Arquivo da tag: Exclusão digital

Internet é acessada por um quarto da população global, diz relatório

A internet é acessada por um em cada quatro habitantes atualmente, o que representa mais do que o dobro da base de internautas registrada em 2003, informa o relatório da União Internacional de Telecomunicações (ITU na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (25).

O objetivo do estudo, que consolida dados de 2009, é acompanhar o progresso para a criação de uma sociedade global de informação até 2015. O compromisso foi firmado entre governos de todo o mundo durante a Conferência Mundial sobre a Sociedade da Informação realizada em Genebra, em 2003, e em Tunes, em 2005.

O estudo divulgado durante a World Telecommunication Development Conference 2010 (WTDC-10), realizada esta semana na Índia, conclui que embora os países em desenvolvimento tenham progredido na criação de sociedades conectadas, ainda há muito trabalho a fazer para elevar o número de internautas.

As três principais recomendações da ITU para estes governo são assegurar que metade da população global tenha acesso em banda larga até 2015, criar uma sociedade incluída digitalmente e desenvolver conteúdos e aplicações online.

Embora mais de 25% da população global tenha acesso à rede, a TV ainda é predominante em 75% dos lares nos países em desenvolvimento. Já o índice de acesso residencial à internet é de apenas 12% nestas localidades.

Na avaliação da ITU, em locais onde o acesso residencial é baixo é particularmente importante que os países invistam em acesso público à rede, incluindo acesso em bibliotecas, museus, postos de correio e cibercafés. No Butão, por exemplo, 40% das localidades possuem acesso público à web, o que resulta de um trabalho iniciado em 2003 pelo governo do país. No México, 40% das 7 mil bibliotecas públicas oferecem conexão para seus visitantes enquanto Brasil possui 5.232 bibliotecas com acesso à rede.

O relatório destaca o progresso da telefonia celular. Atualmente 90% da população global está coberta por redes de telefonia móvel, sendo que a cobertura está disponível para mais da metade dos moradores de áreas rurais, destaca o relatório

O uso de dispositivos móveis na área de saúde (M-health) é outro ponto levantado no estudo. A análise destaca que mais de 75% dos países pesquisados apostaram na mobilidade para este setor. Entre os exemplos estão iniciativas como o envio de mensagens de texto para dar suporte no tratamento de pacientes com Aids na África do Sul.

Quando se trata de escolas com acesso à internet e alunos alfabetizados digitalmente, os resultados da pesquisa são diversos. Nos países em desenvolvimento há tanto escolas desconectadas como localidades que possuem 80% das instituições de ensino em rede, sendo 73% em banda larga, como é o caso da Jordânia. No Brasil, segundo a pesquisa, 56% das escolas estão conectadas à internet.

O estudo também aponta a carência de conteúdos online em outros idiomas além do inglês, que é compreendido por apenas 15% da população global. A ITU destaca que a diversificação de conteúdos na internet vem crescendo com base nos registros locais de endereços web de países. Os nomes de domínio mais solicitados entre 2005 a 2009 estavam ligados aos emergentes Índia (.in), Rússia (.ru) e China (.cn).

Menos de 2% dos pobres no Brasil têm acesso à internet

Com 52,2% das residências mais ricas conectadas à rede mundial de computadores, o Brasil é país da América Latina onde os ricos mais têm acesso à internet em casa, segundo pesquisa da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

No entanto, somente 1,7% das casas mais pobres do Brasil contam com esta forma de comunicação. Em relação à distância entre os que têm maior poder aquisitivo e os mais carentes, com disponibilidade de internet em casa, o Brasil está dentro da média regional, detectada pela pesquisa. Em segundo lugar na lista da Cepal, aparece o Chile, com 42% das residências mais ricas com acesso à internet e em seguida vem Uruguai com 38% e México com 36,8%.

Segundo a Cepal, em onze dos 14 países analisados, o acesso à internet na casa dos mais ricos é cerca de 30 vezes maior do que nos lares menos beneficiados da América Latina. Apesar desta desigualdade tecnológica, o Brasil também aparece entre os países nos quais os mais carentes, mesmo com o baixo índice, mais têm acesso a esta rede.

De acordo com a pesquisa, Chile, México e Brasil (nessa ordem) são os países onde os mais pobres mais têm acesso a esta rede. No Chile e no México, esta média é de 3%, mas em países como Bolívia e Paraguai a pesquisa mostra que as casas mais carentes não têm internet. E nos dois casos são poucos os que contam com este serviço em suas residências – 12% na Bolívia e 9% no Paraguai.

Acesso nas cidades

O levantamento, realizado em 2007 e divulgado agora, foi possível, como destacou o organismo num comunicado, graças ao novo Sistema de Informação Estatístico regional, criado pelo Observatório para a Sociedade da Informação da América Latina e Caribe (OSILAC), da Cepal. Este sistema permite processar, como informou a Cepal, dados sobre o uso e acesso às chamadas "Tecnologias da Informação e as Comunicações" (TIC) da região.

De acordo com assessores da Cepal, o levantamento regional sobre o acesso das residências à internet foi feito por institutos oficiais de pesquisas de cada país. A mesma pergunta foi feita em todos os países: se o habitante tem ou não internet em casa. "O (novo) sistema permite constatar brechas no acesso e uso de tecnologias, segundo fatores sócio-econômicos", diz a Cepal.

Além da pesquisa que revelou a distância do acesso à internet entre as casas dos que têm maior e menor poder aquistivo, a Cepal realizou levantamento sobre a disponibilidade de computador nas residências das áreas urbanas e rurais. Nesse caso, a brecha entre o acesso nas casas da região urbana e da região rural é, em média, de 17%.

No Brasil, 30,4% das casas nas áreas urbanas têm acesso à internet e apenas 4,9% têm esta disponibilidade nas áreas rurais. Os resultados destes levantamentos, segundo a Cepal, são "poderosas ferramentas" para a elaboração e avaliação de políticas públicas e estratégias ligadas ao TIC na região. De acordo com a Cepal, com o novo sistema será possível definir "variáveis sócio-econômicas" no próprio país e na região. Os itens, além do acesso ao computador desde casa, podem ser ainda sobre o acesso ao sistema bancário eletrônico, entre outros.

Relatório critica distribuição de tecnologia digital no Brasil

O Brasil tem uma estrutura de tecnologias de informação e comunicação (como telefonia e acesso à internet) boa, mas muito mal distribuída pelo território e entre a população do país, segundo relatório preparado pela Association for Progressive Communication (Associação para a Comunicação Progressiva) e pelo Instituto do Terceiro Mundo.

O estudo, intitulado Monitor da Sociedade Global de Informação (Global Information Society Watch), diz que o "abismo digital" – o acesso desigual à tecnologia, que deixa grande parte da população fora do mundo digital – é um problema comum aos países em desenvolvimento. 

Das 22 nações analisadas no relatório divulgado em Genebra, apenas a Espanha – que também é o único país rico da lista – tem a tecnologia distribuída de maneira equilibrada por toda a população e território.  

No caso do Brasil, o relatório diz que houve um efetivo aumento na infra-estrutura de comunicações desde a privatização do sistema Telebrás mas que o atendimento da população mais pobre continua muito limitado. O capítulo sobre o Brasil foi preparado pela ONG brasileira Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits). 

Privatização 

Embora reconheça que a privatização da telefonia ajudou na modernização do setor, o estudo diz que os ganhos tecnológicos não foram distribuídos de maneira equilibrada.“Apesar de a telefonia fixa ter sido efetivamente ampliada, os objetivos de prestação de serviço universal que estavam presentes nos contratos de concessão não foram atingidos”, diz o documento.  

No caso dos pontos de acesso à internet instalados pelo governo em escolas e centros comunitários, o estudo destaca que os equipamentos estão em 37% dos municípios brasileiros e em todos os Estados do país.“No entanto, a escolha de muitas das escolas para a instalação dos pontos de acesso acabou parcialmente prejudicada por questões políticas”. 

“Mais de 2,4 mil municípios (dos cerca de 5,5 mil que há no Brasil) estão sendo ignorados pelas empresas privadas de telefonia e de internet. Estas cidades têm apenas serviços de telefonia fixa (porque as telefônicas são obrigadas a fazê-lo), mas não têm telefonia celular e nem acesso à internet.” 

Infra-estrutura 

O relatório diz que o governo brasileiro tem que ser mais ativo na instalação de infra-estrutura em áreas mais isoladas e garantir o acesso à tecnologia de populações pobres nas áreas urbanas. 

Entre as sugestões estão “garantir pelo menos acesso compartilhado a computadores em áreas urbanas pobres” e “priorizar apoio efetivo a iniciativas de inclusão digital” nas áreas rurais. O relatório também diz que legislação tem que ser criada para impedir que a cartelização do setor de comunicações atrapalhe o desenvolvimento e “satisfaça apenas o mercado”.