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Qual a banda larga que precisamos (ou precisaremos)?

Vejamos o que tem acontecido recentemente no mercado brasileiro em termos de oferta de alta velocidade em Banda Larga (BL), a saber

   1. Net

A Net lançou no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, uma oferta de acesso à internet banda larga com velocidade de até 60 Mbps e franquia de 200 Gb/mês de tráfego de dados. O serviço foi batizado de "5G" (um certo exagero de marketing aqui!). Esta oferta é baseada na tecnologia DOCSIS 3.0, que é a Geração de Alta Velocidade da tecnologia de cabo.

   2. Telefônica

Em fevereiro de 2009, a Telefônica anunciou a disponibilidade do serviço Xtreme em 25 bairros de São Paulo. Em parceria com a TVA, o pacote oferece conexão à internet de até 30 Mbps, TV a cabo com "locadora virtual" (compra de filmes on demand), canais abertos e fechados em alta definição, recursos de interatividade e voz sem limite em ligações locais (fixo-fixo) na rede da operadora. Parece que o mercado tem achado caro o serviço da Telefônica (ver Referências do Google). A Telefônica está utilizando a tecnologia FTTH de fibra ótica.

   3. GVT

A GVT está arrebentando – e talvez tirando o sono do pessoal da Oi – em termos de BL com a sua oferta de 10 Mbps a R$ 59,90 numa região aonde a Oi oferta (ou ofertava) 1 Mbps a R$ 159,90. A GVT já descontinuou as ofertas de BL abaixo de 1Mbps. Imaginem vocês se a GVT entra com uma oferta semelhante a esta nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Com certeza será uma grande dor de cabeça para a Oi e a Telefônica respectivamente. Tenham certeza!

E aqui colocamos a pergunta central desta matéria: Qual a BL que precisamos (ou precisaremos)? Eu sou da opinião que quanto maior capacidade de BL que qualquer Provedor de Serviços ofertar a preços competitivos, o mercado – em mais ou menos tempo – irá consumir. Ponto!

Vint Cerf – o Evangelista Chefe de Internet do Google – diz que as restrições de capacidade de Internet são apenas desculpas das telcos para espremer os clientes. Sugestão de Cerf: focar na velocidade e não na utilização. Ele diz que faz mais sentido para os consumidores pagar pela máxima taxa de transmissão. Cerf pensa que várias telcos foram surpreendidas pela explosão da Internet e esta é a razão por que elas estão correndo muito para reagirem. No Brasil ainda existe uma certa cultura de que o consumidor não precisa de alta velocidade no seu acesso de Internet. Uma pena, né?

Um executivo da maior telco americana AT&T – Jim Cicconi – disse recentemente que a “explosão do conteúdo online é o centro das mais dramáticas mudanças afetando a Internet atualmente”. Ele alegou que “uma nova onda sem precedentes de tráfego de banda larga” aumentará em 50 vezes o tráfego da Internet por volta de 2015. Ele adicionou que uma maior demanda por vídeo de alta definição (HD video) provocará uma necessidade de um grande aumento na infra-estrutura de Internet. Ele disse também que “oito horas de vídeo é carregada a cada minuto no YouTube. Qualquer vídeo se tornará de alta definição muito em breve e o vídeo de alta definição consome 10 vezes mais banda larga que os vídeos típicos atualmente. O vídeo será 80% do tráfego da Internet por volta de 2010, a partir dos 30% de tráfego atuais”.

Um recente estudo do analista de indústria IDC estima que em 2011 o universo digital será 10 vezes maior o que era em 2006, com o crescimento mais rápido de TV Digital, câmeras de supervisão, acesso a Internet em países emergentes, aplicações baseadas em sensores, datacenters suportando a “cloud computing” e as redes de social networking.

Bret Swanson e George Gilder têm sua própria previsão para 2015: “Do YouTube, IPTV, e as imagens de alta definição para as câmeras digitais e para os jogos 3D, os mundos digitais, e a telepresença foto-realística, uma nova onda está caminhando para um exafluxo da tráfego IP. Um exabyte é 10 elevado a 18 de um byte. Eles estimam que por volta de 2015, o tráfego IP nos EUA alcançará um total anual de 1 zettabyte (10 elevado a 21 de 1 byte).

As nações líderes da Ásia e Europa têm reconhecido, há algum tempo, que a alta capacidade das suas redes de banda larga será um fator crítico dos seus sucessos no futuro. Como resultado desta percepção, estes países têm decidido desenvolver redes de alta velocidade o mais rápido possível (ver National Broadband Strategy, The Baller Nerbst Law Group). A tecnologia de fibra ótica FTTH já estava disponível para 80% das residências do Japão em 2008 e eespera-se que ela alcance 90% das residências por volta de 2010. Além do mais, a forte competição no Japão tem tornado comum a oferta de 1 Gbps e é esperado que ela aumente para 10 Gbps em 2010.

A Coréia do Sul está bem próxima do Japão em termos de cobertura e velocidade de banda larga. A China resolveu trocar todos os seus projetos de ADSL para a tecnologia FTTH. Hong Kong já oferta a conectividade de 1 Gbps atualmente e a Cingapura terá esta conectividade em metade do país por volta de 2012 e a na totalidade do país em 2015. Taiwan está evoluindo para 100 Mbps. Similarmente, na Europa, Suécia, Noruega, Holanda, França, Itália, Eslovênia, e outros países deste continente estão perseguindo rapidamente velocidades de pelo menos 100 Mbps.

A velocidade de banda larga é fundamental para evolução das aplicações na Internet. Por exemplo, velocidades entre 10 a 100 Mbps já suportam a Telemedicina e a Telespresença de alta qualidade e, velocidades entre 100 Mbps e 1 Gbps possibilitam a Telemedicina de alta definição.

Muitos estudos recentes mostram por que a banda larga é necessária para a utilização de aplicações individuais. A necessidade que os consumidores terão de utilizarem diversas destas aplicações simultaneamente, vão demandar um aumento real da oferta de banda larga e, nesta situação, os provedores de serviços não se omitirão pois estarão aumentando a sua receita.

Em termos de tecnologia de alta velocidade como vimos acima não teremos problemas pois as telcos já podem apostar na utilização da tecnologia FTTH e os provedores a cabo podem apostar no seu DOCSIS 3.0. Um ponto importante neste processo: seria muito oportuno o Governo brasileiro estabelecer uma Política Nacional de Banda Larga onde estimulasse o desenvolvimento e a oferta de aplicações (p. ex., e-Learning e Telemedicina, para citar apenas duas) que promovessem a evolução da banda larga no nosso País!

Eduardo Prado é consultor.