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Telespectador poderá marcar consulta no SUS pela TV digital

O governo está concluindo a primeira leva oficial de conteúdo interativo para o modelo brasileiro de TV digital.

O CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) prepara para março a oferta dos aplicativos, com os resultados de teste-piloto feito em localidades do Estado de São Paulo.

Será um primeiro passo do governo no campo da programação interativa para TV, um dos pontos fracos do processo de implantação da tecnologia no país.

Os programas serão inicialmente veiculados na EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o canal do governo, mas serão abertos e disponíveis para qualquer emissora.

Alguns desses aplicativos terão viés social, como um que permite a marcação de consulta médica no SUS.

Outro fornecerá uma lista de vagas de emprego, permitindo ao interessado fazer consultas por cidade e área.

Um dos propósitos dessa leva de conteúdo é criar e mostrar os parâmetros de programação tanto para os canais públicos como para os comerciais.

O governo, a princípio, não pretende adotar uma regulação obrigando essas emissoras a ter projetos de desenvolvimento de aplicativos.

Há a expectativa de que, com a portaria que obriga a indústria a incluir a tecnologia da interatividade nas TVs e o consequente aumento do parque de televisores com o recurso, as próprias emissoras terão a iniciativa de produzir o conteúdo interativo.

Depois de anos de negociações com a indústria, o governo fechou, na semana passada, a portaria que obriga a presença do software de interatividade, o Ginga, em 75% das TVs fabricadas no país a partir de 2013.

Além do Ginga, o CPQD desenvolve o sistema informatizado a ser usado por prefeituras, serviços de emprego, emissoras e demais responsáveis no projeto.

Não há data certa para o início de alguns serviços na TV digital, como agendamento de consulta médica, pois a programação interativa depende da organização das prefeituras e das outras entidades envolvidas.

Os primeiros programas interativos no ar deverão ser de notícias, previsão do tempo e jogos.

Conversores com Ginga estarão à venda no segundo semestre, diz presidente do Fórum SBTVD

"Em abril a gente fecha o assunto interatividade, seja para o bem ou seja para o mal, por unanimidade, ou não", afirmou nesta terça-feira (10), ao Convergência Digital, o presidente do fórum SBTVD e vice-presidente do Grupo Bandeirantes, Frederico Nogueira. "Não tenho dúvida ao afirmar que teremos conversores com Ginga à venda no mercado já no segundo semestre deste ano", garantiu.

Oferecer interatividade ao telespectador brasileiro em 2009 é uma das prioridades do Fórum SBTVD. O módulo técnico que, hoje, trabalha nas especificações da API 'royalties free' do Java-DTV, tem prazo para encerrar o trabalho.

Os integrantes desse módulo têm até o dia 23 de março para entregar ao conselho deliberativo do Fórum SBTVD todas as alternativas possíveis para interatividade (Ginga com GEM, com Java DTV, só com NCL e Lua, etc), para tomada de decisão no decorrer de abril. "Não vou enrolar com esse assunto. Vou botar para votar", afirmou Nogueira.

Indagado se manteria essa posição ciente que ela poderia vir a representar uma divisão no Fórum, até aqui famoso por ter tomado todas as suas decisões por consenso, o executivo não titubeou.

"Mesmo que esse assunto venha do módulo rachado, a gente já sabe como virar e sabe o que tem que enfrentar", disse Nogueira, lembrando que lá atrás, no início dos trabalhos do Fórum, a votação pela obrigatoriedade do DRM na saída não foi consensual.

"O governo foi lá e derrubou. A gente pode decidir rachado e o governo tomar uma decisão no sentido contrário. O que é ruim para todos. Mas vamos decidir", completou. Frederico Nogueira assegura, no entanto, que o conselho não vai tomar uma decisão levando em conta apenas os aspectos técnicos, abandonando o custo a ponto de torná-lo inviável. Também não decidirá só pelo custo, comprometendo a qualidade do produto.

"A decisão será um mix das duas coisas. No Fórum, temos um equilíbrio de forças. Não conheço nenhum outro setor tão reunido para deliberar o caminho a seguir. Tomada a decisão, todo mundo vai naquele caminho. É democrático, é correto", assinalou.

Outras prioridades

Entre as outras prioridades do Fórum SBTV para 2009 estão a consolidação da implantação da transmissão no país e o aumento da produção HD por parte das emissoras.

"Fechamos o ano de 2008 com 11 cidades com transmissão digital: 10 capitais e uma no interior. A meta é fechar 2009 com as 26 capitais com sinal digital e boa parte das cidades de maior porte, com mais de 1 milhão de habitantes, também. Vamos trabalhar nesse sentido", disse.

Quanto ao aumento da produção HD (High Definition), já em abril, com o lançamento da programação 2009, Frederico assegura que duas grandes redes terão 100% das sua programação em HD e as outras três redes, no mínimo 50%. Hoje, apenas uma emissora tem 100% da sua produção HD. As outras oscilam entre entre 50% e 25%.

Royalties ameaçam lançamento oficial do Ginga

Responsável pela interatividade – o chamariz para a atração do consumidor para a TV Digital Terrestre aberta – o software brasileiro Ginga, em fase final de desenvolvimento, esbarra, agora, em questões ligadas ao pagamento ou não de licença de uso de interfaces Java. O impasse pode adiar o lançamento da versão completa do Ginga para o segundo semestre, quando o prazo esperado era final de abril.

O chamado ginga J, baseado na linguagem Java, pode ter que vir a pagar licença de uso de APIs, interfaces de aplicações, baseadas na linguagem, desenvolvida pela Sun Microsystems. A discussão acontece mundialmente, mas ainda não há uma posição oficial se há ou não obrigação relativa ao pagamento de royalties pelo uso de algumas interfaces (APIs).

O problema já mobiliza o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre. Isso porque na norma de criação da TV Digital aberta, apesar de não ser uma imposição, há uma diretriz que o Ginga deverá ser lançado de forma integral, ou seja, reunindo as duas vertentes – o Ginga NCL e o Ginga J.

Fontes que participaram da reunião do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, realizada na última segunda-feira, 25/02, na capital paulista, admitem que o impasse preocupa. Sem uma solução, o lançamento poderia ser adiado de final de abril para o segundo semestre.

"Será um problema se houver um atraso. A interatividade é o grande chamariz da TV digital e todos sabem que os fabricantes estão preocupados com a fraca demanda dos conversores, até porque o próprio ministro falou para a população não comprar os que estão no mercado por considerá-los caros e sem a interatividade", diz uma fonte que pede para não ser identificada.

Quando dois + dois são quatro

A norma do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre prevê dois diferentes "engines" para o Ginga, o middleware nacional da interatividade. São eles: o Ginga J e o Ginga NCL, este último, desenvolvido pela PUC do Rio de Janeiro para prover uma infra-estrutura de apresentação de aplicações baseadas em documentos hipermídia escritos em linguagem NCL, com facilidades para a especificação de aspectos de interatividade, sincronismo espaço-temporal de objetos de mídia, adaptabilidade e suporte a múltiplos dispositivos.

O Ginga NCL é declarativo e tem foco na sincronização de mídia, ou seja, ele é capaz de utilizar instruções ou procedimentos para definir o conteúdo (vídeo, áudio, imagens e textos) tornando-o um único conteúdo interativo. Esta versão, de acordo com as fontes presentes a reunião do Fórum, está bastante adiantada e dentro do cronograma que previa o lançamento de conversores no mercado com Ginga até o final de abril.

Já o Ginga J – hoje motivo do impasse – foi desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba, e tem como base a linguagem Java. O desenvolvimento da ferramenta também está bastante adiantada do ponto de vista tecnológico, mas, agora, há as dúvidas relativas à necessidade ou não de pagamentos de royalties (licenciamento) pelo uso de algumas APIs(Application Programming Interface ou Interface de Programação de Aplicativos).

Todo o temor com relação ao adiamento do lançamento oficial do Ginga para o segundo semestre reside no fato de o Ginga J complementar o Ginga NCL, uma vez que ele permite implementar qualquer tipo de algoritmo ou aplicações mais sofisticadas, não possíveis, do ponto de vista técnico na linguagem NCL, segundo explicações de especialistas ligados ao desenvolvimento do Java.

A discussão sobre royalties determinou, inclusive, uma maior participação da Sun, desenvolvedora da linguagem Java, no processo de criação do Ginga. Há um grande esforço para que o impasse venha a ser solucionado o mais rápido possível. O ponto central não é o fato de ter que pagar pelo uso das APIs Java, dizem as fontes, mas sim, a necessidade de a questão dos royalties ficar explicada de forma transparente para todos os integrantes do Fórum.

Essa definição é necessária para que, num futuro, o problema de licenciamento não venha prejudicar a evolução do Ginga no Brasil e, a venda do middleware, para outros países, que por ventura venham a adotar o sistema brasileiro de TV digital terrestre, que adapta o ISDB-T japonês. A norma de criação da TV Digital Terrestre especifica que o ideal é que o Ginga venha a ser lançado completo, ou seja, com as duas vertentes disponibilizadas, mas não há uma imposição oficial.

Segundo as fontes consultadas pelo Convergência Digital, já há uma parcela de fornecedores interessados em lançar uma versão do conversor (set-top-box) – equipamento que vai converter o sinal analógico para o digital – apenas com o Ginga NCL – que já permitiria interatividade para o consumidor final – comprometendo-se a tão logo a questão do Ginga J seja resolvida, incorporá-la ao seu produto. Esse posicionamento, no entanto, não é unânime e, por enquanto, a discussão está ainda centralizada no Grupo de Trabalho de Mercado do Fórum. O Governo não teria, pelo menos, segundo as fontes, sido consultado sobre a questão.

CEF realiza testes com middleware Ginga para oferecer serviços na TV digital

A AIKO, empresa do grupo Evadin, é a primeira fabricante de set-top-box do país a embutir o Ginga NCL num conversor. O produto, ainda experimental, está disponível na aplicação que a Caixa Econômica demonstra ao longo desta semana, para clientes e não-clientes na agência da Av. Paulista, na capital paulista, de simulação de contratação de crédito imobiliário. Participam ainda da iniciativa as empresas MOPA, HXD, e as emissoras SBT, MTV e Band.

No último dia 05/12, o Convergência Digital antecipou com exclusividade que a Caixa Econômica Federal seria a primeira instituição oficial a mostrar, ainda em caráter experimental, a primeira aplicação baseada no middleware Ginga NCL e com interatividade, para clientes de uma agência bancária em São Paulo.

A solução foi desenvolvida pelo consórcio formado pelas empresas brasileiras HXD e MOPA, desenvolvedoras de aplicações e do software Ginga, e pela AIKO, que disponibilizou o equipamento com o Ginga. Também há a participação de três emissoras de TV para a transmissão: SBT, MTV e Bandeirantes. A aplicação simula uma operação de crédito imobiliário através da interatividade via TV Digital.

"Apesar de todo o processo acontecer via TV, o equipamento disponibilizado pela AIKO já poderia, se houvesse um acordo, disponibilizar o retorno também via cable modem ou ADSL. A questão não é de tecnologia, mas sim, de modelo de negócios entre as partes envolvidas, em especial, radiodifusão e telecomunicações", explica o executivo responsável pela MOPA em São Paulo, Fernando Gomes. Os clientes e não-clientes da Caixa podem testar a interatividade do sistema ao longo desta semana na agência paulista.

Para o executivo da MOPA, o teste da Caixa Econômica Federal permite provar que o Ginga não "roda apenas em provas de conceitos". Gomes ressalta que a aplicação, em demonstração, revela o potencial de negócios que a TV Digital poderá trazer, através da interatividade permitida pelo Ginga. "Foi significativo trabalharmos com as emissoras de TV e mostrar que o Ginga é real. Que ele pode trazer rentabilidade para os negócios futuros. E mais: Que ele funciona fora das plataformas dos laboratórios", completou Gomes.