Jornalista goiano é assassinado em Pernambuco

O jornalista goiano Lucas Fortuna, 28, foi encontrado morto com marcas de espancamento, afogamento e perfuração no domingo (18/11) pela manhã na praia de Gaibú, no município de Cabo de Santo Agostinho (PE). O jovem, militante do movimento LGBT, estava em Pernambuco exercendo uma de suas paixões, a arbitragem de campeonatos de vôlei, a serviço da Federação Goiana de Voleibol. Amigos, familiares e companheiros de militância vêem sinais de homofobia no crime.

Lucas era conhecido por sua militância ativa e, segundo Elaine Gonzaga, sua amiga e companheira de luta no grupo LGBT Colcha de Retalhos, sempre se empenhou para que a bandeira pela democratização da comunicação fosse incluída na pauta do movimento como fundamental. Quando estudante da graduação Lucas foi importante também para que a discussão da diversidade sexual fosse levantada nos fóruns do movimento estudantil. A Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos), da qual foi um dos coordenadores em 2005 e 2006, lançou nota de pesar citando-o como “um dos jovens que sonhava com um mundo melhor e mais justo, onde todos e todas tivessem o direito de amar; independente de sua cor, crença, sexo ou posição social”

A extrema violência do crime sofrido, assim como as condições em que foi encontrado o corpo (semi-nu) e com a carteira de identidade rasgada sugerem um caso de homofobia. Mesmo que haja suspeitas de que tenha sido vítima de roubo, não está descartado para seus companheiros o fato de que Lucas foi alvo de ódio preconceituoso. “O fato de ser um latrocínio não apaga o fato de ser um crime de ódio”, afirma Elaine. Estes são crimes geralmente não noticiados e contabilizados como casos de preconceito, mas são claramente diferenciados do latrocínio “comum” pois ocorrem “sempre com requintes de crueldade”, ressalta. O PT, partido ao qual era filiado, também lançou nota exigindo apuração dos fatos , declarando que "as agressões físicas verificadas no corpo de Lucas caracterizam-se pelos requintes de crueldade típicos dos crimes motivados por homofobia".

Lucas Fortuna participou ainda, durante a graduação em jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG), de projeto de extensão de rádio junto ao grupo indígena dos Guarani Kaiowá, e organizou diversas paradas gays na capital goiana. Uma de suas principais lutas recentes estava ligada à aprovação do PL 122, que pune atos de homofobia e que tem na bancada evangélica liderada pelo também goiano Deputado João Campos (PSDB) um dos seus principais obstáculos.

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