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Um balanço do encontro dos blogueiros progressistas

O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu (PR) nos dias 27, 28 e 29 de outubro, superou as expectativas mais otimistas. Entre os aspectos positivos, vale destacar a representatividade do evento, a rica troca de experiências, a aprovação de uma pauta que garante a unidade na diversidade deste movimento embrionário e a definição dos seus próximos passos.

Prova do potencial das chamadas novas mídias, em menos de quatro meses de preparação foi possível reunir 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes no Cine Barrageiro, em Itaipu (254 provenientes da região de Foz de Iguaçu e 214 vindos de outras partes do Brasil e do mundo). O evento contou com a participação de 23 países e 17 estados brasileiros (veja abaixo).

Rico intercâmbio de experiências

O encontro cumpriu o seu principal objetivo: o de promover o intercâmbio de experiências sobre o ativismo digital, que joga um papel cada vez mais ativo e protagonista na luta política e de idéias no mundo – seja nas revoltas do mundo árabe, na chamada “revolução dos indignados” na Espanha, no Ocupe Wall Street nos EUA ou como contraponto à mídia hegemônica no Brasil.

Os dois debates mais gerais e os quatro painéis de experiências mostraram a diversidade e pluralidade existentes neste espaço. As polêmicas se fizeram presentes nas próprias exposições, que contaram com a contribuição de renomados estudiosos e ativistas de várias partes do planeta. As 22 intervenções evidenciaram os limites, os avanços e as potencialidades das novas mídias.

Bandeiras pela democratização da mídia

Na plenária final foi possível aprovar um documento – a Carta de Foz – que apresenta as principais bandeiras de luta deste jovem movimento. Num esforço para construir a unidade, preservando-se a rica diversidade, o texto defende a liberdade de expressão e a luta pela democratização da comunicação, a oposição aos monopólios midiáticos que castram as vozes da sociedade, a luta pelo acesso universal à banda larga, entre outros pontos estratégicos na atualidade.

Por fim, o evento de Foz não representou um ponto final nesta construção, mas uma vírgula. Com o apoio institucional da Itaipu Binacional, ficou decidido que o encontro mundial será anual – inclusive fazendo parte do calendário oficial de eventos de Foz do Iguaçu. O próximo já está agendado para novembro de 2012.

Os próximos passos

A iniciativa de reunir os ativistas digitais também deixou de ser apenas brasileira. Foi formada uma comissão internacional para difundir o movimento em outros países e para organizar o próximo encontro, composta por:

– Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé;
– Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom);
– Gilmar Piolla (Itaipu);
– Esmael Morais;
– Osvaldo Leon (Alai);
– Iroel Sánchez (Cuba);
– Damian Loreti/Martin Granovsky (Argentina);
– Andrés Conteris/Jillian York (EUA);
– Ignácio Ramonet/Pascual Serrano (Europa);
– Ahmed Bahgat (Egito).

Além do segundo encontro mundial em novembro, também ficou agendado um encontro latino-americano para julho próximo, em Lima, proposto pela Secretaria de Comunicação do governo do Peru. Antes, em maio, ocorrerá o III BlogProg, em Salvador (BA). Ou seja: a agenda dos ativistas digitais está carregada e exigirá muita garra, espírito construtivo e unidade na diversidade.

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Países presentes em Foz do Iguaçu

1- Brasil
2- Argentina
3- Paraguai
4- Equador
5- Venezuela
6- Uruguai
7- Peru
8- Colômbia
9- Bolívia
10- México
11- Guatemala
12- Honduras
13- Cuba
14- Estados Unidos
15- Canadá
16- França
17- Espanha
18- Islândia
19- Egito
20- Arábia Saudita
21- Paquistão
22- Japão
23- Islândia

Estados brasileiros

1- Rio Grande do Sul
2- Santa Catarina
3- Paraná
4- São Paulo
5- Rio de Janeiro
6- Minas Gerais
7- Goiás
8- Distrito Federal
9- Mato Grosso
10- Bahia
11- Ceará
12- Maranhão
13- Pernambuco
14- Rio Grande do Norte
15- Pará
16- Acre
17- Amazonas

Pela imediata privatização da revista Veja

Numa conversa descontraída no aeroporto de Brasília, o irreverente Sérgio Amadeu, professor da Faculdade Cásper Libero e uma das maiores autoridades brasileiras em internet, deu uma idéia brilhante. Propôs o início imediato de uma campanha nacional pela privatização da Veja. Afinal, a poderosa Editora Abril, que publica a revista semanal preferida das elites colonizadas, sempre pregou a redução do papel do Estado, mas vive surrupiando os cofres públicos. “Se não fossem os subsídios e a publicidade oficial, as revistas da Abril iriam à falência”, prognosticou Serginho.

As “generosidades” do governo Lula

Pesquisas recentes confirmam a sua tese. Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo, descobriu no Portal da Transparência que “nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação repassou ao grupo Abril a quantia de R$ 719.630.139,55 para compra de livros didáticos. Foi o maior repasse de recursos públicos destinados a livros didáticos dentre todos os grupos editoriais do país… Nenhum outro recebeu, nesse período, tanto dinheiro do MEC. Desde 2004, o grupo da Veja ficou com mais de um quinto dos recursos (22,45%) do MEC para compra de livros didáticos”.

Indignado, Carlos Lopes criticou. “O MEC, infelizmente, está adotando uma política de fornecer dinheiro público para que o Civita sustente seu panfleto – a revista Veja”. Realmente, é um baita absurdo que o governo Lula ajude a “alimentar cobras”, financiando o Grupo Abril com compras milionárias de publicações questionáveis, isenção fiscal em papel e publicidade oficial. Não há o que justifique tamanha bondade com inimigos tão ferrenhos da democracia e da ética jornalística. Ou é muita ingenuidade, ou muito pragmatismo, ou muita tibieza. Ou as três “virtudes” juntas.

A relação promiscua com os tucanos

Já da parte de governos demos-tucanos, o apoio à famíglia Civita é perfeitamente compreensível. Afinal, a Editora Abril é hoje o principal quartel-general da oposição golpista no país e a revista Veja é o mais atuante e corrosivo partido da direita brasileira. Não é de se estranhar suas relações promiscuas com o presidenciável José Serra e outros expoentes do PSDB-DEM. Recentemente, o Ministério Público Estadual acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

A compra de 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do “barão da mídia” Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao grupo direitista. José Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do “Guia do Estudante”, outra publicação da Abril. Como observa do deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.

O mensalão da mídia golpista

Segundo o blog NaMariaNews, que monitora a deterioração da educação em São Paulo, o rombo nos cofres públicos pode ser ainda maior. Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico “mensalão” pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras, como Globo e Folha. Os dados são impressionantes e reforçam a sugestão de Sérgio Amadeu da deflagração imediata da campanha pela “privatização” da revista Veja. Chega de sugar os cofres públicos! Reproduzo abaixo algumas mamatas do Grupo Civita:

– DO de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual de ensino. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara “inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola.

– DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

– DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

– DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

– DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

– DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

– DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

– DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

– DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

– DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.

Para não parecer perseguição à asquerosa revista Veja, cito alguns dados do blog sobre a compra de outras publicações. O Diário Oficial de 12 de maio passado informa que o governo José Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a “ditabranda” viu desabar sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60. Depois estes veículos criticam o “mensalão” no parlamento.