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Ministro das Comunicações será sabatinado no programa “Roda Viva”, da TV Cultura

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, será entrevistado no "Roda Viva" na próxima segunda-feira (7). Com apresentação de Heródoto Barbeiro, o programa será transmitido ao vivo pela IPTV Cultura-, a partir das 18h30, e exibido pela TV Cultura, às 22h, sem qualquer corte ou edição.

A primeira Conferência Nacional de Comunicação será realizada entre os dias 14 e 17, em Brasília, e terá como responsável o ministro Hélio Costa. Nesse evento, milhares de delegados de todo o país, representando a sociedade civil e o poder público, irão propor ao governo federal as bases de um marco regulatório para o setor de comunicação no país.

Durante a entrevista ao "Roda Viva". o ministro deve falar sobre diversos assuntos ligados à sua pasta, incluindo aqueles que causam polêmica, como concessão de rádio e tevê, de acesso à internet de banda larga e de telefonia. Também devem ser abordados temas como política nacional de comunicação, quem pode ou não ser proprietário de uma emissora e quais as obrigações e os direitos que estão envolvidos.

A bancada de entrevistadores será formada por Nelson Hoineff (presidente do Instituto de Estudos de Televisão), André Mermelstein (editor das revistas Tela Viva e Teletime), Renato Cruz (repórter do jornal O Estado de S. Paulo) e Elvira Lobato (repórter especial da Folha de S.Paulo). 

Elvira Lobato desabafa: ‘Me senti profundamente agredida’

Em 35 anos de profissão, sendo 23 na Folha de S.Paulo, a repórter especial Elvira Lobato nunca tinha enfrentado, ou ouvido falar, de um massacre como esse a que vem sendo submetida pela ofensiva da dobradinha Record – Igreja Universal, depois que assinou a reportagem "Universal chega aos 30 anos com império empresarial".

Levantamento feito pela Associação Brasileira de Imprensa mostrou que ela tem razão. A enxurrada de processos em escala nacional da Igreja de Edir Macedo contra ela e o jornal é um ataque sem precedentes na história da imprensa brasileira. Elvira, que trabalha na sucursal carioca do jornal, esteve hoje em São Paulo (SP) para conversar com a direção da Folha e com os advogados. Antes de voltar para o Rio, ela recebeu IMPRENSA para a seguinte entrevista:

IMPRENSA – Se a enxurrada de processos foi uma surpresa, o que dizer da reportagem da Record do último domingo?
Elvira Lobato – Eu só a vi a matéria ontem. Respeito muito o trabalho do repórter. Ele (Afonso Mônaco) me ligou e eu fui delicada e respeitosa. Disse que não podia falar porque isso é uma coisa muito grande. Uma coisa é eu falar com você, que é de uma revista, outra é a TV, que fala com milhões de pessoas. Pedi que ele procurasse o departamento jurídico, porque aquilo seria outra escala. De qualquer forma, eu não imaginava que fosse sair aquela matéria que saiu (domingo, na Record). Aquilo foi uma cosia que me deixou completamente em estado de choque. Me senti profundamente agredida. Mostraram minha foto…isso me entristeceu muito. Eu não imaginava que o jornalista pudesse fazer uma coisa dessas. Jogaram as pessoas contra mim, mostraram minha cara. Qual o objetivo disso? Eu nunca desrespeitei os fiéis, nunca falei que o dinheiro deles é sujo. Sei que eles são trabalhadores limpos. Espero que eles, os fiéis, tenham serenidade. Não sou inimiga da Igreja. Meu trabalho é informar. Eu queria entender porque fizeram aquilo comigo. 

IMPRENSA – Foi uma surpresa ver o Paulo Henrique Amorim e o Afonso Mônaco apresentando a matéria?   
Elvira – Olha, isso é uma coisa mais emocional minha. Há momentos na vida de uma pessoa que ela faz coisas que não concorda. Pode ser por necessidade de dinheiro, para pagar o tratamento de um filho que está no hospital. Existem coisas que justificam…Enfim, o tom da matéria não está à altura daqueles profissionais. O que aconteceu? Eles é que têm que explicar. Se fizeram isso por uma questão de sobrevivência, durmam tranqüilos porque eu os perdôo. Mas se não for isso, não consigo perdoar. Colocar meu rosto daquela maneira… Quem trabalha em jornalismo sabe quem eu sou. Tenho 35 anos de trabalho como repórter.      

IMPRENSA – Como tem sido enfrentar essa avalanche de processos no Brasil inteiro? Você tem se deslocado para participar das audiências?
Elvira – A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) examinou os processos e disse que esse é um caso único, sem precedentes na história do jornalismo brasileiro. Eles entraram contra mim e contra a Folha em juizados especiais, também chamados de juizados de pequenas causas. Nesse tipo de instância eu, como pessoa física, tenho que estar presente. Isso seria inviável, porque, em alguns casos, tem duas audiências no mesmo dia em lugares completamente diferentes. A Folha se faz representar. Não é que o caso está correndo à revelia. Estamos cuidando de todos. O jornal nomeia um jornalista ou chefe da região que vai junto com os advogados. Isso exige uma logística inacreditável de advogado para cima e para baixo.