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“É um tapa na cara, de quão distante de um jornalismo independente e crítico a gente está”

Surpreende o fato de que um Estado árabe, monárquico, teocrático e ultra-conservador é o responsável pela maior experiência mundial de TV voltada para o interesse público. Estamos falando da Al Jazeera, emissora estatal do Qatar, um pequeno e rico país do Oriente Médio. E quem nos conta detalhes sobre este projeto raro de jornalismo sério e independente é a jornalista Bia Barbosa, que passou um mês na redação de um dos canais da emissora. Atualmente ela integra o Coletivo Intervozes e colabora com veículos da imprensa alternativa. Para exemplificar o enfrentamento da Al Jazeera à lógica dominante nos meios de comunicação, Bia lembrou que todo o conteúdo da rede é licenciado em creative commons, que dispensa qualquer título de propriedade sobre a informação.

De onde surgiu essa ideia de ter uma experiência na Al Jazeera e como você chegou até lá?

Eu sempre acompanhei a Al Jazeera, todos nós jornalistas da imprensa progressista e alternativa temos nela uma fonte de informação importante, e tive a felicidade da minha família morar em Doha por um ano. O meu pai está trabalhando num projeto para o governo do Qatar. Quando eu decidi que ia para lá no final do ano passar férias, achei que era uma possibilidade interessante de tentar uma experiência na Al Jazeera. Então entrei em contato com eles solicitando a possibilidade de fazer um estágio.

Meu objetivo não era fazer um trabalho remunerado e eles acharam interessante o meu currículo, e precisam sempre de gente lá. Eles têm vários canais e eu fiquei no canal de notícias em inglês. São 65 escritórios em países diferentes, mas a sede é em Doha, onde fica a maior parte da estrutura dos canais. O canal inglês é como se fosse uma CNN, uma BBC, um canal de notícias 24 horas. A Al Jazeera já existia no país mas virou uma televisão internacional durante a guerra do Iraque, e o canal inglês foi lançado em 2006.  Ele é voltado para o exterior, mas também passa na televisão aberta do Qatar em inglês. Até porque o Qatar é um país que tem 2/3 da sua população de estrangeiros.

Eles estão presentes em mais de 60 países com correspondentes?

O English Channel, como eles chamam, tem escritórios em 65 países e os dados oficiais falam em jornalistas em 60 países em todos os continentes, inclusive na América do Sul e África. Eles têm um correspondente no Brasil, chamado Gabriel Elizondo, que fica em São Paulo mas viaja por todo o Brasil, cobre muito o Congresso também. Eles têm alguns colaboradores freelancers também. Já o canal de notícias em árabe, também 24 horas, não tem correspondente no Brasil. Não me peçam para fazer uma avaliação desse canal porque eu não falo árabe (risos).

O que você fez nesses 30 dias por lá em janeiro? Trabalhou como qualquer outra jornalista?

Trabalhei como jornalista. O English Channel da Al Jazeera tem dois grandes departamentos:  o que a gente pode chamar de hard news e o de programas. Naquele são notícias que vão entrando 24 horas com um apresentador de estúdio, com notícias que se repetem ao longo da programação. Essa parte é gerada por 4 países ao longo das 24h, de acordo com o fuso horário: 12 horas são geradas da sede de Doha, no Qatar, e 4 horas de Kuala Lumpur (Malásia), 4 de Londres e 4 de Washington. Se eles quisessem poderiam manter um equipe 24h gerando isso de Doha, mas tem ai também uma questão de ter sedes em outros países e uma geração local desses centros de informação.

O outro departamento é de programas de meia hora, veiculados ao longo do dia. A grade de programação é dividida entre meia hora de programa e meia hora de jornalismo ao vivo. Inclusive o padrão de estúdio é muito parecido com esses grandes canais internacionais de jornalismo. Eu fiquei no departamento de programas, e senti que é onde a Al Jazeera mostra seu diferencial na cobertura jornalística, à exceção da cobertura dos países árabes, porque ali eles têm especialidade e muito mais equipes. Onde a Al Jazeera aprofunda os temas, é plural de forma mais explícita, faz um enfrentamento editorial nas pautas em que acha necessário, é nos programas jornalísticos.

Eu trabalhei para eles basicamente como auxiliar na elaboração de um programa de economia sobre mercados emergentes. Eles queriam falar do Brasil, da China e da Índia. E estavam começando a produzir um piloto desse programa que ainda não foi para o ar. Eu levantei informações e contribui um pouco para eles montarem esse programa de economia.

Você tem algum exemplo latente para demonstrar o diferencial editorial dos programas?

Na última semana em que estava lá, começou a ocupação da Praça Tahrir e os protestos contra Mubarak. Eles faziam esses programas de meia hora indo fundo na questão do Egito, muito além do que você conseguia dar no noticiário 24 horas. Nesses programas eles aprofundavam a história, as origens e consequências dos protestos, e entrevistavam pessoas. Programas de debate, é uma coisa que a gente só tem no Brasil na TV por assinatura para quem pode pagar, são muito comuns lá. Na grade de programação há programas de debate sobre literatura, sobre conjuntura, uma série de documentários de meia hora, programas sobre a Ásia, etc.  Não é que não haja diferença na cobertura do hard news, claro que há, mas é  nesses programas que eles conseguem mostrar um diferencial maior.

Saindo um pouco dessa questão jornalística, indo um pouco para a política, a Al Jazeera é uma TV estatal do governo do Qatar?

Ela é estatal porque é totalmente financiada pelo governo do Qatar, mas o ethos dela, se a gente pode falar assim, é público. Ela não tem mecanismos de participação popular, mas a programação não é de uma emissora estatal, é de uma emissora pública. Eu não consegui avaliar a cobertura do canal árabe, que é onde talvez a influência do governo se manifeste de forma mais explícita porque é o canal diretamente voltado para a população de lá. Mas no canal inglês eu não senti na cobertura que era feita e nem nos programas onde eu estava qualquer ingerência do Qatar. Não tem propaganda. Nesse mês que eu fiquei lá só vi uma matéria sobre o Qatar que falava de uma parceria do governo com os países árabes para a exploração de um poço de petróleo descoberto no Golfo Pérsico.

A rede também promove vários eventos públicos e debates sobre temas da conjuntura. Participei na última semana em que estava lá de um fórum sobre liberdade de expressão e jornalismo online. Eles estavam discutindo a conjuntura com blogueiros do mundo árabe, a partir da questão das redes sociais que tinha sido utilizadas nos protestos no Egito e na Tunísia; nos outros países ainda não tinha estourado as revoluções. E eles levaram blogueiros de todos os países pró e contra seus respectivos governos, e fizeram a transmissão ao vivo do evento no canal árabe por dois dias inteiros. E houve críticas ao governo do Qatar em relação a determinadas restrições da liberdade de imprensa no país em outros veículos, e os dois dias do evento foram transmitidos ao vivo sem nenhum tipo de corte.

A Al Jazeera compra um tipo de enfrentamento político com vários governos da região, com uma autoridade jornalística maior porque tem gente in loco e conhecimento maior do que CNN e BBC para cobrir essas questões. Em vários países as equipes da Al Jazeera já foram expulsas por denunciarem fatos e informações que desagradam politicamente os governos dos países árabes. A Al Jazeera é adorada pelo povo e muitas vezes detestada pelos governantes.

Essa linha editorial de enfrentamento a outros governos árabes é uma coisa da redação ou uma orientação política pelas relações que o governo do Qatar tem com outros países na região?

O pouco tempo que eu fiquei lá e o contato que tive com a direção da empresa não me permitem responder isso com certeza. A minha avaliação pessoal é que não. Acho que não é orientação do governo do Qatar, é jornalística. Inclusive porque não é um tipo de jornalismo meio factóide, é uma cobertura da realidade, do que está acontecendo. Então se o país está em greve, se os sindicatos estão nas ruas, se a população está protestando contra alguma coisa, se está morrendo gente nos hospitais, tem fatos ali que precisam ser mostrados e eu sinto que a Al Jazeera não se nega a mostrar isso independente de divergências políticas que ela vai ter com o governo desses países.

Se a gente for olhar, é claro que tem contradições no governo do Qatar. Por isso não posso dizer não há ingerência editorial. A Al Jazeera  é uma emissora muito crítica no seu jornalismo ao governo dos Estados Unidos, daí inclusive o espaço que ela ocupou internacionalmente, além de ter informações que grandes emissoras internacionais de notícias não têm. Mas se você for olhar, o governo do Qatar abriga uma base de soldados americanos no seu território, tem uma cidade no norte do Qatar que é base deles no Golfo, o que mostra que tem interesses de governo em manter algum tipo de aliança com o governo dos EUA. Mas se a gente for olhar a cobertura da Al Jazeera é quase como se fosse de um governo inimigo do governo dos Estados Unidos, porque ela é muito crítica.

A questão econômica e militar geralmente prevalece sobre a questão jornalística, ou seja, no caso da Venezuela eles metem o pau mas não param de vender petróleo para os EUA.

Mas isso também nos dá uma boa medida para a gente fazer uma avaliação sobre se há ingerência. A questão da liberdade jornalística atrai muito os jornalistas que vão trabalhar lá, e no English Channel a imensa maioria dos que trabalham na sede de Doha já passou por outros veículos, como CNN e BBC. Então o fato de ser uma cadeia gigante, porque a Al Jazeera não é só o jornalismo, o fato dela ser totalmente financiada pelo governo do Qatar não impede, não sei se contraditoriamente, que esses jornalistas trabalhem com mais liberdade do que a que eles têm dada pelo mercado.

E qual a abrangência da Al Jazeera?

Os números oficiais são de 220 milhões de casas recebendo o sinal da emissora em mais de 100 países. A rede Al Jazeera tem 3 mil funcionários, dos quais 400 jornalistas, nesses 65 países. A maior parte desses escritórios está no hemisfério sul. Eles têm uma opção de cobrir mais o sul mas cobrem muito bem o norte, tanto que geram conteúdo a partir de Washington e Londres. Esses funcionários fazem parte de uma rede que não atende somente ao English Channel ou ao canal árabe. Um passa o campeonato espanhol de futebol, o outro o brasileiro, outro inglês… Eu assisti jogo do Palmeiras lá. Os canais de esportes são promotores de eventos. Antes dos jogos da Copa da Ásia, que aconteceu em Doha,   havia shows de cantores árabes com banners da Al Jazeera no palco e gente distribuindo brinde da emissora pro povo. Então se você pensar em termos de marketing de televisão, a Al Jazeera é muito mais poderosa do que a nossa Globo aqui, por exemplo.

Tem muita gente do ocidente na produção da Al Jazeera, então o oriente acaba sendo visto pelo ponto de vista ocidental. Não rola uma disputa de linguagem?

O English Channel não se apresenta como um canal oriental, ele não afirma isso na sua linguagem. Eles se reivindicam uma emissora internacional de jornalismo. Eles falam que têm a maior expertise para cobrir a diversidade do mundo, é por isso que eles têm muitos correspondentes na Ásia, África e no mundo Árabe como um todo. Mas eles trabalham com jornalistas locais. Em Washington repórteres americanos que trabalham na Al Jazeera, que estão lá para ouvir a posição dos Estados Unidos.

 

Você teve contato com os jornalistas ou pessoas lá, a ponto de sentir como eles percebem a apresentação do Oriente pela mídia internacional?

Eu trabalhei diretamente com uma sulafricana e outra inglesa que tinha trabalhado na BBC, e muita gente de origem e família árabe. Mesmo que as pessoas sejam de outros países, se você tem algum tipo de vínculo com o mundo árabe isso te favorece de alguma forma no processo de seleção para trabalhar lá. O que eu senti é que eles têm um conhecimento muito maior que o das outras emissoras internacionais para falar da realidade do Oriente. E o que eles buscam fazer é justamente ouvir a população. É uma rede internacional mas com um olhar local, feita a partir do locus original.

Então tem muitos estrangeiros na redação?

No canal árabe são todos árabes, de vários países da região. Mas como eu não fiquei na redação, não sei dizer se a maioria era de qataris. Já entre os jornalistas a maioria era de estrangeiros. As pessoas do país eram assim mais a secretária, os funcionários. Tinha um jornalista de origem árabe que veio do Canadá, tinha gente da Palestina, do Iraque, gente muito boa. Conheci um cameraman que cobriu a gerra do Iraque. Ele até virou blogueiro, esteve na batalha de Falluja, em 2003, um dos massacres da Guerra do Iraque. A cidade ficou cercada e só tinha dois câmeras lá dentro, e ele foi um deles.

A Al Jazeera é só TV?

Não. A rede tem um site com produção própria, com várias matérias e uma seção de análise com uma equipe própria. Não há veículos impressos na Rede. Em relação ao rádio, não ouvi falar, mas como a rede é de “broadcast” (radiodifusão), é possível que tenham alguma emissora. Na internet você pode assistir ao vivo a programação do English Channel e do canal árabe. Eu perguntei por que o canal internacional não passava no Brasil, e eles responderam: é uma boa pergunta! Deu a entender que existe uma dificuldade em função da concentração das empresas que controlam a TV por assinatura no Brasil, mas ninguém me falou isso oficialmente. Mas a Al Jazeera faz uma campanha para ampliar seu alcance no mundo. Há uma campanha no site deles para você, se for cidadão americano, pedir a transmissão da Al Jazeera nos Estados Unidos, porque ela não passa em algumas cidades. Na América Latina só tem na Argentina.

Você falou que o povo gosta muito da Al Jazeera, o povo tem voz na emissora?

Não tem mecanismos diretos de participação popular, mas conversando com os jornalistas, eles contam que, em campo, sentem uma receptividade muito grande. Uma jornalista brasileira esteve na Jordânia, num Fórum de comunicação, e contou que todos os jornalistas que estavam lá falavam diziam que o povo árabe gosta muito da Al Jazeera, porque ela fala a verdade sobre os governos que as respectivas emissoras estatais não deixam vir à tona. Ela compra esse tipo de enfrentamento.

Quando eu estava lá, a Al Jazeera divulgou uma série de documentos que revelavam segredos da negociação da Autoridade Palestina com o governo de Israel. O caso foi chamado de “Palestina Papers”, um vazamento de documentos que mostravam que a Autoridade Palestina estava entregando o jogo para o governo de Israel. E a Al Jazeera tem um posicionamento institucional em defesa da causa palestina, eles cobrem sistematicamente, mostram todos os massacres feitos por Israel.

Qual é a desse governo do Qatar? Que país é esse politicamente falando?

O emir que dirige o Qatar é filho do emir anterior. Lá é uma monarquia, o país é um emirado. É um Estado islâmico, que tem na sua constituição a religião. E não há um questionamento da monarquia, já é fato que vai haver um herdeiro, tudo é a família real que decide. Não há congresso, não há representantes eleitos pelo povo, e o filho mais velho do emir vai ser o próximo emir. Tanto que nos grandes eventos, como quando o Qatar ganhou a Copa, a cidade ficou enfeitada de fotos do emir com o filho dele carregando a taça.

O emir tem mais de 20 filhos com três esposas, cada um deles é ministro de alguma coisa. Por que o pai desse emir saiu antes de morrer? Porque começou a haver um tipo de enfrentamento mais duro aos Estados Unidos pelo Qatar nos anos 90, de questionar posturas e falar publicamente contra, e havia suspeitas de corrupção e de desvio de recursos para fora do governo. Essas duas coisas se somaram e os Estados Unidos mandaram um recado: “você sai do governo ou a gente não vai mais considerar o Qatar um país parceiro”. E o atual emir se aliou com os Estados Unidos para derrubar o próprio pai em 1995. Então o atual chefe de Estado chega ao poder com um apoio considerável dos EUA, que, em função do recrudescimento da posição dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, vai diminuindo. Depois de 1995 houve a guerra do Kwait, do Iraque, a questão de Israel e Palestina se intensificou, então houve uma diminuição dessa parceria. Ainda mais agora com esses conflitos todos.

Por outro lado o Qatar tem seus interesses também, a ponto de fazer uma aliança com a Otan para tirar o Kadaf da Líbia, por exemplo. Então se você me perguntar se é um governo progressista, não é, mas  é um governo mais progressista que a sociedade. Tem várias questões de cultura islâmica muito arraigadas na sociedade que o governo tenta mudar e encontra uma resistência muito grande. A sociedade é mais conservadora que o governo. O maior problema do Qatar na minha avaliação, é a questão dos trabalhadores migrantes. Como o país não tem mão de obra e está crescendo, é o segundo maior exportador de gás do mundo, com a construção civil bombando, e os qataris se recusam a fazer o trabalho braçal, eles chamam gente de fora. Não tem trabalhador clandestino. Entra todo mundo com visto de trabalho, com moradia, com contrato definido, só que há uma exploração brutal desses trabalhadores. São pessoas de várias partes, mas a maioria de países árabes e do sudeste asiático.

Mas por outro lado o país não tem miséria?

Não tem miséria, não tem ninguém morando na rua, sem trabalho ou passando fome. Inclusive eles têm moradia, alimentação e transporte pagos pelas empresas, eles têm essas garantias. Só que é um trabalho quase escravo, porque se eles quiserem ir embora antes do contrato final de trabalho, por exemplo, a empresa retém o passaporte dos trabalhadores. O governo começou a consultar a população, abrir diálogos públicos, sobre a flexibilização da chamada “lei de patrocínio” a ida dessas pessoas para o país, e 80% da população qatari é contra mudar a lei. Porque, afinal, eles vão perder os seus escravos particulares.

O que você, como militante pela democratização da comunição, acha disso e o que podemos fazer aqui no Brasil?

O modelo da Al Jazeera é muito diferente. Ela nasce como uma empresa estatal e o fato de você ter o governo do Qatar botando dinheiro nisso para levar seu sinal para o mundo inteiro, inclusive com essa campanha de pedir para a Al Jazeera passar nos Estados Unidos, é algo muito diferente do que temos aqui. Por mais que a Telesur, por exemplo, tenha buscado a parceria dos outros governos para fazer esse tipo de enfrentamento ela não encontrou respostas no Brasil. A gente ainda está engatinhando em relação a isso, estamos lutando para conseguir ter uma televisão pública nacional de fato. Uma TV com participação popular e que reflita os anseios da população brasileira em termos do seu exercício do direito à comunicação. A Al Jazeera vai ser sempre uma inspiração para a gente, não para copiar um modelo, porque isso nunca vai acontecer aqui, de o Estado brasileiro colocar recursos desta ordem numa emissora, nem acho que esse deveria ser o caminho, mas uma inspiração pelo seu jornalismo.

Eu acho que assistir ao jornalismo que a Al Jazeera faz nessas 24 horas por dia é um tapa na cara, de quão distante de um jornalismo independente e crítico a gente está. E acho que é para a gente assistir e ver como é possível fazer um jornalismo diferente. Um jornalismo crítico e que provoque o telespectador a pensar, e isso inspira a gente a seguir lutando por transformações no Brasil.