Arquivo da tag: Imprensa Alternativa

“Fazendo Media” pede apoio para manter sua sede

Publicação mantida por profissionais e estudantes de Comunicação Social, História e Educação, está lutando para a sua sede funcionando, no centro do Rio de janeiro. Saiba como ajudar.

O site Fazendo Media, mantido por profissionais e estudantes de Comunicação Social, História e Educação, está lutando para manter a sua sede, no centro do Rio de janeiro. Voltado à análise crítica da mídia e de suas relações com o poder político-econômico, o Fazendo Media é composto pelo site e por um jornal impresso, com periodicidade mensal. Marcelo Salles, um dos coordenadores do projeto, escreveu uma nota explicando as dificuldades de manter a publicação e solicitando a contribuição de quem quiser garantir a sua continuidade. Marcelo relata:

“Em março deste ano alugamos uma salinha no centro do Rio, em parceria com a revista Consciência.Net. O endereço, para quem quiser nos visitar, é: Rua do Ouvidor 50, 5° andar. É quase esquina com a Av. Primeiro de Março. A conquista desse espaço é uma vitória para o Fazendo Media, que conseguiu alugar sua primeira sede após cinco anos de trabalho. Entretanto, corremos sério risco de perdê-la. Em nossa última reunião mensal, realizada sexta-feira passada, dia 16 de maio, chegamos à conclusão de que nosso "caixinha" seria suficiente apenas para o pagamento de mais dois meses de aluguel".

"A receita projetada com a venda de assinaturas não se confirmou e, como não temos anúncio (a não ser os do Google, que até hoje não conseguimos sacar), a triste solução será entregar as chaves. Entretanto, como este fazendomedia.com possui 2 mil visitantes únicos por dia e circula por um número incalculável de pessoas via correio eletrônico, antes de desistir da sala vou fazer um apelo a cada um de vocês que me lê: faça uma assinatura do Fazendo Media impresso ou uma doação de qualquer valor. Sua contribuição pode ser decisiva para a continuidade do nosso trabalho, cujo objetivo final é a democratização dos meios de comunicação no Brasil”.

Há duas formas diretas para ajudar a manter o Fazendo Media:

Assinatura:
Um ano (doze edições): R$ 45,00
Dois anos (vinte e quatro edições): R$ 85,00

Conta para depósito:
Caixa Econômica Federal
Agência: 0222
Conta: 3131-2
Operação: 013

Carta Maior assume novo perfil e corte drástico na equipe

A Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br) publicou, nesta sexta-feira (10), editorial em que anuncia que ''não está para fechar'' mas que, numa ''decisão difícil'', está ''assumindo um novo perfil'', devido a dificuldades financeiras que se agravaram no início deste ano. A reestruturação, que tornou mais lenta a renovação de conteúdo, atingiu pesadamente a sua redação: de 20 jornalistas empregados no início do ano, dez deixaram a Carta Maior no primeiro semestre e outros oito nesta semana.

O editorial é assinado por Flávio Aguiar, editor chefe, e Joaquim Palhares, diretor presidente, um bem sucedido advogado que ajudou a viabilizar o projeto da publicação eletrônica multimídia. O anúncio das demissões é feito em tom constrangido. ''Para garantirmos a sobrevivência da página torna-se imperioso reduzir a redação. Queremos registrar aqui os nomes desses companheiros e companheiras que deram e continuarão dando contribuição indelével para a democratização da comunicação no Brasil, mas que tiveram e terão de buscar sua condição de sobrevivência de outra forma'', diz o texto.

Segundo informou ao Portal Imprensa a jornalista Bia Barbosa, demitida nesta semana, os profissionais não foram pegos de surpresa. ''Ninguém saiu bravo ou achando que as demissões foram uma decisão da empresa. Não houve outra alternativa, pois chegamos a um limite financeiro inviável'', disse ela. ''Está todo mundo triste, claro. A Carta Maior era um espaço diferenciado, onde tínhamos liberdade para escrever, na linha editorial e na pauta'', explica.

A Agência Carta Maior (que mais tarde passaria a assinar simplemente Carta Maior) nasceu durante a primeira edição do Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001, em Porto Alegre. Adotou como símbolo um globo que gira com o hemisfério norte embaixo, numna alusão a esta origem alteromundista e formou uma equipe de jornalistas cobrindo São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Sempre teve também como ponto forte a sua equipe de colunistas: Emir Sader – que desde o ano passado passou a manter um blog no site –, o sociólogo português  Boaventura de Sousa Santos, o economista Paulo Nogueira Batista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, entre outros.

Seu conteúdo adota o sistema de copyleft (de livre reprodução), e muitas de suas matérias têm sido veiculadas também em outros endereços progressistas da internet. Destacou-se no apoio editorial à candidatura Lula, em 2002 e 2006 e no acompanhamento crítico das turbulências políticas de 2005, com o Escândalo do ''Mensalão''. Adota uma postura de apoio ao governo federal porém distanciando-se em relação a aspectos como política macroeconômica, reforma agrária e meio ambiente. O estrangulamento financeiro teve origem na frustração de projetos de receita, via publicidade, ao lado de um aumento de custos, acarretado por exemplo com a mudança da sede da publicação.

Globalização impulsiona agências regionais

Em meio à tão propalada globalização em diversas esferas de nossas vidas cotidianas, há meios de comunicação que estão se voltando cada vez mais para o nosso continente. As notícias sobre a América Latina presentes nos grandes meios de comunicação são, diversas vezes, realizadas por agências de notícias internacionais que, além de terem seus interesses fincados em outras localidades, não possuem muito conhecimento sobre a realidade que envolve os países abaixo da fronteira sul dos EUA.

A partir do processo de globalização que vem afetando o continente, algumas pessoas e organizações não se sentem suficientemente representadas na mídia. Os grandes meios de comunicação brasileiros, devido a compromissos ideológicos e econômicos, divulgam mais notícias sobre países hegemônicos e distantes do que a respeito de nossos vizinhos. A globalização faz com que a população da América Latina cultive valores e pensamentos produzidos em uma realidade distante dos nossos países.

Um veículo de comunicação mais alternativo e que se situa à margem dessa situação entrou no ar em 1999. Trata-se da Adital, uma agência de notícias voltada apenas para a América Latina e Caribe. Primeiramente, a divisão "geográfica" entre essas regiões, realizada pela própria agência, já evidencia uma falta de delimitação correta ou explícita a respeito de que países integram a América Latina. O Mar do Caribe também atinge países como Colômbia e Venezuela, este último sempre figurando nos noticiários relacionado à região da América Latina.

Monopólio de informação

O nome "Adital" significa Agência de Informação Frei Tito para a América Latina. Frei Tito suicidou-se na França, em 1974, país onde buscara asilo,vítima da ditadura militar. A sede da agência é em Fortaleza (CE) e ela já ganhou prêmios, como em 2005, quando foi selecionada pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – como uma das três melhores agências de notícias entre as 20 melhores iniciativas de comunicação da região.

Iniciativas como esta só existem porque há uma demanda por notícias mais relacionadas à nossa região, algo que a globalização acabou deixando de lado. Essa integração ideológica e cultural, também produzida através do conteúdo da agência, não deixa de ser uma vertente da globalização em um âmbito de impacto mais regional.

Agências como a Adital também quebram o monopólio de informação presente nos veículos de comunicação, característica que se espalhou pelo continente. O Brasil, com a Rede Globo, é um exemplo claro, assim como a Televisa e a TV Azteca, no México. Mesmo que seja transmitida mais de uma versão sobre o mesmo assunto, é evidente o posicionamento ideológico das grandes redes interessadas na manutenção de seus poderes sobre a sociedade.

"Esquerda" e "direita"

Sociólogos, teólogos, professores universitários e jornalistas são alguns dos profissionais que integram a equipe da agência. Ela também recebe notícias de ONGs, organizações populares, centros universitários e igrejas. Além disso, o site possui uma coluna fixa com canais específicos que abordam temas que não figuram diariamente nos demais veículos, como direitos humanos, meio ambiente, mídia, questão agrária e movimentos sociais.

Pelo fato de publicar em seus artigos opiniões opostas às da grande mídia, o site pode ser tachado como sendo "de esquerda", porém por que não aceitar, ou pelo menos conviver, com opiniões de correntes ideológicas que não sejam as propagadas pelos EUA? Se vivemos em uma democracia, pelo menos na teoria, é natural que existam mídias mais "de esquerda" e outras mais alinhadas "à direita", apesar das mutações que esses conceitos sofreram com o decorrer do tempo.

Pensamentos divergentes

A globalização em curso no planeta promove verdades únicas e contribui para a uniformização do pensamento, a ponto de se considerar estranho alguém concordar com o fechamento da RCTV na Venezuela. O histórico que rege decisões como esta é abolido, em parte, por interesses que colocam o domínio de outras grandes empresas em jogo e, por outro lado, pela ânsia de absorver mais e mais informações disponíveis de diversas localidades do planeta.

Veículos como a Adital representam um avanço em certos aspectos. A vida e a realidade de nossos vizinhos podem nos influenciar diretamente, algo que a globalização acaba encobrindo. Prova disso é a recente onda de nacionalizações realizada por Evo Morales na Bolívia e, há alguns anos, a orquestração de golpes de Estado com a implantação de ditaduras para combater um "perigo vermelho" que rondaria a região. Além disso, é muito difícil encontrar opiniões divergentes nos grandes veículos de comunicação. Mesmo com formas diferentes, o conteúdo expresso em notícias ou artigos é bastante semelhante.

Que opinião estará mais correta? A de uma agência que ainda não é tão conhecida ou aquela divulgada por uma grande rede de televisão ou de jornal? Isso, cada pessoa é que vai decidir e formular uma visão a respeito de determinado assunto, levando em conta as variáveis que julgar necessário. Entretanto, para isso ocorrer, é fundamental entrar em contato com pensamentos divergentes, algo que a globalização que figura na grande mídia não proporcionou à América Latina.

 Active Image reprodução autorizada, desde que citada a fonte original.