Greve retoma discussão sobre qualidade em curso de jornalismo

A qualidade do ensino do jornalismo foi pautado essa semana pelos estudantes e professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que estão em greve desde segunda feira (18). Na quinta-feira, entre as atividades de greve, aconteceu uma aula pública sobre a reforma do currículo de Jornalismo, tema que está ligado à consulta pública sobre as novas diretrizes do MEC que aconteceu no dia 8.

 

O principal motivo da paralisação foi devido a não implementação da Agência de Jornalismo Online, laboratório de produção e difusão de notícias destinada aos alunos do curso, que deveria existir pelo menos desde 2008, quando foi aprovada a reforma do curso feita por professores e alunos conjuntamente.

 

Em carta à imprensa , os estudantes afirmam que a medida foi tomada “como forma de protesto e luta por uma educação de qualidade, digna, crítica, emancipatória, na contramão das medidas que vêm sendo tomadas pela Reitoria e Fundação São Paulo, reflexo da conjuntura da educação em todo o país”.

 

Outra reivindicação é a criação da Faculdade de Jornalismo, o que significaria a separação desse curso da Faficla – Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes. Com isso, objetivam mais investimento e facilidades políticas, o que levaria ao fim do sucateamento, grande flagelo dos cursos de comunicação tradicionais de São Paulo. Nas diretrizes curriculares do MEC é indicada a separação do jornalismo da comunicação, porém a Enecos e muitos alunos e professores da PUC são contra essas diretrizes.

 

A separação do jornalismo da Faficla vai num sentido diferente da separação indicada pelo MEC. A convivência com os outros departamentos é difícil, inclusive politicamente, com resistência à alteração do currículo de jornalismo. “Se dependesse do departamento de jornalismo apenas, não teria essa questão. Só gerencial e político. Currículo do curso vai continuar tendo questão teórica crítica emancipatória forte. O problema é se vir junto com a formulação do MEC”, opina uma estudante do quarto ano. Para a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, entidade da qual os alunos da PUC fazem parte pelo seu centro acadêmico, as diretrizes, se implementadas, tendem a tecnicizar o curso, e ser menos crítico e emancipatório. Além de discordarem do jeito que foi criado: por uma cúpula a portas fechadas sem diálogo com os estudantes.

 

Para o professor Salvador Faro, que ministrou a aula pública na quinta-feira, as diretrizes fariam o curso perder densidade teórica e ganhar densidade instrumental, o que “é a pior coisa que poderia acontecer com jornalismo”.

 

O professor acredita que dá para ter curso de jornalismo autônomo sem a presença “diluidora” da comunicação social, mas há de se tomar cuidado para não acabar no operacional, onde não é preciso refletir sobre a prática. A comissão do MEC indica que de teoria tenha apenas a do jornalismo.

 

A separação específica no caso do jornalismo não é desejada pelos outros cursos da Faficla, pois em especial, o jornalismo é um dos cursos mais lucrativos da PUC. “Aqui na PUC temos uma condição específica. Tem disputa de poder, polarização política entre quem dirige a faculdade, Faflica, departamento de jornalismo… uma série de coisas facilitaria se nos transformássemos em faculdade de jornalismo. Ao mesmo tempo jornalismo está em um processo de desmembramento de comunicação social”.

 

Na segunda-feira terão reunião com a Fundação São Paulo, órgão que dirige a PUC, e será o enfrentamento mais difícil feito até aqui. Às 19h do mesmo dia, em assembleia geral, decidirão os rumos a seguir.

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