Por desconfiança, Argentina cria concorrente do Ibope

Paira um clima de tensão na relação midiática entre Brasil e Argentina. O país vizinho anunciou que prepara um concorrente estatal para o sistema de medição de audiência dos programas de TV. A nova empresa, a ser criada entre maio e junho de 2011, vai rivalizar diretamente com o brasileiro Ibope, que também domina o setor por lá. As informações são do jornal O Globo.

Quem confirmou a novidade foi o diretor da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual da Argentina (Afsca), Gabriel Mariotto. Segundo ele, a ideia do Governo é evitar o monopólio no sistema, tendo em vista que "todos duvidamos do Ibope e que sua medição é manipuladora". “Não podemos permitir que o monopólio de uma empresa privada brasileira se imponha em toda a América Latina", completou Mariotto. (Por aqui, a Record também já desconfiou do ibope. Relembre a polêmica).

Veja como funciona o Ibope:

O diretor argentino acredita que um novo player no mercado trará mais equilíbrio na divisão financeira e distribuição de publicidade. Segundo O Globo, após a aprovação da Lei de Serviços Audiovisuais, o governo recebeu mais de 15 mil pedidos de organizações sociais a fim de obter licenças para lançar novos meios de comunicação.

Essa mesma lei de mídia, aprovada recentemente pela presidente Cristina Kirchner, tem causado dor de cabeça, além de afetar o bolso brasileiro. Segundo estimativa da Apro (associação de produtoras), publicada por Maria Cristina Frias, na Folha de S.Paulo, a nova norma vai causar perda de faturamento de R$ 450 milhões por ano para o Brasil.

A Argentina adotou medida nacionalista para os critérios de mídia. Restringiu em sua TV a veiculação de vídeos filmados em outros países. Segundo informa a Folha, com a nova lei, passam a ter avais apenas comerciais gravados lá e com pelo menos 60% de atores argentinos no elenco. Isso prejudica agências e produtoras brasileiras. "O cliente vai preferir concentrar a produção lá. Em menos de um mês, alguns anunciantes já abandonaram trabalhos no Brasil", afirma Sônia Piassa, diretora-executiva da Apro, ao jornal.

"É ruim isso ocorrer justo agora que o consumo está crescendo aqui e deveria atrair a atenção de clientes internacionais", completa Luiz Lara, presidente da Abap – Associação Brasileira das Agências de Publicidade.

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