de impressos em papel. A questão é a necessidade de forjar um espaço público onde temas são trabalhados com mais profundidade e menos parcialidade. "Mas os jornais no Brasil são muito ruinzinhos, não se pautam pelo imponderável da notícia, mas pelos seus próprios preconceitos", sustenta.

Agência Carta Maior anuncia saída para superação da crise

A agência de notícias Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br) divulgou nessa quarta-feira ter encontrado uma saída para superar a grave crise financeira que enfrentou desde o final de 2006 e quase levou o veículo ao fechamento em março deste ano.

 

A agência acertou um acordo de publicidade com a empresa Gol Linhas Aéreas, explicando que o contrato com o anunciante garantirá a continuidade dos trabalhos da Carta Maior nos próximos meses.

 

Em seus mais de seis anos de atividades, a agência baseou seus patrocínios e acordos publicitários essencialmente em parcerias com o setor estatal, um dos motivos fundamentais da crise que acometeu o veículo a partir do final de 2006.

 

A crise gerou diversas iniciativas de solidariedade e apoio dos leitores, fato destacado pela agência no mesmo editorial em que divulga a saída atual para a crise.

 

No texto, Carta Maior anuncia que buscará daqui para a frente – e diante das mudanças climáticas que já assombram o mundo – “trazer para a nossa página as vozes da ciência e da pesquisa e intensificar o diálogo entre as perspectivas Socialistas e Ambientalistas no século XXI”, estreitando o diálogo entre “Socialismo, Democracia e Ambientalismo”.

 

A crise também parece ter ampliado as reflexões da agência em relação à democratização das comunicações e da carência de políticas públicas dos governos federal e estaduais no Brasil para veículos como a própria Carta Maior.

 

Neste sentido, entre outros pontos intitulados “dez passos para o século XXI”, a agência se compromete a “lutar contra o monopólio capitalista da opinião pública patrocinado por um Estado que concentra publicidade, crédito e incentivos fiscais para realimentar a hegemonia das idéias conservadoras. Lutar por uma política republicana de desenvolvimento destinada à micro e à pequena empresa jornalística de natureza não comercial. Essa política deve incluir: regras transparentes de acesso à publicidade estatal; financiamento público; incentivos fiscais e igualdade de acesso às informações de governo”.

 

Em termos de democratização do Estado brasileiro, a agência registra que a luta “para que o Estado submeta ao escrutínio popular todas as decisões estratégicas que possam condicionar o futuro da sociedade e da natureza” também corresponde a um dos “dez passos para o século XXI”.

 

Por fim, Carta Maior registra que a parceria com o portal UOL foi encerrada. 

Confira o editorial publicado pela Carta Maior.

 

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