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Seminário discute transição da televisão no Brasil

Reunir pessoas com o intuito de discutir a transformação da televisão e em que situação este meio se encontra no contexto de digitalização. Essa foi a proposta do seminário Televisão em Transição: Demandas da Comunicação para a Produção de Conteúdos, realizado na última quinta e sexta-feira, no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco. A TV Jornal, que já possui programas em standard definition (SDTV) e alta definição, ou high definition (HDTV) pelo canal 35, apoiou a iniciativa.

O evento realizado pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM/UFPE) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp: FAAC/Bauru) teve a participação do gerente de programação da TV Aparecida, Lauro Teixeira, e da professora do Programa de Pós-graduação em TV Digital da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Ana Silvia Médola. Na primeira explanação sobre o tema em questão, foram discutidas as reconfigurações do dispositivo televisivo. Já no segundo dia de debates, foram abordadas temáticas sobre a televisão e o design de interação.

Durante as exposições, o gerente de programação da TV Aparecida, Lauro Teixeira, abordou a diferença existente entre programas interativos e os que possuem altos índices de audiência. “Uma coisa é determinado programa usar as redes sociais e começar a receber participação massiva dos telespectadores, outra coisa é medir os números da audiência, pois existem programas que têm uma audiência enorme, mas que possuem uma participação baixa dos espectadores. Entretanto, para o mercado, o que interessa é a audiência.”

Já a professora da Unesp, Ana Silvia Médola, explicou que a televisão precisou aprender a driblar a questão do apoio publicitário por meio do merchandising inserido de forma mais leve na programação. “A novela Viver a Vida, que acabou recentemente, é um grande exemplo do uso do merchandising. Embora ela não tenha tido uma das maiores audiências no horário nobre, bateu recorde de merchandisings inseridos na trama. Isso ocorre porque os novos consumidores não ficam mais em frente ao aparelho receptor durante os intervalos”, pontuou.

A professora enfatizou também o conceito de transmídia (crossmídia), significado dado a um determinado conteúdo que opera em cruzamento com todas as outras mídias. “No caso da série americana 24 Horas, ela é constituída como uma matriz televisiva e a partir dela, você tem episódios feitos para a web, assim como histórias em quadrinhos, livros e DVDs, além de séries feitas para celular”, exemplificou.

O diretor-executivo da TV Jornal, Luiz Carlos Gurgel destaca dois aspectos importantes ligados à TV Digital e interatividade: o da qualidade ligada a própria sobrevivência econômica da televisão como produto e o da multiprogramação (colocar até quatro programas simultaneamente no mesmo canal). “Eu acredito muito mais no apelo da multiprogramação, do que no apelo da interatividade ou até mesmo da qualidade, porque na hora que você tiver vários conteúdos no mesmo canal, é claro que as pessoas irão querer ter acesso a esses programas.”

Internet e programação em 3D podem salvar televisão

San Francisco – Até pouco tempo atrás, os televisores estavam destinados a serem varridos pela internet, mas, para satisfação dos fabricantes, é justamente a internet e o sucesso das imagens 3D que permitirão à TV continuar ocupando um lugar de destaque em nossos lares.

Continuaremos assistimos TV, mas de outra forma, opinam agora os analistas.

No mercado americano, já existem inúmeras empresas que oferecem equipamentos para acessar a internet na televisão, o que permite assistir confortavelmente em uma tela grande aos conteúdos que a maioria das redes, como Netflix e Hulu, oferecem legalmente na rede.

Nesta mesma semana, o Google entrava no mundo da nova televisão com um projeto chamado Google TV.

Segundo fontes ligadas ao projeto citadas pelo jornal "The New York Times", o site de buscas se associou com a Sony e com o fabricante de chips informáticos Intel para levar a internet ao salão de nossa casa na nova geração de televisores e adaptadores.

Alguns dos atuais televisores permitem o acesso à internet, mas as opções de sites disponíveis são muito limitadas.

Segundo o "The New York Times", o Google pretende abrir sua plataforma, baseada no sistema operacional Android para celulares, a desenvolvedores de softwares de fora da empresa e fomentar a criação de aplicativos para essa nova forma de acessar a internet, algo ao que já fez com Android e o que a Apple fez com o iPhone.

Se cada vez mais gente acessar a internet através de seus televisores, o Google quer garantir que todos os seus serviços e páginas são acessíveis.

"O Google quer estar em todos os lugares onde há internet para lá colocar seus anúncios", afirma uma pessoa próxima ao projeto e citada pelo diário.

A plataforma, que não foi confirmada ainda por nenhuma das empresas participantes, se basearia nos chips Atom fabricados pela Intel e incluiria a colaboração da Logitech, uma empresa especializada na fabricação de controles remotos, alguns deles com teclado.

Mas, se não conseguirem que todos nós acabemos acessando Orkut, Facebook e Youtube nas telas de nossos televisores, os gigantes da indústria eletrônica têm outra importante carta na manga: o sucesso das imagens em 3D.

As televisões que transmitem imagens em três dimensões custam em torno de US$ 3 mil, requerem o uso de óculos especiais e ainda contam com poucos conteúdos em 3D. No entanto, os analistas preveem um grande sucesso para essa tecnologia. A Sony assegurou, inclusive, que metade dos televisores vendidos dentro de três anos serão 3D.

Todos os grandes fabricantes – Sony, Panasonic, Samsung, LG – já vendem aparelhos 3D no mercado ou planejam disponibilizá-los antes do meio do ano, para chegar a tempo da Copa do Mundo que, pela primeira vez na história, serão transmitidos também em três dimensões.

O êxito do 3D chegou ao mercado pelas mãos do cinema a partir de filmes como "Avatar" e "Era do Gelo 3", mas se espera que o leque de conteúdos para televisão nessa tecnologia abranja no futuro muitos outros gêneros e possa se ampliar também ao mundo dos videogames.

As televisões, portanto, devem transmitir programações em 3D em um futuro não muito distante, mas alguns analistas não descartam que a tecnologia possa ser prejudicial para a visão.

Martin Banks, professor de Oftalmologia da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA), publicou recentemente um estudo sobre o que ele denomina "fadiga do 3D", assegurando que, em muitas ocasiões, ver conteúdos em três dimensões pode provocar dores de cabeça, visão confusa e cansaço.

Segundo Banks, a tecnologia 3D viola as normas de percepção às quais nossos olhos e nosso cérebro estão acostumados e nos obriga a fixar nossa visão simultaneamente nas imagens do fundo e nas mais próximas, o que provoca fadiga visual.

No entanto, conscientes do problema, alguns cineastas realizaram seus filmes levando em conta esse efeito. É o caso de "Avatar", na qual em cada cena o diretor faz com que nossa visão se fixe em apenas um objeto, evitando a fadiga, assegura Banks.