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Internet é mais cara em países pobres que em ricos

Um cidadão de Manaus paga cerca de 1.600% a mais pelo uso da internet do que um morador da Europa ou dos Estados Unidos. Tal distorção é causada, entre outros fatores, pela hegemonia dos americanos na administração dos domínios (propriedade dos endereços dos sites). Essa foi a conclusão desta terça-feira de painel da 6ª Oficina para a Inclusão Digital, que ocorre em Salvador até o próximo dia 29. Segundo Carlos Seabra, diretor de Tecnologia e Projetos do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (Ipso), é necessário o engajamento da população para que o acesso à rede mundial seja democratizado.

— Quanto mais pobre o país, mais as pessoas pagam, e dentro do país também existem diferenças. A população que está sendo incluída digitalmente precisa entender o que se passa política e economicamente para termos uma cidadania participativa — afirmou.

Mediada por Seabra, a mesa contou com a presença de Carlos Afonso, representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Internet Brasil, e de José Alexandre Bicalho, representante da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A proposta foi fazer um balanço sobre os resultados do Fórum de Governança da Internet (IGF), que aconteceu em novembro, no Rio de Janeiro.

— As pessoas devem ter mais consciência do que está por trás da inclusão digital. Temos de entrar nas discussões de governança de forma pesada. Se um país como Ruanda quer se conectar à internet, tem que pagar um dinheirão, ao passo que a Austrália, quando vai se conectar, paga muito menos, porque eles têm um poder de negociação maior com os Estados Unidos — declarou Seabra.

No debate, também foram apresentados indicadores do uso da internet no Brasil. Para Seabra, a internet pelo celular pode se converter em uma maneira de ampliar o acesso à rede mundial de computadores. A neutralidade na transmissão de dados também foi foco das discussões. Seabra diz que há provedores de acesso, no Brasil, que reconhecem quando o usuário está no site do concorrente e, por isso, torna a conexão mais lenta para aquela página.

Brasil tem o menor índice de avanço da sociedade da informação na AL

O Brasil apresentou, mais uma vez, o menor Índice da Sociedade da Informação (ISI) na comparação com o México, Argentina, Colombia e Chile. O crescimento de 1,1% interanual foi inferior ao da média regional e o menor dos últimos 15 trimestres. Os dados referem-se ao primeiro trimestre deste ano do ISI, relatório elaborado pela everis, empresa de consultoria que oferece soluções de negócios e tecnologia da informação, e a IESE, escola espanhola de pós-graduação em administração de empresas.

O ISI analisa a penetração da sociedade da informação na Argentina, Chile, México e Colombia. Entre os itens medidos estão a quantidade de computadores e de celulares em funcionamento para cada mil habitantes, os gastos com TI em relação ao PIB, o desenvolvimento do comércio eletrônico e o acesso à internet. Avalia também o comportamento do ambiente externo nos cenários econômico, institucional e social.

No Brasil, o crescimento das tecnologias da informação e comunicações (TICs) perdeu força em relação ao mesmo período de 2006, ainda que tenha apresentado uma melhora significativa em algumas variáveis, como a existência de 2,2 unidades de servidores para cada mil pessoas, o que representa um aumento interanual de 9,3%, o mais alto em cinco anos.

Também foi registrado um crescimento no desenvolvimento das tecnologias da informação de 7,2% durante o primeiro trimestre, quando comparado com o ano anterior. Mas, entre os países analisados, o Brasil teveo menor número de celulares, contabilizando 538 terminais em funcionamento para cada mil habitantes, com um aumento interanual de 13,2%, o menos significativo nos últimos nove anos.

Segundo o ISI, o Brasil não deixará de apresentar o índice mais reduzido entre os países analisados nos próximos dois trimestres. As TICs, diz o relatório, podem prosperar, graças aos computadores e ao gasto com tecnologias da informação e comunicações. A previsão é de que o país tenha 163 computadores para cada mil habitantes, o que significaria um aumento interanual de 20,8%. Espera-se que o gasto total em TIC por habitante chegue a US$ 490, equivalente a uma alta de 27,3%. O estudo também aponta que haverá quedas na área econômica e institucional no terceiro trimestre, o que não seria neutralizado pelas melhoras nos setores sociais e de infra-estrutura.

No que se refere à América Latina, o ISI no primeiro trimestre de 4,42 pontos, o que representa uma valorização de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado, o menor registrado desde 2003. Nas TICs, o número de computadores atingiu 134 para cada mil habitantes, com aumento de 18,7%. Já oscelulares somam 595 terminais, com crescimento de 19,2%, enquanto a quantidade de pessoas com acesso à internet registrou 208 para cada mil habitantes (+29,6%).

O Chile foi novamente o país que apresentou o maior índice de desenvolvimento na sociedade da informação, alcançando 5,76 pontos, um aumento interanual de 3,3%. Em segundo lugar ficou a Argentina com 4,75 pontos e, em terceiro, o México, com 4,58 pontos.

As projeções da everis e o IESE para os próximos dois trimestres indicam que o ISI continuará em desaceleração, podendo atingir 4,45 pontos. Entretanto, as estimativas são de que as TICs manterão um crescimento significativo na pontuação média, de acordo com o número de computadores e de usuários de internet, estimado em 146 e 240, respectivamente, chegando a 2,99 pontos no terceiro trimestre.

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