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Procurador vai apurar exposição de Maísa no SBT

O Procurador Regional dos Direitos do Cidadão em exercício, Pedro Antonio de Oliveira Machado, instaurou um inquérito civil público na última quarta-feira (20) para verificar se as condições a que foi exposta Maisa Silva, de seis anos, no "Programa Silvio Santos", não observaram o direito à liberdade e o respeito à dignidade do ser humano em desenvolvimento, garantidos pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Nas duas últimas edições da atração, exibidas nos dias 10 e 17 de maio, Maisa passou por situações de "pranto convulsivo e aparente estado de desespero, enquanto o apresentador e animador de auditório Senor Abravanel aparentava extrema tranquilidade e alegria com o desenrolar dos fatos", afirmou Machado em ofício enviado ao SBT.

No dia 10, Maisa foi trancada em uma mala e se assustou. Depois, entrou em aparente desespero com a exibição de um menino mascarado. No último domingo, a criança ficou nervosa ao ser provocada pelo apresentador, desesperou-se e chorou ao bater a cabeça em uma câmera, explica a Assessoria de Comunicação Procuradoria da República no Estado de S. Paulo.

O inquérito do Ministério Público Federal vai apurar também quais as medidas legais cabíveis que podem ser adotadas em relação ao desrespeito de princípios constitucionais e legais sobre a produção de programas de rádio e televisão quanto à exploração indevida de imagem e violação de direitos da criança.

A investigação terá ainda a função de apurar quais as medidas cabíveis para preservar e proteger a menina Maisa contra atos de exploração de sua força de trabalho e as condições de suas atividades e saúde física e psicológica.

Em ofício encaminhado ao SBT, o MPF requisitou, para instrução da investigação, cópia em DVD ou VCD dos programas Silvio Santos dos dias 10 e 17 de maio. O órgão pediu também a cópia do contrato firmado entre a menina Maísa e/ou seus pais, com a emissora, para participação ou trabalho no programa. Além disso, Machado requereu também uma manifestação da emissora sobre os fatos ocorridos no programa em, no máximo, cinco dias.

O procurador determinou que a abertura da investigação pelo MPF seja comunicada à Promotoria de Justiça de Infância e Juventude do Ministério Público do Estado de São Paulo para que os promotores também adotem as medidas pertinentes, quanto ao que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente sobre "submeter criança a vexame ou a constrangimento" e descumprimento dos deveres dos pais na proteção da criança, previstos nos artigos 129, 232 e 249, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Procurada pela reportagem do Portal IMPRENSA, a assessoria de imprensa do SBT informa que o canal não irá se manifestar sobre o assunto.

Governo fará pesquisa para medir impacto da TV em crianças

O governo federal vai fazer pesquisas para medir o impacto da TV na vida de crianças e adolescentes e incentivará a criação de uma agência 'voltada para a análise crítica da mídia'.

Nesta semana, o Ministério da Justiça lança edital para a contratação de um instituto que realizará uma pesquisa que entrevistará, ainda neste ano, 2.200 pais e 2.200 crianças e adolescentes de todo o país. O estudo custará R$ 350 mil.

Dos pais, a pesquisa quer saber o que eles acham das cenas de sexo, violência e drogas e que reações percebem no comportamento dos filhos. Das crianças, quer descobrir como elas recebem esse conteúdo e arrancar dados como o herói do momento, quantas horas elas assistem à TV e se brincam enquanto vêem programas.

Numa segunda etapa, em 2008, o ministério fará pesquisas com grupos, para identificar o impacto da TV nas crianças e adolescentes. Numa terceira fase, será estudada a influência da TV a médio prazo. 'Queremos saber o que acontece com uma criança após dez anos de exposição à TV', diz José Eduardo Romão, diretor do departamento de classificação indicativa do ministério.

A idéia é repetir essas pesquisas anualmente e criar uma política pública de 'análise crítica da mídia'. O ministério já articula com Unesco e universidades parceria para a criação de uma ONG que se encarregue desse monitoramento.