Cachoeira, o empresário da comunicação

Os documentos da Operação Monte Carlo, da Policia Federal (PF), revelam que o bicheiro negociava verbas publicitárias, inclusive oriundas de órgãos públicos, para veículos de comunicação. No dia 2 de março de 2011, às 15:58, Cachoeira é flagrado em conversa telefônica com o ex-presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso. De acordo com a PF, Cachoeria “fala sobre pagamentos a jornais e fala sobre jornal que foi contra Marconi [Perillo, governador de Goiás] (50 da Televisão local de Anápolis e 50 do jornal).”

Matéria do jornal O Globo indica que Cachoeira discutiu com Cardoso a partilha da verba publicitária do Detran, no valor total de R$ 1,6 milhão, e cobrou a fatura pelo apoio à eleição do governador. "Quem lutou e pôs o Marconi lá fomos nós", diz Cachoeira.

No dia 6 de julho, às 14:29, Cachoeira conversou com o então diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, sobre o pagamento de mídia através de carros. Dois pro João e um para Anápolis”, diz o documento.

A televisão a que se refere Cachoeira é o Canal 5 de Anápolis, terra natal do bicheiro. A TV foi contratada para transmitir as sessões da Câmara Municipal. De acordo com o jornal O Anápolis, a concessão do Canal 5 pertence a WCR Produção e Comunicação Ltda. que tem Carlos Antônio Nogueira, o Butina, como sócio majoritário, com 98 % das quotas.

Butina aparece em diversas conversas na investigação da PF que o aponta como “um possível laranja” de Cachoeira. Em 26 de abril, às 14:46, “Carlinhos orienta Botina sobre o que publicar na capa do jornal no dia seguinte“. No dia 29, às 10:47, “Botina pede orientação sobre reportagem no jornal relacionado a problemas entre Fernandinho e a Prefeitura de Anápolis”. No dia 8 de julho, às 11:21, Butina avisa ao bicheiro que “tem uma empresa que quer anunciar, colocar um jornalista pra fazer um trabalho e tal, tal, tal“ e diz que “se for uma proposta decente, aí eu converso com você”.

Segundo O Anápolis, a WCR passou a publicar o Jornal Estado de Goiás a partir de fevereiro de 2009, depois que Cachoeira adquiriu 50% da empresa. Ainda segundo o jornal goiano, além do Canal 5 e do jornal Estado de Goiás, Cachoeira também controlaria a agência de publicidade Maquinária e a TV comunitária do Canal 14. Todas estas empresas funcionam em um mesmo prédio da cidade de Anápolis, na Avenida JK, 2343, também de propriedade de Cachoeira.

Os documentos da Monte Cartlo informam que no dia 4 de julho, às 15:20, “Carlinhos confirma ao Senador Ataides que é dono do Jornal O Estado de Goiás“. Durante a conversa, Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), que é primeiro-suplente do senador João Ribeiro (PR-TO) e chegou a assumir o mandato por meses, pediu a Cachoeira “acesso ao seu jornal que hoje é tão bem lido“ .

Outros negócios

Pagamentos ao jornal Opção também são citados por Cachoeira em algumas ligações interceptadas pela Monte Carlo. Em uma delas, em 8 de fevereiro de 2012, às 17:58, Geovani, tido pela PF como tesoureiro do esquema, informa ao bicheiro que já era o sexto pagamento feito ao jornal apenas naquele mês.

Em 12 de agosto de 2011, às 14:54, o tesoureiro de Cachoeira é flagrado conversando sobre o pagamento de R$ 15 mil ao jornal Diário da Manhã.

No dia 2 de maio de 2011, às 18:10, Cachoeira conversa com o Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran, sobre a”quisição de jornal”.

No dia 5 do mesmo mês, ele informa a Cardoso que “conseguiu fazer o negócio do jornal naquele valor“. Entretanto, não fica claro a que veículo eles se referem.

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