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Minc incentivará produção independente para o rádio, diz secretário

Rio de Janeiro – O Ministério da Cultura vai incentivar a criação de conteúdos independentes para o rádio, a partir do próximo ano. A informação foi divulgada hoje (21) pelo secretário-executivo Juca Ferreira, na abertura do 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas.

“O ministério terá uma política sistemática de relacionamento com as rádios públicas e comunitárias. O rádio é um suporte estratégico para a cultura do Brasil”, disse. Ferreira adiantou que em 2008 serão lançados editais de concorrência específicos para a produção de conteúdos radiofônicos, semelhantes aos do programa DocTV, que seleciona e apóia documentários para a televisão.

O secretário-executivo do Ministério da Cultura também ressaltou que a digitalização traz novas possibilidades de comunicação, tanto para a televisão quanto para o rádio: “Isso modifica todo o ambiente de produção cultural, que pode ter um fortalecimento enorme com as novas tecnologias”.

Segundo Juca Ferreira, o papel do ministério no processo é o de motivar a produção de conteúdos que serão veiculados pelas rádios públicas e comunitárias. “Essas tecnologias abrem espaço para conteúdos e, se nós não tivermos capacidade de produzir, importaremos 'enlatados' de toda parte do mundo, pois a multiplicação de canais é enorme”, alertou.

No encontro, o presidente da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub), Orlando Guilhon, também defendeu o investimento em conteúdo como uma necessidade do novo cenário que será criado a partir da convergência dos meios de comunicação, com a fusão de televisão, rádio e internet em um mesmo equipamento.

“O rádio digital trará a possibilidade de diversificar e segmentar as programações e o público. E isso coloca sobre os nossos ombros uma responsabilidade muito grande, porque nós vamos ter que ser capazes de produzir mais e melhor, em mais quantidade e melhor qualidade, até para podermos ser competitivos com aquilo que as rádios comerciais oferecem”, disse Guilhon, que também é diretor geral da Rádio MEC.

O presidente da Radiobrás, José Roberto Garcez, lembrou no encontro que o aumento da produção independente para o rádio é uma tendência que se desenha para os próximos anos. “A tecnologia digital vem possibilitando, com custos menores, que mais áreas da sociedade possam produzir o seu conteúdo. E o que cabe a nós é abrir espaços para que outros produtores de conteúdo tenham janelas para mostrar sua produção”, disse.

O 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas discute até sexta-feira (23) os desafios das rádios públicas diante das novas tendências tecnológicas. Ottoni Fernandes Júnior, representante da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que coordena o encontro, ressaltou que o objetivo é colher subsídios a fim de definir uma política do governo federal para rádios públicas. “Vamos precisar construir uma institucionalidade nova para as rádios comunitárias e públicas. Não é só manter as rádios que o governo já tem, mas encontrar uma maneira de integrar esses esforços em uma rede maior, com o objetivo de fornecer informação e educação de qualidade para a população brasileira”, disse o secretário-executivo.

Participam do encontro representantes de rádios públicas de outros países, como a inglesa BBC e a Rádio França Internacional (RFI). A programação do encontro pode ser obtida no endereço eletrônico www.radiospublicas.org.br.

Rádios públicas devem oferecer programação diferenciada

A programação oferecida por uma rádio pública deve ser diferente da grade dos veículos privados. A avaliação é do presidente da Associação de Rádios Públicas do Brasil (Arpub), Orlando Guilhon.

“Se uma rádio pública oferecer o mesmo que uma rádio privada, ela teria que fechar. Elas têm que oferecer uma informação de qualidade mais aprofundada, oferecer a diversidade cultural do nosso povo, enfim tem que fazer aquilo que a área privada não ousa fazer”, avaliou Guilhon que participa do 1º Fórum Nacional de Rádios Públicas.

Coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), o evento tem o intuito de compreender melhor os desafios das rádios públicas brasileiras. A programação do fórum teve início hoje (21) e segue até a próxima sexta-feira (23), no Rio de Janeiro.

Para Guilhon, o momento é extremamente propício para o debate já que o tema está na agenda política do país. “A questão da migração do sistema analógico para o sistema digital, tanto para as rádios como para as televisões, e a criação da nova Empresa Brasil de Comunicação (EBC) mostram que o governo está fazendo a parte deles.”

O fórum também vai contar com a participação de rádios públicas de outros países, como a BBC, da Inglaterra, e a Rádio França Internacional (RFI). Segundo Guilhon, a troca de experiências é importante porque pode ajudar o Brasil a elaborar novas políticas e a ampliar a atuação das rádios.

O evento ainda vai discutir formas de manter a programação das rádios públicas de maneira diversificada e diferenciada. Segundo o presidente da Arpub, existem rádios públicas em todo o território brasileiro. A meta é fazer com que a comunicação pública se torne mais competitiva e mais independente. “Ela [a comunicação pública] precisa ter mais inserção, mais gestão pública, mais democracia e portanto mais transparência e controle público.”