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Comunidades indígenas usam cinema para resgatar cultura e tradições

Olinda (PE) – Um ritual indígena de reconquista faz parte do filme que explica por que o pequi tem cheiro forte, segundo a lenda Kuikuro, povo do Alto Xingu. A trama do curta-metragem Imbé Gikegü – Cheiro de Pequi tem traição, assassinato e romance. Tudo com muito humor, já que o cheiro viria do sexo da mulher. Esse foi um dos vídeos apresentados hoje (29) aos participantes da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas, em Olinda (PE).

O curta levou um ano para ficar pronto e foi produzido por participantes de uma oficina da organização não-governamental (ONG) Vídeo nas Aldeias para o projeto Documenta Kuikuro, em que a tecnologia é utilizada para manter a cultura. A festa do pequi foi escolhida porque ocorreu simultaneamente ao curso, que ocorreu em setembro.

Segundo um dos diretores do filme, Maricá Kuikuro, a idéia do projeto de documentação é guardar as tradições para as próximas gerações, mas sob o olhar dos próprios índios. “A preocupação do cacique era perder tudo isso”, disse. O projeto Documenta Kuikuro é coordenado pelos índios e pelos antropólogos Carlos Fausto e Bruna Franchetto do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Uma das lideranças Kuikuro, o velho Jakalo, disse a iniciativa é importante para os indígenas não correrem o risco de “esquecer a cultura”, como outros povos que não lembram mais da língua e das festas nativas. “Outro dia, perguntei a um índio se ele falava a língua dele? E ele respondeu que não, tinha esquecido”, recorda. Aí eu fiquei triste”.

A documentarista Mari Corrêa, dirigente da ONG Vídeo nas Aldeias, avalia que o projeto tem duas dimensões: a documentação e a dinamização da cultura. “A oficina gera uma dinâmica no momento, não no futuro. Com as filmagens, entrevistas e depoimentos, esse assunto da tradição, da transmissão do saber, vem à tona e todos começam a se interessar”, explicou. O projeto também é realizado com outros 15 povos.

Antes da exibição do vídeo Kuikuro, o presidente do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, Marcos Terena, disse que os filmes produzidos pelos índios os retiram do “papel de zé-mane”, em referência às telenovelas: “Apesar de sermos cerca de 500 mil em uma população de 179 milhões de brasileiros não queremos ser os ‘mudos’ da história”.

Rádios públicas querem acabar com imagem de ‘chapa branca’

A oportunidade para as rádios públicas se desvincularem da imagem de veículos de comunicação “chapa branca” está na ampliação da discussão sobre o papel dessas emissoras. A avaliação é do diretor da Associação de Televisões e Rádios Legislativas (Astral), Diógenes Dantas, que participou hoje (22) do 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas, no Rio de Janeiro. 

O fórum vai debater um novo modelo de gestão para transformar as rádios públicas em veículos mais independentes e com foco nos interesses do cidadão. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Dantas disse que as rádios devem prestar serviços ao público sem se preocupar "com quem está no poder". Assim, acrescentou, elas escapam de uma gestão estatal e caminham para um modelo de gestão pública. “Precisamos discutir um novo marco legal e formas de financiamento para que possamos ter recursos para contratar profissionais de qualidade. Queremos fazer rádio e televisão pública com qualidade”.

A competitividade com os veículos comerciais de comunicação também será um dos temas abordados no fórum.  “As rádios e TVs comerciais têm os espaços delas. Na verdade, buscamos ampliar o espaço dos veículos públicos de comunicação. Concorrência resulta em melhoria na qualidade dos serviços. Quanto mais concorrência, melhor".

O 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas é coordenado pela secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O debate começou ontem (21), no Rio, e segue até amanhã (23).

MEC cria laboratórios de informática em 9 mil escolas públicas urbanas

Brasília – Estudantes brasileiros serão beneficiados com a implantação, no início do próximo ano, de laboratórios de informáticas, em 9 mil escolas públicas urbanas que ainda não estão equipadas. A Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação escolheu, por pregão eletrônico, a empresa que vai instalar os telecentros.

De acordo com o MEC, cada laboratório será composto por dez microcomputadores, com estabilizador de tensão, uma impressora a laser e um roteador (equipamento que compartilha uma conexão entre os computadores, possibilitando comunicação via intranet e internet ).

Dados do MEC mostram que, desde o início de 2007, o ProInfo expandiu o atendimento de 1,8 mil para 5,3 mil municípios, ampliando de cerca de 6,5 mil para 13 mil escolas equipadas com laboratórios de informática.

Estima-se que até 2010, cerca de 80 mil escolas da quinta à oitava séries que ainda não dispõem de laboratórios de informática devem estar equipadas. A programação prevê a inclusão no ProInfo de 20 mil escolas apenas em 2008.

Minc e MJ vão viabilizar pontos de cultura em periferias, diz Gil

Rio de Janeiro – Nos próximos dois anos, o Brasil deverá ter cerca de 300 pontos de cultura nas chamadas "áreas de risco social", como periferias e favelas. Esses centros culturais, viabilizados por meio de convênios entre o Ministério da Cultura e a sociedade civil, passarão a ser implementados em parceria com o Ministério da Justiça. 

As informações são do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que participou hoje (13) do programa Bom Dia Ministro, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. "As favelas estão entre os territórios mais afetados por essa questão do risco social. E o Ministério da Justiça, justamente por causa dos desdobramentos em relação à violência e à necessidade da presença do Estado nesses territórios, é um dos mais interessados em associar suas ações a programas de cultura", disse Gil.

Segundo ele, os recursos virão dos R$ 4,7 bilhões previstos para o programa Mais Cultura. Lançado em outubro, a ação tem como meta ampliar os pontos de cultura.

De acordo com o ministro, o dinheiro do programa também vai permitir a criação de "agentes da cultura". "Eles vão trabalhar nos mesmos moldes dos agentes de saúde: são pessoas treinadas para articular os programas do ministério com a população, as cidades, bairros e associações", explicou. "Essas pessoas serão escolhidas através de critérios de seleção pública e, provavelmente, junto às próprias comunidades".

Mais de 2 mil cidades aderiram ao Sistema Nacional de Cultura, diz ministro

Brasília – O ministro da Cultura, Gilberto Gil, informou hoje (13) que mais de 2 mil cidades assinaram o protocolo de intenções do Sistema Nacional de Cultura (SNC), cujo objetivo principal é articular as ações da área nos estados e municípios. “Estamos estimulando a criação dos fundos municipais e dos conselhos municipais de cultura, e esse aparato vai facilitar a intermediação com Ministério da Cultura”, disse, em entrevista a emissoras de rádio parceiras da Radiobrás.

Gil lembrou que, além do SNC, os recursos para a área podem ser pleiteados por meio das leis estaduais de incentivo e pela Lei Rouanet. Ao explicar o funcionamento do Programa Mais Cultura, que prevê investimentos de R$ 4,7 bilhões até 2010, o ministro disse que todas as regiões do país terão oportunidades de demandar o atendimento aos seus projetos.

“Espero que todas as áreas que precisam sejam atendidas, em todos os estados”, disse, ressaltando que há recursos limitados no orçamento. Questionado sobre o tráfico de influência para liberação de recursos da Lei de Incentivo à Cultura, detectado em Brasília pela Polícia Federal, Gil garantiu que não tem conhecimento de que isso ocorra em outros locais do país.

“Se tivéssemos conhecimentos de desvios de conduta em outros lugares, teríamos feito como fizemos em Brasília, entregando o caso à instância de controle do governo federal”.