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Participação pela Internet

Como um novo canal de diálogo entre Governo e cidadãos, a Rede Mundial de Computadores permite um novo exercício da cidadania. No Ministério da Cultura, a Internet vem possibilitando a comunicação interativa com o cidadão, além de abrir espaço para a cooperação e a expressão de atores sociais nas ações da instituição. "O cidadão deixa de ser apenas espectador e passa a ser participante ativo", afirma José Murilo Júnior, gerente de Informações Estratégicas do MinC.  

Na entrevista abaixo, José Murilo explica como os fóruns virtuais e debates online, em tempo real, fomentados pelo MinC têm assegurado a participação de cidadãos e adianta como serão organizadas as oficinas que antecedem o Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural – a ser realizado nos dias 27 a 29 de junho, pelo Ministério da Cultura e a Organização dos Estados Americanos (OEA). 

Os interessados nos temas já podem discutir os textos preparados pelos curadores das oficinas por meio do Fórum Virtual. Os leitores têm a possibilidade de fazer comentários e provocações em um blog, que será constantemente atualizado por um moderador. As oficinas vão mapear, ouvir e conectar especialistas e atores sociais para discutir os temas, induzir uma rede autônoma e contribuir para a preparação do Seminário. 

O MinC vem experimentando novas formas de promover, por meio da Internet, uma maior participação do público em suas ações. Como isso vem acontecendo? 
Murilo – Começou ainda em 2004, quando montamos a interface do 1º Concurso de Idéias Originais e Demos de Jogos Eletrônicos. A idéia do ministro Gilberto Gil foi promover a criação de games baseados em idéias originais de jovens brasileiros. Para isso, criamos uma interface que convidava os participantes a abrirem suas criações à colaboração de outros, fomentando um processo de facilitação para o surgimento de narrativas emergentes e propondo um exercício para utilização dos então recém-criados conceitos de licenciamento Creative Commons. Em 2005, o Seminário sobre Indústrias Criativas e o Programa Cultura e Pensamento incorporaram as idéias de utilização da Web para alargar o alcance dos debates em que reuniu pensadores da cultura em torno de temas contemporâneos. Em 2006, além da re-edição do Cultura e Pensamento, vários eventos como o Seminário sobre Mídia e sobre Capitalismo Cognitivo também estiveram disponíveis em transmissão ao vivo pela Internet. Na sequência, já em 2007, o Fórum de TVs Públicas foi contagiado pela utilização da Web como efetivo instrumento para o acompanhamento remoto e para o debate online em tempo real. 

Quais os resultados obtidos até agora? 
A Webcast, publicação de conteúdo em áudio e vídeo, e a disponibilização de fórum para abrigar os debates são válidas por propiciarem um eficiente modelo de documentação multimídia dos eventos, o que certamente vem multiplicando o efeito de tais reflexões na rede. O que viemos perceber agora com a realização do Fórum de TVs Públicas é a importância fundamental de se mobilizar efetivamente o público interessado no debate por meio da aglutinação abrangente de representações legítimas dos setores da sociedade pertinentes ao tema, e ao mesmo tempo facilitar a utilização das ferramentas de interatividade online por parte deste público.  O I Fórum Nacional de TVs Públicas foi a experiência mais recente de interatividade que o MinC realizou [entre os dias 8 e 11 de maio deste ano]. Foram oferecidos no site do ministério um espaço para a Participação Remota. Os internautas podiam criar blogs para publicar seus comentários, artigos e outras contribuições para o Fórum, ou então acompanhar os debates ao vivo pela Internet, sendo possível enviar perguntas para as mesas do evento. Outro serviço que foi disponibilizado foi o Fórum de Discussão, composto por "salas" relacionadas aos temas discutidos no evento. As participações via Internet multiplicam o grau de representatividade do evento, possibilitando aos agentes do processo de implementação da TV Pública conhecer e levar em conta o que os setores interessados esperam dela, cooperando então para a definição sobre a gestão, a programação e a fiscalização dessa TV, além de firmar o compromisso que ela deve ter com a sociedade. O resultado de toda discussão foi apresentado na Carta de Brasília, lida no encerramento do Fórum.  

Com a experiência adquirida, o que o MinC está propondo em termos de participação online para os próximos eventos? 
Para o Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural estamos propondo a realização de oficinas temáticas online, as quais estão tomando o formato de blogs a serem lançados antecedendo o evento presencial. A idéia é que tais oficinas – que contam com um curador especialista para orientar o debate, e um 'blogueiro' para pilotar o blog e facilitar a experiência de interatividade do público interessado – antecipem a mobilização dos atores pertinentes aos temas que serão debatidos no Seminário, tratando de aquecer o debate. A oficina do tema Cultura Digital está a 'pleno vapor'. As outras três oficinas são: Conhecimentos Tradicionais; Economia da Cultura; e Propriedade Intelectual. Acreditamos que os 'oficineiros', incluídos aí todos os que se sentiram de alguma forma atraídos pelo tema e se engajaram no debate na rede, passam a ter um papel fundamental na oxigenação do evento presencial. Trata-se de uma variação do formato de 'desconferência' (unconference), que parte da premissa de que na audiência podem – e devem – existir pessoas mais interessantes para a qualidade do debate do que a suposta autoridade do conferencista. O sucesso de tal iniciativa pode transformar o evento presencial em mera etapa de um processo que ganha então impulso próprio. Mas isso é apenas o nosso desejo. No momento, resta-nos trabalhar pelo sucesso do projeto. 

De que forma esta estratégia se relaciona com o conceito de Cultura Digital, difundido pelo MinC? 
Murilo – O ministro Gil costuma falar desse novo contexto, no qual a convergência tecnológica torna-se fato cultural, onde capacitar e instrumentalizar a sociedade para o uso das tecnologias digitais livres é fundamental para a realização plena da cidadania. Os Pontos de Cultura vêm cumprindo esse objetivo ao propor modelos efetivos de apropriação comunitária de conteúdos e dispositivos digitais, ao mesmo tempo em que promove a autonomia dos criadores e a auto-gestão política de seus processos. Mas a Cultura Digital é também a possibilidade de se eliminar a exclusão ao acesso público à informação, à tecnologia, e à possibilidade de livre expressão. Estamos falando de uma verdadeira revolução. O debate sobre estas novas realidades deve ter lugar no ambiente governamental, e também na sociedade. A Cultura Digital prospera na construção destas inúmeras novas interconexões. Temos trabalhado no desenvolvimento de procedimentos e aplicações que possam constituir ferramentas efetivas de alargamento do alcance e de facilitação do livre fluxo da comunicação neste debate, no qual todos nós somos potenciais interlocutores. Nisto estamos trabalhando.

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